Escrevi na primeira edição da
revista Pais e Filhos, há vinte anos, que um filho nos mudava para sempre. A
partir desse momento nada ficava igual, nem a nossa maneira de ver o mundo,
nem, infelizmente, as nossas noites de sono! Vinte anos depois desse texto,
percebi que ser avó também nos marca de tal forma que há, de facto, um Antes e
um Depois do nosso primeiro neto, para o qual surpreendentemente a nossa
experiência como mães ou pais não conta tanto como se poderia imaginar. Porque
o que está, agora, em jogo não é como sermos bons pais, mas aprender a que
distância nos devemos colocar destes bebés que o instinto, nos incita a
tomarmos como nossos. Aprender a mantermo-nos num lugar de retaguarda, que só
avança para a linha da frente quando os pais nos pedem que o faça, e durante o
tempo em que somos precisos. Aprender a estarmos próximos, sem nos tornarmos
indispensáveis, a mantermos os nossos projectos pessoais e profissionais, sem
nos tornamos exces-sivamente dependentes, demasiado carentes, quase viciados
naquele bebé, ou bebés. Neste ano em que entrei para o ‘clube’ das avós,
percebi que é muito fácil tornar-se escravo dos filhos no serviço aos netos,
cobrando depois este apoio a torto e a direito, quase sem se dar por isso, num
enredar de chantagens emocionais que tornam a vida de todos num inferno.
Muito antes de mim, já a
escritora Alice Vieira, por quem tenho a maior admiração, tinha descoberto tudo
isto. «O mais difícil para os avós é perceberem que os netos não são seus
filhos», diz sempre, e o seu O livro da Avó Alice! é de leitura obrigatória.
Como sabe bem ler A razão dos Avós, do psiquiatra Daniel Sampaio, que nos deixa
seguros de que temos um papel fundamental na vida dos nossos netos. Para as
bancas também vai, hoje mesmo, um Especial Avós, com a marca da Pais e Filhos.
De certa forma um neto também...
Isabel Stilwell, Destak, 25-07-2011
Do site postais.net |
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