Passei por uma livraria e vi
este livro na montra/vitrina. Fiquei olhando… talvez com cara de… ah, xapralá!
Entrei na loja e
comprei-o.
Folheei-o. As fotos são
dramáticas. Sinceramente, não sei se conseguirei lê-lo.
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Esgoto que cortava os pavilhões era fonte de água de internos. Foto: Luiz Alfredo, para a revista “O Cruzeiro |
Milhares de crianças, mulheres e homens foram violentamente
torturados e mortos no hospício de Colônia, em Barbacena, fundado em 1903. A
maioria foi internada sem diagnóstico de doença mental: eram meninas violadas
que engravidaram dos patrões, homossexuais, epilépticos, mulheres que os
maridos não queriam mais, alcoólicos, prostitutas. Ou simplesmente seres
humanos em profunda tristeza. Sem documentos, sem roupa e sem destino,
tornaram-se filhos de ninguém.
Em Holocausto Brasileiro, a premiada jornalista de investigação Daniela Arbex resgata do esquecimento esta chocante e macabra história do século XX brasileiro: um genocídio feito pelas mãos do Estado, com a conivência de médicos, funcionários e população, que roubou a digni-dade e a vida a 60.000 pessoas.
Bebiam água do esgoto. Comiam ratos.
Morriam ao frio e à fome. Eram exterminados com electrochoques tão fortes, que
toda a cidade ficava sem luz, por sobrecarga da rede. Os bebés eram roubados às
mães logo à nascença. Nos períodos de maior lotação, morriam 16 pessoas por dia
dentro dos muros do Colônia. Ao morrer, davam lucro. Os cadáveres eram vendidos
às faculdades de medicina. Quando o número de corpos excedia a procura, eram
decompostos em ácido, no pátio, diante dos pacientes. Os ossos eram
comercializados. Nada ali se perdia. Excepto a vida.
É a essas 60.000 pessoas que Daniela
Arbex devolve agora o rosto e a identidade, num relato que recupera o
testemunho dos poucos sobreviventes e dá voz aos milhares que já não podem
contar a sua própria história. O hospício de Colônia só foi transformado em
verdadeiro Centro Hospitalar Psiquiátrico em 1980.
Horror!
ResponderExcluirSR