Alexandre Mota
Começo por definir em termos
latos aquilo que entendo por direita para efeitos deste texto. É de direita
todo o cidadão que entende que o motor da economia é a iniciativa privada. Por sua
vez, é de esquerda todo o cidadão que entende que cabe ao estado (à política)
mandar na economia. Nestes termos, o PSD, o CDS, a IL e o Chega são de direita.
Ora, estes partidos vão ser representados por 86 ou 87 deputados.
Não são basicamente os mesmos
resultados de há quatro anos, conforme disse Rui Rio; nem sequer é rigoroso
comparar com as autárquicas onde lhe dá jeito a comparação, isto é, em
concelhos como Lisboa e Porto onde fenómenos distintos afundaram o PSD nas
últimas eleições. Em suma, a direita perde, embora se salve do desastre que
seria ficar com menos de 1/3 dos deputados na AR.
Dentro da direita as coisas
mudaram.
O PSD mantém-se claramente
como partido liderante, mas não há dúvidas que repetiu grosso modo os maus
resultados de Ferreira Leite (2009) e Santana (2005). Há quem diga que o
reforço de liderança da direita por parte do PSD prova que é ao centro que a
coisa se resolve. Não contesto que o eleitorado do centro é fundamental para
ganhar uma eleição, mas isso não quer dizer que o partido não reafirme os
valores de direita que estão na sua matriz e que, sobretudo, são partilhados
pela esmagadora maioria do seu eleitorado atual e potencial. Este equívoco
estratégico, que persiste em Rui Rio, transformá-lo-á apenas num “PS com dê” e
não num partido federador do centro e da direita.
O CDS afundou, prejudicado
pelo voto útil em Rui Rio e pela emergência de novos partidos como a IL e
Chega. Cristas demitiu-se, obviamente.
A IL teve um desempenho
fantástico. Uma análise mais fina por concelho e freguesia permite ver votações
muito interessantes para um estreante e promissoras para o futuro eleitoral.
Para já, parece-me ser um partido fundamentalmente urbano, em contraste com o
Chega que me parece ser sociologicamente suburbano.
Ao contrário de Lisboa, no
Porto a IL foi prejudicada pelo prestígio de Rio (o PSD ganhou no concelho do
Porto – e até me pareceu que Rio está a comentar isso e não o total nacional),
facto que também afundou o CDS (elegeu só um deputado) e não permitiu eleger o grande
responsável por este resultado, o Carlos Guimarães Pinto.
Por último, queria deixar uma
saudação especial à Madame Marques, que fez parte do espontâneo movimento
liberal dos blogues e redes sociais que pavimentou o caminho para o surgimento
de um partido como a IL, mas que, devido a problemas de saúde mental, não pode
saborear devidamente esta vitória. Ficam aqui (e ficam bem) um grande beijinho
e desejos de melhoras.
Título e Texto: Alexandre
Mota, Blasfémias,
7-10-2019
Relacionados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-