Marcelo Duarte Lins
"Os abutres da
Varig" é uma publicação digital que está à venda na Amazon.com.br por
R$12,18. Armando Levy, jornalista e especialista em comunicação empresarial,
conta sua versão à brasileira, do modo "ouvi dizer" com achismos e
uma pesquisa superficial sobre a história da destruição da maior companhia
aérea de todos os tempos.
"O abutre" é um
filme de Dan Gilroy que está indicado ao Oscar na categoria melhor roteiro
original, que questiona os limites éticos da mídia. Li o livro e assisti o
filme durante o carnaval no Rio de Janeiro, mas longe da folia de momo por
força de uma pequena cirurgia, enquanto a mídia discutia o patrocínio da Escola
de Samba Beija-Flor de Nilópolis, campeã do Carnaval 2015, por uma ditadura
africana.
Há longos anos vivo como os
milhares de funcionários vítimas da maior fraude trabalhista e previdenciária
da história do Brasil: sou piloto e fui expatriado do meu país, como centenas
de outros, para encontrar trabalho. Tudo isto porque, na qualidade de diretor
da Associação de Pilotos da Varig acompanhei toda a história da derrocada da
companhia. Não faltaram perseguições políticas, violações de Direitos Humanos e
banimento do mercado de trabalho no Brasil de dezenas de aviadores em pleno
governo dito "dos Trabalhadores", em verdadeiro escárnio ao Estado
Democrático de Direito. Todas as denúncias foram devidamente registradas e
comprovadas nas Comissões de Direitos Humanos da ALERJ, ALERGS, Câmara dos
Deputados, Senado Federal, OAB, ABI e na CDDPH.
No livro, tentando dar verniz
de trabalho acadêmico, Levy cita fontes de sua pesquisa sem que tais pessoas
tivessem qualquer papel relevante durante todo o processo. Agindo como
"foca" cita pessoas sem escutá-las e não deu a elas direito de
resposta ou contraditório. Não fez "crosscheck" de informações e
trata boatos como se verdade fossem, e que chegam até a ser desmentidos no
próprio livro. A tudo isso, juntam-se vários dados incorretos, erros,
suposições e equívocos em tal quantidade que não posso sequer pontuá-los. Com
uma mentirinha aqui e outra ali jamais se chegará na verdade.
Sobre a perseguição política o
autor se omite, e ainda puxa o saco de um perseguidor e torturador de
trabalhadores, preso pela Polícia Federal por descumprimento de ordem judicial.
Acerta alguns alvos no varejo
e, por desinformação, sequer mira noutros. Na sua lista de entrevistados não
consta nenhum dos ex-governadores do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, nenhum
Deputado Federal integrante da Frente Ampla em Defesa da Varig no Congresso
Nacional, que contou com mais de 250 parlamentares. Nenhum presidente de
Assembleia Legislativa, senador da República, Presidente de Comissão do Senado
ou da Câmara de Deputados, fóruns onde o caso Varig foi tratado. Não
entrevistou nenhum juiz do Trabalho, Desembargador, Ministro de Estado, do STF,
TST ou STJ.
Nem mesmo consta do livro
algum Comandante da Aeronáutica, juiz ou advogado da área empresarial,
presidente ou ex-presidente do BNDES. Poderia aumentar esta lista em muito.
Fazer um "copia e cola"
de alguns depoimentos da CPI que ocorreu na Alerj não credencia ninguém a
escrever sobre o que aconteceu na Varig.
A NV- Participações foi criada
com o intuito de apresentar um Plano de Recuperação Ampla para a Varig. E foi
apresentado, por sinal o único, inclusive tendo o apoio de investidores. Mas
não houve aprovação deste plano, o "plano TGV", único que poderia ter
salvado a todos os funcionários e ao AERUS da bancarrota, coisa que plano
nenhum previra. Recorrendo de uma metáfora do professor Rabello que disse
"a Varig era uma baleia azul encalhada e que enquanto alguns tentavam
devolvê-la ao mar para que sobrevivesse, outros a atacavam com facas e facões
para arrancar seu naco com ela ainda viva.", até hoje aparecem pescadores
de águas turvas para levar a carniça dos esqueletos que continuam nos armários!
Levy é um dos abutres da mídia, como apontado no filme. Ainda que tenha a
carteira de jornalista. Os patrocinadores e a origem do dinheiro da Beija-flor
já são conhecidos. Os ex-funcionários da Varig e seus aviadores continuam desde
a década de 1990 exigindo justiça e dignidade.
Título e Texto: Marcelo Lins, 24-2-2015
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Parabéns comandante Marcelo pela sua luta e de todos os colegas da Varig!
ResponderExcluirParabéns comandante Marcelo Lins, a sua luta inspira toda uma luta por mais ética no Brasil acima das paixões e motivada pela mais nobre significância da palavra justiça. O Brasil precisa desse tipo de ação, não sei se anda merecendo.
ResponderExcluirObrigado!
ResponderExcluirNós temos que ser a mudança que gostaríamos para o planeta.
Tem que começar pelos atos de cada um de nós!
Abraço,
Marcelo