
Espião terceirizado (se a CIA fosse a Varig o Snowden seria da SATA), vai
ver estava a fim de uma promoção a um cargo efetivo que não saiu e vingou-se
botando a boca no megafone. Depois de denunciar que seus compatriotas yankees
nos espionam o tempo todo e em todo lugar - na rua, na casa, na fazenda ou numa
casinha de sapê - em nossos e-mails, twitters, fêissibuks, etc., o papagaio
americano Ed Snowden está está pedindo asilo em qualquer lugar, um canto só pra
chamar Dirceu, digo... de seu.
Mas eu, como aposentado da Varig via Aerus, ou vice-versa, me sinto mais
uma vez relegado ao esquecimento agora da poderosa CIA americana, já que a
nossa, a Comissão de Incineração de Aposentados, não brinca em serviço e já
despachou para o crematório mais de 800 aposentados do Aerus sem medo de ser
espionada.
Ao contrário da malta petralha que não quer ser espionada - não por motivos
patrióticos, é claro - mas por medo de se ver confirmado pelos malvados gringos
tudo o que aprontaram nos últimos doze anos e a gente já sabe e sente por aqui,
eu e mais um monte de colegas em expiação por pecados que não cometemos,
exigimos isonomia mais uma vez pelo direito de sermos espionados.
Se a CIA (a dos gringos), resolver estender lentes e ouvidos eletrônicos
sobre a realidade tupiniquim, verá que aqui os aposentados são sempre jogados
na lata de lixo, porque a justiça de um modo geral está sempre a sofrer
pressões político-economicas e não pode atender a velhos reclamões morrendo de
fome - para não causar danos irreparáveis à União. É que - porque aqui - para
sua grande surpresa, a CIA descobrirá que um conceito muito diferente define o que
é a União. Além de marca de açúcar, União no Brasil não tem nada a ver com o
conjunto dos cidadãos/eleitores/pagadores de impostos/seus deveres/seus
direitos.

A “nossa” União é aquela que não pode renegociar uma conta de combustível
para uma empresa aérea levando-a à falência, por exemplo, mas pode com toda a
magnanimidade, deixar um índio cucaracha roubar duas refinarias caríssimas e
fica-se por isso mesmo. E a justiça que defende valorosamente a União contra
esses cruéis aposentados, não se incomoda se forem torrados um bilhão e
duzentos milhões de dólares (da União) na compra (da metade) de uma refinaria
americana que valia 42,5 milhões de dólares... mas não pode – e a “justiça”
apoia – conceder aos ex-trabalhadores da Varig os benefícios de uma decisão
tomada há exatamente um ano atrás quando um corajoso juiz sentenciou que a
União é responsável pela sua sobrevivência – porque responsável por sua
desgraça.
Assim, peço encarecidamente aos arapongas de Tio Sam que venham nos
espionar. Venham ver que aqui as agências reguladoras regulam mesmo pra valer.
Regulam o dinheiro recolhido dos trabalhadores para fundos de pensão com tanto
rigor – e a justiça dá o aval – que na hora de aposentar dizem ao trabalhador
da aviação:
- Apertem os cintos, o dinheiro sumiu!
Título e Texto: José Carlos Bolognese, Um ex-aeronauta em expiação
querendo ser espionado, Rio de Janeiro, 09-07-2013
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