Forçadas a abortar, as mulheres chinesas estão sob forte pressão do
estado comunista.
Francisco Vianna
De Beijing chega a notícia de que uma mulher que foi forçada a abortar um feto de sete meses de gestação pelas autoridades comunistas, neste
mês, e cujo caso provocou uma acirrada discussão nacional sobre a política
governamental da China que só permite que a mulher tenha um único filho, disse na
terça feira de ontem, que foi submetida ao aborto compulsório e estava sob “enorme
pressão social”, permanecendo vigiada pela polícia comunista num hospital, de
onde não tinha permissão de sair.
Feng Jianmei – mais uma vítima do comunismo chinês – nunca tinha estado
no hospital interiorano da Província de Shaanxi, até que fora para lá levada à
força e teve a sua criança, uma menina, nascida morta depois que as autoridades
comunistas lhe induziram o parto prematuro em 02 de junho último. A cunhada da
Sra. Feng, presente também no hospital, disse ontem que seu irmão — o marido da
Sra. Feng e pai da menina arrancada à força do útero materno pelas autoridades
do regime — estava profundamente abatido, na semana passada, também pelo fato de
as autoridades locais terem organizado uma ‘marcha de camponeses’ para
denunciar os membros da família Feng como “traidores”.
A tragédia relatada acabou
ocorrendo, apesar do fato das autoridades locais terem sido supostamente
punidas pelo aborto forçado, depois que uma foto da mãe agredida no leito, tendo
ao lado o seu feto ensanguentado e morto, ter sido postada na Internet em meados
de junho. A Xinhua, a agência estatal de notícias, relatou que na terça feira à
noite, após uma investigação, duas autoridades de baixo escalão local foram
despedidas do serviço, e cinco outras receberam advertências ou deméritos. O
relatório também disse que o governo comunista do país ordenou o pagamento de
um subsídio vitalício indenizatório para a Sra. Feng.
O caso da Sra. Feng tem sido assunto de intensa discussão na Internet. Hu Xijin, o editor-chefe do ‘Global Times’, um jornal estatal que
frequentemente imprime editoriais nacionalistas, escreveu em seu microblog em
12 de junho que o que a Sra. Feng passou foi uma “barbaridade”. “Nós devíamos
promover um planejamento familiar civilizado”, escreveu ele. “Entretanto, sou
contra o uso de tal incidente para rejeitar as políticas do estado comunista
para as famílias chinesas (claro). O planejamento familiar tem servido à China mais
do que tem prejudicado”.
Numa entrevista pelo telefone ontem, com voz fraca e parecendo exaurida
de suas forças, a Sra. Feng, de 23 anos, disse: “Meu corpo lentamente começa a
se recuperar. Ainda tenho fortes dores de cabeça. Não me deixam sair do
hospital, apesar de já ter tido alta médica”.
“O pessoal que trabalha no hospital nos fornece comida três vezes ao dia”, acrescentou ela. “A comida é boa, mas eu me sinto sob enorme pressão e desejo intensamente voltar para minha casa com meu marido”. Ela permanece no hospital com sua filha de 5 anos e sua cunhada, Deng Jicai. O marido da Sra. Feng, Deng Jiyuan, tem estado ausente desde sábado, quando ele saiu do hospital para falar com as autoridades locais, mas a Sra. Deng disse que recebeu um telefonema de seu irmão ontem dizendo que ele estava em segurança. Ele se recusou a dizer a ela onde o marido estava, contou ela. A família é de uma vila de Yuping em Zengjia cidadela da Província de Zhenping, e os membros da família dizem que tanto as autoridades da cidade como da província (estado) o têm aborrecido e acuado. Autoridades locais não puderam ser alcançadas para comentar tais declarações na terça feira de ontem.
A mídia estatal chinesa relatou que as autoridades tinham visitado a Sra.
Feng e ‘pedido desculpas’ a ela. Mas, na última sexta feira, quando a cunhada
Sra. Deng tentou ir a Beijing se encontrar com um advogado civil de direitos e
se preparava para uma entrevista pela TV, foi parada por homens que desceram de
carros e a espancaram, disse a Sra. Deng.
Após o aborto forçado, o marido, Sr. Deng, abriu uma conta de microblog
e começou a narrar o drama da família. Ele e outros membros da família disseram
que a Sra. Feng foi abduzida pelas autoridades de ‘planejamento familiar’ após
ter se recusado em pagar 6.300 dólares de multa pela segunda gravidez.
No microblog, o marido postou, na segunda feira, com a ajuda de um irmão
mais novo, um texto que descrevia a marcha de camponeses arranjada pelas
autoridades locais para denunciar a família como “traidora”. Eles portavam cartazes
e faixas onde se lia “traidores” e gritavam “Acabem com Deng Jiyuan”.
Perguntada se ela já estava planejando uma nova gravidez, a Sra. Feng disse:
“Isso depende de como meu corpo se recupere. Sim, caso eu tenha a minha saúde
de volta”.
Título e Texto: Francisco Vianna (com base na mídia internacional), 28-06-2012
Me desculpem a pergunta meio fora de contexto mas, qual é o fenomeno que acontece que faz com que o povo Chines se reproduza tão mais do que qualquer outro povo dobre o planeta? Acho que, se conseguirmos entender o mecannismo podemos criar uma soluçao civilizada. Esta brutalidade é abominável.
ResponderExcluirCirce aguiar
Circe,
ResponderExcluirO que há é uma questão que obece à 'lei dos grandes números'. Se uma comunidade tem 100 pessoas e dobra a sua população em 10 anos, após a década terá 200 pessoas, coisa que não chamará a atenção de quem quer que seja. Mas um país que tem 1,3 bilhão de almas, um crescimento da mesma ordem na década fará com que tenha 2,6 bilhões de habitantes, para o "espanto geral da humanidade". Na verdade, hoje, por força coercitiva da lei comunista, o chinês é o povo que menos se reproduz, muito menos, por exemplo que o povo indiano. Mesmo assim,por menos que o façam, pela "lei dos grandes números" o resultado chama sempre a atenção do resto da humanidade. No Brasil, hoje, temos quase 200 milhões de pessoas e se a população dobrar na próxima década, teremos uma população maior do que a dos EUA que se reproduz em rítmo bem nenor do que nós. O problema, pois, não é apenas o tamanho populacional, mas a qualidade da cidadania. A Austrália e o Canadá, por exemplo, com uma população de cerca de um décimo da nosssa, estão muito mais adiantados que o nosso país, mesmo tendo economias menores.
Co. Francisco Vianna,
ResponderExcluirentendi bem a explicação mas me perdôe por outro comentário estranho mas a impressão que eu sempre tive é de que se o mundo se acabasse e sobrassem 100 pessoas de cada povo, 50 homens e 50 mulheres, os chineses rapidamente se proliferariam bem mais que qq outro povo. Esta é a impressão que eu sempre tive deles pois não podemos esquecer do massacre que Mao Tsé Tung promoveu contra seu próprio povo. Quanto mais eles morrem, mais eles nascem.
Vai ver eles não tem tantos homossexuais como nós aqui. Sei lá mas, pra sua explicação fazer sentido, seria preciso que eles sempre tivessem sido em maior numero desde o inicio dos tempos.
É o que a minha pouca informação no assunto me faz pensar.
Circe Aguiar