Rui Albuquerque
A geringonça de António Costa,
entusiasticamente reproduzida, em Espanha, por Pedro Sànchez, nasceu de um
pecado capital incontornável: partidos democráticos que levam para governos
europeus partidos de extrema-esquerda e comunistas, inimigos do modelo liberal
de sociedade e da União Europeia.
Ao tempo, a coisa foi
apresentada como um ato de genialidade política de Costa, que, finalmente!,
dera poder a quem tinha expressão popular sufragada em votos, mas que nunca
tivera responsabilidades governativas. Ora, esta questão poderá voltar a
colocar-se, já em Espanha, nos resultados das eleições da Andaluzia: por que
não fazer um governo de coligação PP+C’s+Vox? Estes últimos afirmam-se
nacionalistas? Mas não o afirma, também, o PCP? São contra «esta» União
Europeia? Mas não é o que diz o Bloco? Querem o regresso da soberania nacional
orçamentária? Não o reclamam, em uníssono, Bloco de Esquerda e Partido
Comunista Português? São de extrema-direita? Mas não são, o Bloco, o PCP e o
Podemos, de extrema-esquerda?
Por conseguinte, que
legitimidade democrática poderá existir, agora, para impedir que o Vox, ou, no
futuro, outro Vox qualquer, sirva de muleta para governos chefiados por
partidos democráticos? Pelo contrário, pela lógica que levou à geringonça de
Costa, eles deverão ser saudados com entusiasmo por aceitarem as regras do jogo
democrático de que anteriormente se afastavam...
Título, Imagem e Texto: Rui Albuquerque, Blasfémias,
3-12-2018
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