Valmir Fonseca Azevedo Pereira
Nos EUA, a máfia durante
décadas simbolizou o cúmulo da bandidagem. A ferro e a fogo os gângsteres
atuavam em todas as áreas da ilicitude, inclusive, nos seus primórdios de
crime, “vendiam proteção”.
Donos de biroscas e botequins
que não pagavam a proteção levavam
uma sova e os malfeitores depredavam
o seu estabelecimento. Depois, só pagando.
Com o passar do tempo a máfia
expandiu -se. Havia os capos
setoriais e o capo supremo, para quem
eles enviavam parte do butim.
Cena do filme "The Godfather" (O Poderoso
Chefão ou O Padrinho). Foto: Divulgação
|
Abençoados com tanta riqueza,
para lavar o dinheiro facilmente arrebanhado, passaram a explorar negócios de
honesta fachada, onde podiam ganhar algum
de forma lícita, e também escamotear os ganhos ilícitos.
Para não serem perturbados, molhavam a mão de muita gente.
Policiais, Delegados, funcionários de órgãos repressores e fiscalizadores,
todos eram aquinhoados com abonadas esmolas. Idem juízes, advogados e tantos
quantos pudessem tornar tranqüila a vida dos mafiosos.
No Brasil, por ser um País
visceralmente avesso aos EUA, a brava gente brasileira resolveu inverter os papéis.
A nossa máfia, não achaca pequenos comerciantes, ela paga
regiamente, pois ela deu prioridade
aos crimes do colarinho branco em detrimento dos tradicionais crimes de
extorsão. Lembrem - se do MENSALÃO.
Assim, como lá, a coisa nossa
(Cosa Nostra) não é acossada pelos
órgãos repressivos ou fiscalizadores, aqui eles já estão cooptados ou são
partícipes na partilha. Fazem parte da grande famiglia, são “tutti cumpanheiros”, que seguem um rígido
código de conduta: “Não sei de nada, não
vi, não...”. Já vimos este filme.
Aqui, como lá, temos um grande
capo e pequenos capos que dominam feudos.
Temos 38 (?) feudos e um capo geral (Casa Civil?).
O que fazer? Bom, como os
encarregados de qualquer repressão e fiscalização (Ministério Público? Receita
Federal? Polícia Federal?) são omissos ou coniventes, nada poderá ser feito.
A nossa esperança repousa num
resto de jornalismo responsável e investigativo, que por vezes, descobre coisas
do arco-da-velha, e surpresa, sem ter o aparato, mesmo o legal previsto em lei
inerente aos órgãos policiais.
Sem lenço e sem documento, os
seus repórteres chafurdam os criminosos e seus crimes contra o patrimônio
público, contra a população, os desvios dos recursos do Tesouro Nacional,
destampam panelas e descobrem um mundo de podridão.
Como já disse um ex-
presidente, “é uma imprensa que merece
ser controlada, pois é contra o nosso governo, contra o povo”.
Graças a eles, ou
lamentavelmente (muita gente não gosta de saber) já foram destampadas duas
panelas ou latrinas, a da Casa Civil e, recentemente, a do Ministério dos
Transportes.
Faltam 37.
Oxalá, aqueles periódicos
tenham fôlego e estomago para adentrarem e perscrutarem outros feudos e mini
feudos, como o dos Correios e Telégrafos, por exemplo, sem esquecer o da
Infraero, o do...
Alguns outros feudos poderiam
ser vasculhados, como o do INCRA, o da FUNAI, da Petrobras, entre outros. As
perspectivas são extremamente promissoras.
Cremos que a Presidente, após
as averiguações das reportagens investigativas seria obrigada a fazer uma limpa
tão grande, que o seu numeroso séquito de cumpanheiros
seria reduzido à meia – dúzia de gatos-pingados, se tanto.
Antes que o País naufrague num
mar de lama, apelamos para que elas escolham qualquer feudo dos tantos citados,
não precisam escolher muito, por sorteio mesmo, e sigam em frente.
Se for para achar corrupção,
corruptos e corruptores, maracutaias, licitações fajutas, negociatas, propinas,
qualquer um serve. Nenhum escapará incólume de uma boa investigação. Portanto,
não se acanhem, deixem esta Nação estarrecida diante dos descomunais valores
que lhes são surrupiados diariamente.
Aproveitem. Por enquanto,
apenas as obras da Copa estão livres de controle. Logo, por precaução mafiosa,
a medida deverá ser estendida, como nos sindicatos, para todos os feudos.
Depois, nem com Bula Papal.
E a mídia investigativa que se
cuide, não perde por esperar.
Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca
Azevedo Pereira, Brasília, DF, 22 de julho de 2011
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