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O cristão analisa todas as coisas sobrenaturalmente, buscando interpretar os acontecimentos à luz da Divina Providência, que sempre sapientissimamente governa todas as coisas propter electos, por causa dos eleitos. Esta é a nossa chave de leitura para todas as circunstâncias: Deus Nosso Senhor está conduzindo tudo tendo em vista a salvação das almas!
É assim que precisamos
analisar o desfecho das eleições americanas. Mas, para isso, precisamos nos
livrar de certos condicionamentos psíquicos que nos podem estreitar
demasiadamente a visão.
Antes de tudo, a revolução é
um modo de pensar que inverte a nossa relação com a própria realidade: troca-se
a contemplação da ordem existente no cosmos e de sua relação com o Deus
incriado pelo ímpeto rebelde e iconoclasta de subverter o mundo, a fim de
submetê-lo ao próprio arbítrio. Para conseguir tal intento, no entanto, é
preciso infundir nas almas algumas crenças fundantes, das quais gostaríamos de
salientar uma.
Eric Voegelin chamava de fé
metastática “a crença ou esperança numa repentina transfiguração da
estrutura da realidade e na subsequente emergência de uma ordem paradisíaca”,
sempre por forças intrínsecas à própria história. É nisso, por exemplo, que se
baseia o delírio progressista, que engendra nas mentes a ideia de uma evolução
sempre maravilhosa rumo a um paraíso cientificista, acompanhada da
estigmatização simultânea de toda e qualquer mentalidade conservadora,
rotulada, assim, de obscurantista e retrógrada.
A versão negativa da fé metastática é a crença numa desfiguração instantânea da realidade, sob o suposto domínio das forças revolucionárias, que querem justamente que os seus opositores creiam na sua onipotência para que entreguem o jogo, fiquem paralisados pelo medo e parem de lutar.
Esta é a reação psicológica
inerente ao derrotismo dos conservadores diante da derrota de Donald Trump. É
como se repentinamente o mundo inteiro passasse ao domínio imediato da esquerda
(como se ela já não estivesse atuando a todo vapor), sem hipótese de se reerguer.
Mas a impressão é inteiramente falsa.
Se existe um aspecto da
realidade muito difícil de ponderar, este é a política. Com exceção de Deus,
que não governa o mundo despoticamente, ninguém tem o poder sobre o universo de
maneira total e sempre há eventualidades muito difíceis de serem previstas. Por
exemplo, pode acontecer uma sucessão de cataclismos, pestes e até guerras que
tirem o controle das mãos dos que pensam dirigir o mundo; assim como pode
suceder um despertar sobrenatural operado pela graça que faça muitas pessoas se
posicionarem na direção oposta daquela que eles pretendem. Pessoas nascem e
morrem. Muitos que agora estão em pé, amanhã estarão caídos.
Fato é que estar na
Presidência da República confere poderes, mas também eles são limitados por uma
série de contingências. No
Brasil, Bolsonaro não consegue governar, apesar de eleito; nos
Estados Unidos, o próprio presidente foi impiedosamente apedrejado pela mídia,
chegando a ser censurado pelo Twitter. A ditadura high tech avança
– ontem mesmo líamos uma notícia que dizia que o WhatsApp mudou a política de privacidade e, a partir de fevereiro, começará a compartilhar dados dos usuários com o Facebook! Em outras palavras, se o Presidente dos EUA foi
censurado, o que se fará contra o cidadão comum que seja identificado
como obscurantista, fundamentalista, conservador?
Mas, por outro lado, o que,
afinal de contas, Trump perdeu? Precisamos perceber que aí há uma derrota mais
psicopolítica do que real. É algo muito similar ao que aconteceu no Brasil.
Será que a vitória de
Bolsonaro significou, na prática, uma verdadeira vitória para o movimento
popular conservador?
Há vitórias que são derrotas.
Se a Dilma não tivesse ganhado
em 2014, hoje o PT não estaria tão arrasado quanto está. Na verdade, Trump sai
bastante fortalecido dessa eleição: nenhum presidente obteve tamanho entusiasmo
popular e ostentou igual capacidade de mobilização — um contraste gritante com
os últimos comícios-velório, com todo distanciamento social, de Biden; Trump
angariou a maior quantidade de votos já obtidos por um candidato republicano e,
fora do cargo, poderá continuar politicamente ainda mais ativo, realizando uma
oposição ferrenha e fortalecendo ainda mais as convicções políticas da
população que rechaça o socialismo.
A invasão do Capitólio
(imagem) por populares teve um significado muito paradoxal: de um lado, mostrou
o teatro da barbárie dos Antifas, calculado para desprestigiar os EUA diante do
mundo, o que é lamentável; e, de outro, o protesto pacífico de um povo
impotente, convencido de que houve fraude, e que está descontente porque a
vitória de Biden foi mais uma manobra de cúpulas do que outra coisa.
