Faltam poucos meses para o
exército dar um golpe de estado na Grécia. As crescentes manifestações e
combates nas ruas serão o pretexto para suspender a democracia e impor o
estado-de-sítio. De novo na triste história moderna grega, o caos conduz à
ditadura.
Naturalmente os parceiros
europeus condenarão fortemente o golpe e exigirão a normalidade das
instituições. Em resposta, os coronéis pedirão a saída da Grécia da moeda única
e da União Europeia. Após dias de incerteza, os líderes europeus ver-se-ão
forçados a clarificar a situação e aceitar o pedido.
Alguns jornais levantarão a
possibilidade de a União estar feliz com a circunstância, que a livra de um
parceiro incómodo sem alterar as preciosas regras comunitárias. Qualquer membro
pode sempre pedir para sair do clube. Haverá mesmo quem especule que o ataque
dos coronéis teve apoio secreto alemão, precisamente para criar este processo.
Entretanto Portugal, Irlanda,
Espanha e Itália estarão na primeira linha da condenação do golpe, proclamando
a sua indefectível adesão aos princípios europeus. Sublinharão com alarde as
enormes diferenças entre os seus casos e a tragédia grega. Após semanas de
instabilidade, os mercados acreditarão e as coisas normalizam.
A saída da Europa será mesmo
uma tragédia para a Grécia. Com mercados fechados e sem crédito, a austeridade
será súbita e brutal, como a repressão do novo regime. Passarão sete anos de
miséria até que a democracia seja restaurada. Então o país apresentará uma nova
candidatura de adesão à União Europeia.
João César das Neves, Destak, 06-07-2011
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Foto: AFP |
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