terça-feira, 12 de novembro de 2019

Cronologia de um “golpe”

Gabriel Silva


2006 – Evo Morales é eleito presidente da Bolívia

2008 – Evo Morales consegue uma revisão da Constituição pela qual s presidente passa a ter mandato de 5 anos e pode ser reeleito. É expressamente indicado que o seu mandato seria considerado o primeiro para efeitos de reeleição.

2009 – Evo Morales alega que como a Constituição cria um novo país, uma refundação, os mandatos presidenciais começam do zero.

2010 e 2014 – Evo Morales é reeleito

2016 – Referendo para que deixasse de haver limitação no número de mandatos consecutivos do Presidente. Proposta é chumbada pelo povo.

2017 – Evo Morales recorre para o Tribunal Constitucional alegando que a limitação de mandatos é uma violação dos seus direitos humanos. Tribunal Constitucional aprova.

2019 – Evo Morales é novamente candidato. Quando estão contados 83% dos votos, EM encontra-se um primeiro lugar, mas com uma margem inferior aos 10% necessários para ser declarado vencedor na primeira volta. Contagem é interrompida sem ser apontada qualquer razão. No dia seguinte a contagem é retomada com 95% dos escrutínios apurados e Evo Morales tem uma vantagem superior aos 10%.  Declarou-se vencedor.

Início da contestação por parte da oposição e por parte de grande parte da população com milhões nas ruas. Crescente contestação levou forças policiais a abandonarem seguir o governo com receio de terem ordens para atacar população e recusam-se a obedecer. Manifestações populares diárias de centenas de milhar de cidadãos.

Evo Morales aceita intermediação da Organização de Estados Americanos – OEA para a realização de uma Auditoria ao processo eleitoral. Relatório de Auditoria revela que houve fraude eleitoral generalizada e recomenda anulação das eleições marcação de novas quando for assegurada independência do Tribunal Eleitoral. Evo Morales aceita as conclusões e anuncia repetição das eleições e nomeação de novos membros para tribunal eleitoral. Contestação prossegue. Procurador Geral da República anuncia inquérito às fraudes eleitorais e manda deter presidente e vice-presidente do tribunal eleitoral.  Chefe das Forças Armadas afirma ser melhor o presidente afastar-se para ultrapassar crise política.

De forma concertada, Evo Morales, o seu vice-presidente, o presidente do Senado (3º na linha sucessória) e o presidente do Congresso ((4ª), todos do partido de Evo Morales, demitem-se. Em princípio a presidência interina será assegurada pela 2ª vice-presidente do Senado, Jeanine Ãnez.
Título, Imagem e Texto: Gabriel Silva, Blasfémias, 11-11-2019

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