Imagem: Cândido Cunha, Língua Ferina |
Muita gente me pergunta por
que diante de tantos descalabros oficiais – desde o início da era Lula, e agora
no governo Dilma, com a corrupção sugando as entranhas do País – a sociedade
como um todo não se manifesta. Não há mobilizações ou protestos e tudo segue
como se houvesse um estado de normalidade e não um assalto aos cofres públicos,
de forma desavergonhada. As respostas não agradam aos partidários dos governos
Lula/Dilma, que se defendem alegando que corrupção sempre houve, mas que agora
os fatos vêm à tona, e que o País melhorou etc e tal. Devemos então, por eles,
nos conformar com o mal – e não buscar soluções que evitem que isso aconteça.
E, verdade seja dita, para
quem acompanha a vida nacional há quarenta anos, desde os tempos do regime
militar fechado, nunca o abuso e a impunidade foram tão escancarados.
A grande verdade é que o PT e
seus aliados, acolitados na máquina pública, compraram o silêncio da sociedade,
com a distribuição farta e generosa de verbas públicas, de modo a transformar
os antigos apoiadores de manifestações oposicionistas, hoje no governo, em
silentes consentidores da forma de ação praticada no exercício do poder – até
como forma também de perpetuá-lo.
Antigos companheiros do PT em
movimentos que repercutiam nas ruas a sua oposição ao então governo, hoje estão
quietos nos cantos, contando a verba pública recebida, que financia os seus
projetos pessoais, políticos, grupais, de dominação e manutenção do domínio que
exercem sobre a sociedade. A mídia em geral nunca recebeu tanta verba de
propaganda oficial. Desapareceu o clamor, pela imprensa, contra o que de errado
existe. Alguns veículos tradicionais ou de linha definida, que não dependem da
verba pública, resistem – tentando mostrar o tamanho do rombo que se pratica no
erário. Mas fica tudo por isso mesmo, pela falta de uma repercussão que
mobilize a sociedade.
Movimentos estudantis, ONGs,
entidades, veículos de comunicação, partidos, a sociedade como um todo, enfim
(claro que com exceções), está anestesiada pela verba pública derramada como
favores de amigos, sem nenhum constrangimento, enriquecendo companheiros
desonrados e políticos desonestos.
Uma sugestão: já que ainda
deve existir muita gente de bem, honesta, nesses organismos citados, inclusive
na OAB, que tal se propugnar por uma mudança na legislação, controlada pelos
maus, no sentido de criar rito sumaríssimo para punição pelo STF dos políticos
corruptos que ali devem ser julgados? (forma criada pelos interesses escusos de
prejudicar o enquadramento dos desonestos).
Penas mais duras, com
aplicação imediata, diminuição de recursos, demissões sumárias, mandatos
cassados, sem fugas. Há uma série de pequenas mudanças que se tornariam
grandes, se levadas a efeito. A questão é: quem vai levá-las adiante, se está
tudo dominado?
O Congresso Nacional, os
partidos políticos, os escalões inferiores do Executivo (para ser educado) tudo
está infiltrado, dominado. O Judiciário... Prefiro não comentar.
Vamos lá, patrulhas dos
privilegiados encastelados, faturando, que tomaram o lugar dos que antes combatiam,
e aperfeiçoaram os métodos de corrupção e ausência de punição: esbravejem.
Vociferem. Ataquem em defesa do indefensável.
Título e Texto: Paulo Saab é jornalista e
escritor, Diário do Comércio, 24-07-2011
Colaboração: Marcelo Noll Prudente
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