o antagonista
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Bolsonaro, segundos depois da facada. Foto: AFP/Getty Images |
Lula foi afastado da campanha
eleitoral porque recebeu propina. Jair Bolsonaro foi afastado da campanha
eleitoral porque tentaram assassiná-lo.
O criminoso condenado pela
Lava Jato, que subiu nas pesquisas apresentando-se como vítima, agora tem de
enfrentar uma vítima de verdade.
“Violência gera violência”
Jair Bolsonaro deve disparar nas pesquisas.
Segundo a Folha de S. Paulo,
“seus rivais admitem que haverá comoção num primeiro momento, mas dizem que,
passado o impacto inicial, será possível reposicionar o debate na linha de
violência gera violência”.
Jair Bolsonaro será responsabilizado pela facada que ele próprio
recebeu.
O responsável é
Bolsonaro
“Uma vítima é sempre uma
vítima”, diz a Veja sobre o atentado a Jair Bolsonaro.
“Mas não se pode abstrair do
fato de que uma vítima é também responsável pelo ambiente que ela própria ajuda
a criar”.
Para a revista, portanto, uma vítima é sempre uma vítima, desde que
não seja Jair Bolsonaro.
Título e Textos: o antagonista,
7-9-2018
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Análise: Uma nova eleição tem início hoje
ResponderExcluirBolsonaro ficará fisicamente afastado da campanha, mas ganhará ainda mais protagonismo.
Vera Magalhães
O atentado contra Jair Bolsonaro perpetrado na tarde de 6 de setembro em Juiz de Fora (MG) inicia uma campanha presidencial completamente nova. Diante da facada desferida no líder nas pesquisas por Adélio Bispo de Oliveira, o estado democrático de direito também foi golpeado. E no terreno estritamente eleitoral, todas as estratégias dos demais postulantes à Presidência, as pesquisas e os prognósticos foram jogados no lixo.
A um mês do pleito, a campanha mais imprevisível desde a redemocratização ganha mais um componente inédito e dramático. É impossível prever o que o atentado acarretará do ponto de vista das chances de cada postulante. Diante de um quadro clínico grave e tendo sido submetido a uma cirurgia, Bolsonaro ficará fisicamente afastado da campanha, mas ganhará ainda mais protagonismo.
Existe o risco de que a polarização, que já estava exacerbada, resvale para novas manifestações de violência nas redes sociais e nas ruas. É responsabilidade de todos os homens públicos, da imprensa e das instituições repudiar qualquer relativização do atentado e todas as tentativas de capitalização política do ataque por qualquer lado do espectro ideológico. Portanto, a hora deve ser de serenar os ânimos. Isso deve se refletir na propaganda eleitoral, que entrava num momento de ataques mais sistemáticos, com Bolsonaro como alvo.
É provável que o candidato do PSL escale ainda alguns pontos nas pesquisas. Episódios que geraram forte comoção levaram a esse resultado num passado recente – basta lembrar a morte de Eduardo Campos num acidente aéreo em 2014 e a ascensão de Marina Silva. Resta saber a força que isso terá e a maneira como os demais atores do processo reagirão. É preciso que as instituições falem mais alto, punindo o responsável por um atentado inconcebível numa democracia e assegurando a segurança – física e simbólica – do processo sucessório.
Título e Texto: Vera Magalhães, O Estado de S. Paulo, 7-9-2018