sábado, 11 de fevereiro de 2012

Facebook

Luisa Castel-Branco
Não consigo perceber o fenómeno do Facebook. Há pessoas que me dizem ser uma forma de encontrar amigos de quem há muito tempo não sabem o paradeiro. Outros por razões profissionais utilizam-no para promover eventos, acções de todos os géneros.
Aqui estão dois exemplos que posso compreender, mas a verdade é que quem utiliza o dito Facebook faz muito mais do que isto.
As pessoas pura e simplesmente destilam todos os detalhes da sua vida, dos assuntos mais íntimos aos mais triviais. Só os amigos podem ler, explicam-me. Mas quem é que tem 3.000 amigos? Estão a brincar? Em momentos de aflição se tivermos ao nosso lado uma ou duas pessoas já é uma grande sorte.
O que leva então à necessidade desta exposição total? A solidão? Será que hoje as pessoas estão mais próximas umas das outras, mais disponíveis? Não, pelo contrário, entre a televisão e a internet, o trabalho e as obrigações diárias, pouco ou nenhum tempo sobra para cada um ou para o próximo. O Facebook é um local de voyeurismo, de exibicionismo e principalmente de um nível de coscuvilhice que passou não só a ser aceite, como normal.
Outro dia um jovem de quarenta anos dizia-me: não estás no Facebook, então é como se não existisses. E apercebo-me que não são só os muito jovens que devoram esta corrente de diz que diz. Mas a minha surpresa não termina aqui. Fui jantar a casa de amigos. Gente boa, inteligente, com vidas preenchidas. A dado momento um dos membros do casal levantou-se da mesa dizendo que estava na hora de dar de comer ao gado. Estando nós no quinto piso de um prédio em Lisboa, pensei que era uma piada mas não. É outra doença que se chama Farmville e que permite a qualquer ser humano fingir que vive no campo, cultiva e ordenha as vacas. E se for esperto apanha um dos membros do seu grupo distraído e vai roubar-lhe animais.
Fantástico! Dizem-me que o número de pessoas envolvidas neste jogo é assombroso. Eu já conheço vários e faço o possível por não telefonar na hora da ordenha. Valha-nos Deus!
Título e Texto: Luisa Castel-Branco, Destak

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