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Foto: Lukasz Cynalews/Agencja
Gazeta/Reuters
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Vinícius Lisboa
A Comissão Nacional de Ética e
Pesquisa (Conep) do Conselho Nacional de Saúde aprovou até a manhã de ontem
(14) 21 protocolos de pesquisas que envolvem ensaios clínicos com pacientes de
covid-19, doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). Os estudos fazem
parte de um total de 76 pesquisas sobre a pandemia que foram aprovadas desde 23
de março, incluindo investigações epidemiológicas, trabalhos relacionados à
saúde mental durante o confinamento e também pesquisas de ciências humanas.
Os 21 estudos com ensaios
clínicos aprovados estão em cinco estados brasileiros, sendo 14 deles em São
Paulo. Há também trabalhos em andamento no Ceará, Amazonas, Paraná e Rio de
Janeiro. As pesquisas foram propostas por 17 instituições, e os tratamentos
envolvem cerca de 8,7 mil participantes. Segundo a Conep, a maior parte dos
proponentes são universidades e hospitais brasileiros.
Se considerado o número total
de 76 trabalhos, o que inclui os protocolos de estudos observacionais, há 53 em
curso na região Sudeste, nove no Sul, seis no Nordeste, quatro no Norte e mais
quatro no Centro-Oeste.
Em três ensaios clínicos já
aprovados pela Conep, pesquisadores avaliam o uso da cloroquina/hidroxicloroquina nos pacientes, e em sete essa
substância é ministrada de forma associada à azitromicina. Entre essas
pesquisas está a desenvolvida pela Fundação de Medicina Tropical e pela
Universidade Estadual do Amazonas, que investigam o uso do medicamento em 81
pacientes graves. Nesses estudos, além de comprovar a eficácia, é preciso
investigar a dose mais adequada, já que a substância pode causar efeitos
colaterais como arritmia cardíaca devido à sua toxicidade.
Há ainda três estudos com uso
de plasma sanguíneo de pessoas curadas de coronavírus,
como o desenvolvido por pesquisadores dos hospitais Israelita Albert Einstein e
Sírio-Libanês e da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Em
nota divulgada no início do mês, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) destacou que pesquisadores dedicados a análises semelhantes já têm
obtido "resultados promissores", que ainda não podem ser encarados
como "comprovação definitiva sobre a eficácia potencial do
tratamento".
O coordenador da Conep, Jorge
Venâncio, explica que qualquer pesquisa que envolva a observação ou
experimentação em seres humanos deve ser aprovada pela comissão, que adotou um
procedimento de urgência para avaliar em até 72 horas os estudos que investigam
a pandemia de coronavírus. No trâmite normal, a avaliação teria um prazo de até
30 dias.
"Temos recebido uma
quantidade grande. Chegaram à Conep mais de 400 pesquisas [relacionadas ao
coronavírus]. Estamos recebendo o fluxo normal e mais essas 400", conta
Venâncio. "A tendência é continuar tendo um fluxo grande".
Para dar conta desse trabalho,
a Conep tem trabalhado em câmaras virtuais que funcionam sete dias por semana,
e a prioridade tem sido pesquisas envolvendo ensaios clínicos, saúde mental ou
com participação do Ministério da Saúde e das secretarias estaduais de saúde.
Para separar esse grupo das demais pesquisas, a comissão vai distribuir os
outros estudos relacionados ao coronavírus para os mais de 800 comitês locais,
que terão sete dias para dar um parecer.
Diversidade de pesquisas
Venâncio conta que já há cerca
de 20 protocolos aprovados para serem incluídos no próximo boletim da Conep,
que será divulgado na sexta-feira.
Entre os 12 novos estudos
divulgados no boletim de ontem, há pesquisas com diversos temas, como a análise
da gravidade da covid-19 em soropositivos, a avaliação dos efeitos da
quarentena na saúde física e mental, o contágio entre profissionais de saúde e
pacientes e o uso de plasma convalescente para pacientes com infecção grave.
A maior parte das pesquisas
relacionadas à covid-19 precisa também de aprovação da Anvisa para ser
realizada, já que o uso de fármacos é regulado pela agência. A tarefa da Conep
é avaliar se os direitos dos participantes das pesquisas estão sendo
respeitados com informações claras e sem superestimação de benefícios ou
subestimação de riscos.
"Geralmente, as
pendências e cobranças que a gente faz são dessa ordem. Não pode prometer o que
não vai entregar. Tem que colocar a realidade", afirma o coordenador, que
conta que a comissão chegou a recusar poucos protocolos, por propostas sem
fundamentação ou pesquisadores sem experiência em pesquisa clínica.
"Quando a pessoa é
chamada para uma pesquisa, muitas vezes está muito fragilizada. E a última
coisa com que ela vai se preocupar é se os direitos dela estão sendo
respeitados. É uma situação limite. Por isso, no Brasil e no mundo inteiro,
temos esse sistema de proteção".
Título e Texto: Vinícius
Lisboa; Edição: Valéria Aguiar – Agência Brasil – 15-4-2020, 12h46
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Atualização, 15 de abril 2020, 17h04
ResponderExcluirNo mundo:
2 008 850 casos/129 045 mortes/502 389 recuperados/Testados: nos EUA: 3 138 413
Espanha: 177 633 casos/18 579 mortes/70 853 recuperados/
Itália: 162 488/21 067/37 130
França: 131 718/15 729/29 123
Brasil: 25 758/1 557/14 026
Portugal: 18 091/599/383
Observação: No Brasil, quase 60% dos casos foram curados!