Aileda
de Mattos Oliveira
Mais de oito anos, quase uma década, e o país mergulhado numa empulhação
de democracia, às escâncaras! No âmbito da verbalização, o subgoverno, pretenso
pós-modernizador, pratica constantemente o gramaticídio, quando as
palavras, na semântica tortuosa das oratórias dos políticos e do governo, são
letalmente feridas, segundo interesses reivindicatórios e bajulatórios da
ocasião.
É um monólogo de araras, no qual se constata que o país só tem poderosos,
mas não Poderes. Todos em defesa das mesmas teses amorais, pois sofreram,
preventivamente, mimetização comportamental.
Por serem as reproduções, simulacros da realidade, não se pode
considerar, portanto, “democracia”, a aberração que se impinge à nação. Não se
pode considerar “Congresso”, um ajuntamento de espécimes sem qualificação para
ali estarem. Não se pode considerar “Executivo” a cabeça de Governo que recua
de suas decisões a todo instante, por imposição de um partido. Não se pode
considerar um “Supremo Tribunal Federal” o que usa a Constituição como pretexto
para oratória sofística, ignorando que há vida inteligente no meio da população
ovelhum. Não se pode considerar “Imprensa Livre” quando um editorial defende
não sei por que razões o STF, hoje, apenas, sigla, já perdidas as suas funções.
(O Globo, 17/6/2011, p. 6)
A sofística dos medíocres representantes desta nação fez da Constituição
um equipamento pendular para justificar as constantes oscilações de posição, de
acordo com o lado que faça tilintar, mais sonoramente, as moedas benfazejas,
transformadas em privilégios difíceis de recusarem, pelo hábito de aceitá-los.
O falacioso ex-Supremo se agarra ilicitamente à letra constitucional para
torcê-la, pisoteá-la e transformar “liberdade de expressão” em apologia à cannabis
e a outras tantas aberrações, combatidas pelos incansáveis defensores da
nação, no espaço virtual. Não tem, contudo, este “Supremo”, a mesma
desenvoltura interpretativa, dentro dos cânones verdadeiramente
constitucionais, no momento de defender a integridade territorial, cedendo à
intromissão de forças externas na soberania nacional. Não esqueçamos a Raposa!
Não para por ai o palavrório aparentemente desarticulado. Os pequenos
senadores desta república traída não precisam mais discutir o fim do sigilo
eterno dos documentos referentes à soberania nacional. De forma capciosa, foram
indicando dados das tais Cartas de Fronteiras que não poderiam vir a público.
Como não, se já foi citado pela imprensa o que seria sigiloso? Interpretando-se
o discurso político dos simplórios senadores, chega-se a pensar que, naquele
momento, ao fornecerem indícios sincopados aqui e ali, lançados ao ar, davam
indicações perigosas de estarem disponíveis a uma troca de ideias. Se
não desejam uma interpretação virulenta de mercenarismo, limitem-se ao
necessário, eliminem a verborragia de suas retóricas equívocas, já que mal
sabem usar a língua.
A vacilante Rousseff aceita o fim do sigilo perene de documentos que
desenharam as fronteiras do país, mas, opostamente, segundo a Veja.com
(28/6/2011), “pede à base que mantenha sigilo sobre as licitações”. Escancara
os arquivos sobre a soberania do Brasil (que não lhe pertence), aponta aos amigos
de lá as brechas por onde devem entrar, cedendo, com submissão, aos seus
iguais. Para esconder os rombos do erário, quanto às licitações, declara sigilo,
este sim, eterno.
A simulação de que estão empenhados em governar para o país e não no
interesse próprio não resiste à leitura de suas frases mal-estruturadas,
condenatórias do que lhes vai na alma. Chega-se, então, à dissimulação, marca
cultural dos políticos brasileiros, alheios aos interesses da nação, mas
atentos à “parte que lhes cabe neste latifúndio” (1).
Este é o tal governo socialista, simulacro de governo democrático, pífia
obra de esquerzoides apátridas.
Título e Texto: Aileda de Mattos Oliveira, Professora universitária,
membro da Academia Brasileira de Defesa. A opinião expressa é particular da
autora.
(1) João Cabral de Melo Neto, “Morte e vida Severina”.
Recebido por e-mail
As imagens são da Resistência Democrática |
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