Reinaldo Azevedo
Eu e todos os jornalistas que
lidam com política e que são obrigados a transitar nos bastidores desta arte
recebemos a informação, vinda na forma de boato, de que, na sexta-feira, uma
acusação muito grave será levada ao ar contra o candidato tucano Aécio Neves.
Qual acusação? Ninguém diz. Trata-se de terrorismo da pior espécie.
“Ah, mas será verdade ou
mentira?” Que diferença faz? Desde quando terroristas ligam para isso? Não
estão preocupados com essa bobagem. É que eles têm uma causa, não é? E, em nome
dela, tudo é justificável. Vocês acham que aqueles celerados do Estado
Islâmico, por exemplo, se ocupam de saber da justeza dos seus atos? Ou as
pessoas estão com eles ou estão contra eles. É simples assim.
Essa máquina que está ativa no
Brasil lava e suja reputações com a mesma sem-cerimônia. Se antigos inimigos se
ajoelharem e reconhecerem o poder supremo do PT, prestando-lhe vassalagem,
então passam a ser considerados homens de primeira linha. Não só recebem o
certificado de pessoas honradas como podem ser sócios do poder, gozando de suas
benesses. Perguntem a José Sarney, por exemplo, se ele, alguma vez, foi
incomodado pelos “companheiros”. Nunca! Ao contrário: ele se tornou um sócio
privilegiado no poder e, na sua capitania, continuou a ser rei.
Mas ai daquele, de dentro ou
de fora do partido, que ouse desafiar o Supremo Mandatário. Aí, meus caros,
vale literalmente tudo. Não! Eles não estão preparados para deixar o poder.
Pior do que isso: se o eleitorado demonstra disposição de apeá-los do trono — o
que é normal na democracia, que se caracteriza, entre outros atributos, pela
alternância de poder —, então eles gritam: “Sabotagem! Golpe! Crime!”. E se
organizam para o vale-tudo.
Sabem por que um terrorista
nunca se arrepende dos atos mais detestáveis? Porque ele se considera uma
vítima e acha que está apenas reagindo. Não é assim com todos os celerados do
já citado Estado Islâmico? Eles não dizem abertamente que estão apenas
respondendo a supostas agressões dos países ocidentais? Quando cortam uma cabeça,
eles pretendem fazê-lo na condição de ofendidos.
Assim estão agindo alguns
terroristas eleitorais no Brasil. Eles consideram ilegítimo que seu adversário
vença a eleição e acham que isso só será possível com um… golpe. Infelizmente,
até a presidente Dilma — também candidata Dilma — empregou essa palavra. Se vem
ou não a tal “bomba”, não sei. O simples fato de o boato circular nos
bastidores já é um troço asqueroso. Em si, já se trata de ação terrorista.
Independentemente de
afinidades eletivas e de escolhas, espero que as pessoas responsáveis saibam
repelir esse tipo de comportamento. E, claro!, é importante que a campanha de
Aécio esteja preparada para golpes muito abaixo da linha da cintura. Que os
eleitores sejam advertidos, se for o caso, para o risco de atentados
terroristas, como fazem os governos diante da iminência de um ataque. Nunca vi
nada parecido. Nunca vi tanto ódio sendo destilado. Nunca vi tanta gente
desesperada com a possibilidade de perder uma boquinha. Sim, meus caros, algo
bem mais sonante do que valores ideológicos move os terroristas.
Confrontos políticos os mais
duros fazem parte do jogo; o terrorismo não!
O desespero, reitero, é
inédito. Talvez haja um quê de ideologia… Mas o que apavora mesmo é o medo de
perder a boquinha, não é mesmo? Vai que essa gente seja obrigada a trabalhar…
Se forem obrigados a fazê-lo, ainda acabam criando um partido de trabalhadores!
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