Os EUA sempre estiveram
politicamente divididos e foi justamente esta divisão que sempre elegeu os
presidentes com pouca margem de diferença e também que os obrigou a fazer uma
política de equilíbrio interno de forças.
É evidente que não é correto
idolatrar Donald Trump, como ingenuamente fazem alguns conservadores. Ele
cometeu erros desnecessários, como, por exemplo, a sua atitude excessivamente
autoglorificante ou a pouca empatia demonstrada durante a crise sanitária da
peste chinesa. Mas o seu erro fundamental foi aquele excesso de autoconfiança
que o fez subestimar os seus inimigos, os inimigos do povo americano, e
destruí-los enquanto estava no poder. Estes e outros elementos contribuíram
para que houvesse uma oscilação na sua popularidade que, pela estreita margem
de vantagem ajudada pelas fraudes, levou à vitória o seu oponente. Agora, o
teatro dos Antifas será usado contra ele, porque foi concebido para isso, a fim
de poder causar o seu impeachment a poucos dias de cessar o
seu mandato, o que o impediria de se reeleger em 2024.
Isso nos mostra o quanto
importa formar um conservadorismo político que esteja profundamente imbuído dos
valores civilizacionais da Cristandade e do Reinado de Nosso Senhor, ao invés
de decair em barbarismos que podem chocar os sentimentos de bondade da
população e inibir o seu apoio justamente em momentos tão decisivos.
Em certo sentido, a derrota de
Trump pode acirrar os ânimos conservadores, antes anestesiados por um
sentimento falso de vitória e tranquilidade, enquanto os inimigos continuavam
mantendo a hegemonia sobre as universidades, sobre o show business e
até sobre as Redes Sociais, para moldar a sociedade inteira segundo as suas
ideologias. Agora, no poder, poderão ser fortemente atacados e, assim, seria
engrossada a fileira da militância conservadora.
Para nós, católicos, a
situação pode se agravar, mas, em certo sentido, ainda continua estruturalmente
a mesma.
Quem tem Francisco temeria
Biden?
Há 300 anos a maçonaria
persegue incansavelmente a Igreja, sendo provisionada por instituições mais
discretas ainda, que atualmente remontam ao sistema financeiro global. No
último século, as fundações começaram a financiar ONGs pelo mundo inteiro, com
a finalidade de realizar o mesmo intento, só que agora com métodos
cientificamente muito mais aprimorados. Hoje, fortalece-se de modo sem
precedentes a tirania das big techs e dos grandes
conclomerados corporativos, cujas fortunas ascenderam aos píncaros enquanto os
países despejavam enxurradas de “estímulos” econômicos no meio da pandemia. Não
é esta a grande alegria dos “mercados” nos últimos dias com a confirmação de
Biden?
No século XVIII, a maçonaria
percebeu que não conseguiria revolucionar as sociedades enquanto não suprimisse
a Companhia de Jesus, pois aqueles homens apostólicos e doutos tinham
fermentado toda a Europa com colégios de alta cultura, formando as elites e
anestesiando o povo contra as novidades anticatólicas.
Hoje, a revolução conseguiu
devastar a Igreja Católica (especialmente por este desastroso pontificado) e,
apenas por causa disso, pôde, agora, por fim, apoderar-se do governo americano
para reduzir a América à subserviência chinesa — regime que, para um homem de
confiança de Francisco, Mons. Sorondo, melhor aplica atualmente a doutrina
social da Igreja — e realizar a varredura da própria noção de propriedade
privada, que, no fundo, é o que está sendo atacado.
Trump perdeu. E agora?
Agora, precisamos cair na
realidade que estava mascarada sob uma falsa vitória e começar a fazer o
trabalho difícil, que é ir para as bases e ser exatamente o que os jesuítas
foram antes da sua supressão e, sobretudo, antes da sua perversão interna,
consumada durante o generalatato do Padre Arrupe; precisamos, além das redes
sociais, criar grupos locais, presenciais, vínculos físicos; precisamos, ainda,
nos dedicar ao estudo, exatamente como um médico faz, investigando as causas
para, a partir delas, atacar a doença; precisamos, sobretudo, ter
superabundância de vida espiritual, dedicar-nos verdadeiramente a crescer em
união com Deus, através dos sacramentos, da oração e de uma terna devoção à
Santíssima Virgem.
Todo mundo quer vitórias
fáceis, vindas à base de descansos e lutas alheias. Sabemos da crise
terrível pela qual passa a Santa Igreja, mas não podemos nos render diante
dela, pois Deus quer, da nossa parte, a resistência firme e pronta, para que,
da parte d’Ele, sejam derramadas as graças de que temos necessidade. Não escutemos
as lamúrias derrotistas; elas apenas nos desencorajam. É hora de militarmos!
Escutemos as palavras de triunfo oriundas dos lábios Santíssimos da Virgem de
Fátima: “Por fim, o meu Imaculado Coração Triunfará”! Viva Cristo Rei!
Título e Texto: FratresInUnum.com,
8-1-2021
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