terça-feira, 15 de julho de 2014

A ilusão do falso patriotismo futebolista

Francisco Vianna

A seleção de futebol da Argentina, que se sagrou vice-campeã da COPA MUNDIAL DE FUTEBOL DA FIFA, competição realizada no Brasil à custa de alguns bilhões de reais do suado imposto pago pelos trabalhadores brasileiros, acaba de chegar de volta a Buenos Aires nesta segunda-feira, sendo recebida por milhares de torcedores pelo seu admirável desempenho no torneio, mesmo perdendo a final para a Alemanha, como ocorrera na final da copa de 1990 diante da seleção da Alemanha Ocidental.

Argentinos vibram com seu patriotismo quadrienal, ao receberem o seu escrete de volta a casa.

A equipe chegou a Buenos Aires na manhã de hoje num avião pintado com as imagens dos jogadores e uma grande faixa onde se lia "Obrigado, Argentina". À sua espera estava uma multidão de torcedores vestindo a camiseta alviceleste da seleção da AFA, incluindo um grupo de gaúchos a cavalo, que encheu o percurso do aeroporto até à sede da federação argentina de futebol.

A indefectível presidente argentina, como não poderia deixar de ser, lá estava para não perder a oportunidade de fazer proselitismo político em cima de seus excelentes jogadores, dizendo que "eles provaram que, com coragem, paixão, deixando tudo o mais em segundo plano, para em campo terem alcançado seus triunfos". E continuou: "Argentinos, vocês deram um exemplo de como defender valores que eu achava que estavam esquecidos (?), e mesmo sem terem trazido a Copa para casa, fizeram jus ao triunfalismo que caracteriza o nosso povo. Então, eu queria conhecê-los e, em nome dos 40 milhões de argentinos, dizer-lhes obrigado por todo o orgulho que nos fizeram sentir".

Cristina Fenandez de Kirchner, a presidente argentina, não perdeu tempo e praticou seu proselitismo político populista e demagógico sem qualquer escrúpulo...

Ela não esqueceu de mencionar a goleada que os campeões do mundo deste ano, os alemães, aplicaram no candidato considerado favorito, o anfitrião Brasil, por 7 a 1, "fazendo-os sentir o oposto que estamos sentindo hoje ao recebê-los de volta a casa".

A Argentina, que escorrega ladeira abaixo com sua economia deteriorada pelo socialismo peronista-bolivariano, tem agora um motivo populista e demagógico para continuar achando que pode prosperar no caminho político e econômico que segue.

De certa forma, o Brasil segue por caminhos parecidos e, o resultado de um mero quarto lugar na competição pode ser útil ao brasileiro para fazer um exame de consciência e tentar mudar a situação política e econômica em que se encontra, no limiar do retorno da inflação e num capitalismo de estado, como sempre, eivado de corrupção e incompetência.

Já os argentinos continuarão, possivelmente, acreditando que são superiores e terão motivos para afundar mais ainda no lodaçal socialista. Infelizmente, a festa do povo no Obelisco de Buenos Aires vai comemorar apenas o feito futebolístico, porque no mais, o país não tem quase nada a comemorar. Pelo contrário... Tendo uma economia muito menor que a brasileira, começam a se ressentir dos primeiros sintomas de insatisfação social típicos de qualquer regime estatizante e incompetente.

Mas isso não impediu o populacho de seguir saltitando e gritando "Argentina! Argentina! Argentina!", embora a realidade dos próximos dias provavelmente não lhes será nada agradável.

Já o Brasil parece mais sequioso de mudanças, haja vista a saraivada de vaias que a presidente petista recebeu na cara em várias ocasiões da competição organizada pela FIFA. Muito mais que os argentinos, os brasileiros parecem estar mais motivados do que nunca em mudar os rumos políticos e econômicos em outubro próximo, a despeito de uma série de ameaças ao regime democrático representativo, como, por exemplo, o uso das desacreditadas urnas eletrônicas consideradas inseguras, agora mais ainda depois que a Suprema Corte de justiça tupiniquim se negou a proceder a um teste público dessa geringonça eletrônica, onde qualquer aprendiz de hacker pode deitar e rolar na arte de fraudá-la.

Mesmo assim, à noite, na capital portenha, não faltaram os episódios de violência com a polícia de choque descendo o cacete nos mais exaltados, enchendo as narinas da população de gás lacrimogêneo, e atirando balas de borracha para dispersar os "black blocs", lá também como aqui, financiados pelo próprio governo, para vandalizar e cometer quebra-quebras e degenerar qualquer manifestação pacífica da população ordeira. As famílias que vieram aplaudir seus jogadores tiveram que deixar as ruas, apavoradas.

O Secretário de Segurança Interna argentino, Sergio Berni, disse que 120 pessoas foram presas enquanto os prontos-socorros só hoje já registram o atendimento de 70 pessoas, incluindo 15 policiais feridos, o que, de farto não é quase nada comparado com o que ocorre no Brasil.

A lição sul-americana mais importante desse mundial parece ser a de que o futebol é apenas um esporte e o povo que só manifesta seu patriotismo de quatro em quatro anos, durante a Copa do Mundo, é um povo predestinado a não conseguir nada de significativo em termos de desenvolvimento humano, político e econômico.

Continuar a dar crédito a políticos incompetentes, messiânicos, corruptos, populistas e demagogos é condenar a nação ao atraso perpétuo, um campo fértil para os socialismos das mais variadas espécies com as pessoas tendo que se contentar com a distribuição de uma miséria igualitária enquanto a reduzida burguesia do politiburo socialista vive nababescamente da exploração e da escravização de quem trabalha e produz riqueza no país.

Independentemente se virmos a ser "hexas" ou não, temos que pensar de forma mais ampla e construirmos uma cidadania de melhor qualidade, capaz de discernir melhor e até agir em real favor daqueles que não têm condições ainda de exercer essa mesma cidadania.

Meritocracia e federalismo real já! O esporte é importante, mas é secundário e depende da melhora e do crescimento das pessoas e não dos governos... Já basta a conta enorme que teremos que continuar pagando!
Título e Texto: Francisco Vianna, 15-07-2014

Um comentário:

  1. Na minha opinião o povo Argentino não é patriota apenas nestas horas (assim como a maioria dos Europeus, USA, etc) pois enquanto nós 'engatinhamos' no que se refere a protestos eles já saem às ruas faz muito tempo para exigir melhorias e combate à corrupção. Os brasileiros que conheço (e eu mesmo) que já visitaram a Argentina sempre foram bem tratados por lá. Eles nos adoram, pode acreditar. O Brasil vive numa verdadeira crise de valores, ética, justiça. As vaias que a Dilma levou mostram em parte nossa indignação mas ainda falta muito, com atitudes e cobranças no dia a dia, para mostrar para a 'classe' política nacional que eles estão na contramão das nossas necessidades. Não é uma Seleção marqueteira com os nossos 'canarinhos' e seus bonés, pagodes, arrogâncias, choradeiras e comerciais sem fim que irão mudar os rumos da nação tupiniquim. Abraço do Sul. Alberto/RS.

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