sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Trump perdeu. E agora?

FratresInUnum.com

O cristão analisa todas as coisas sobrenaturalmente, buscando interpretar os acontecimentos à luz da Divina Providência, que sempre sapientissimamente governa todas as coisas propter electos, por causa dos eleitos. Esta é a nossa chave de leitura para todas as circunstâncias: Deus Nosso Senhor está conduzindo tudo tendo em vista a salvação das almas!

É assim que precisamos analisar o desfecho das eleições americanas. Mas, para isso, precisamos nos livrar de certos condicionamentos psíquicos que nos podem estreitar demasiadamente a visão.

Antes de tudo, a revolução é um modo de pensar que inverte a nossa relação com a própria realidade: troca-se a contemplação da ordem existente no cosmos e de sua relação com o Deus incriado pelo ímpeto rebelde e iconoclasta de subverter o mundo, a fim de submetê-lo ao próprio arbítrio. Para conseguir tal intento, no entanto, é preciso infundir nas almas algumas crenças fundantes, das quais gostaríamos de salientar uma.

Eric Voegelin chamava de fé metastática “a crença ou esperança numa repentina transfiguração da estrutura da realidade e na subsequente emergência de uma ordem paradisíaca”, sempre por forças intrínsecas à própria história. É nisso, por exemplo, que se baseia o delírio progressista, que engendra nas mentes a ideia de uma evolução sempre maravilhosa rumo a um paraíso cientificista, acompanhada da estigmatização simultânea de toda e qualquer mentalidade conservadora, rotulada, assim, de obscurantista e retrógrada.

A versão negativa da fé metastática é a crença numa desfiguração instantânea da realidade, sob o suposto domínio das forças revolucionárias, que querem justamente que os seus opositores creiam na sua onipotência para que entreguem o jogo, fiquem paralisados pelo medo e parem de lutar.

Esta é a reação psicológica inerente ao derrotismo dos conservadores diante da derrota de Donald Trump. É como se repentinamente o mundo inteiro passasse ao domínio imediato da esquerda (como se ela já não estivesse atuando a todo vapor), sem hipótese de se reerguer. Mas a impressão é inteiramente falsa.

Se existe um aspecto da realidade muito difícil de ponderar, este é a política. Com exceção de Deus, que não governa o mundo despoticamente, ninguém tem o poder sobre o universo de maneira total e sempre há eventualidades muito difíceis de serem previstas. Por exemplo, pode acontecer uma sucessão de cataclismos, pestes e até guerras que tirem o controle das mãos dos que pensam dirigir o mundo; assim como pode suceder um despertar sobrenatural operado pela graça que faça muitas pessoas se posicionarem na direção oposta daquela que eles pretendem. Pessoas nascem e morrem. Muitos que agora estão em pé, amanhã estarão caídos.

Fato é que estar na Presidência da República confere poderes, mas também eles são limitados por uma série de contingências. No Brasil, Bolsonaro não consegue governar, apesar de eleito; nos Estados Unidos, o próprio presidente foi impiedosamente apedrejado pela mídia, chegando a ser censurado pelo Twitter. A ditadura high tech avança – ontem mesmo líamos uma notícia que dizia que o WhatsApp mudou a política de privacidade e, a partir de fevereiro, começará a compartilhar dados dos usuários com o Facebook! Em outras palavras, se o Presidente dos EUA foi censurado, o que se fará contra o cidadão comum que seja identificado como obscurantistafundamentalistaconservador?

Mas, por outro lado, o que, afinal de contas, Trump perdeu? Precisamos perceber que aí há uma derrota mais psicopolítica do que real. É algo muito similar ao que aconteceu no Brasil.

Será que a vitória de Bolsonaro significou, na prática, uma verdadeira vitória para o movimento popular conservador?

Há vitórias que são derrotas.

Se a Dilma não tivesse ganhado em 2014, hoje o PT não estaria tão arrasado quanto está. Na verdade, Trump sai bastante fortalecido dessa eleição: nenhum presidente obteve tamanho entusiasmo popular e ostentou igual capacidade de mobilização — um contraste gritante com os últimos comícios-velório, com todo distanciamento social, de Biden; Trump angariou a maior quantidade de votos já obtidos por um candidato republicano e, fora do cargo, poderá continuar politicamente ainda mais ativo, realizando uma oposição ferrenha e fortalecendo ainda mais as convicções políticas da população que rechaça o socialismo.

A invasão do Capitólio (imagem) por populares teve um significado muito paradoxal: de um lado, mostrou o teatro da barbárie dos Antifas, calculado para desprestigiar os EUA diante do mundo, o que é lamentável; e, de outro, o protesto pacífico de um povo impotente, convencido de que houve fraude, e que está descontente porque a vitória de Biden foi mais uma manobra de cúpulas do que outra coisa.

Os EUA sempre estiveram politicamente divididos e foi justamente esta divisão que sempre elegeu os presidentes com pouca margem de diferença e também que os obrigou a fazer uma política de equilíbrio interno de forças.

É evidente que não é correto idolatrar Donald Trump, como ingenuamente fazem alguns conservadores. Ele cometeu erros desnecessários, como, por exemplo, a sua atitude excessivamente autoglorificante ou a pouca empatia demonstrada durante a crise sanitária da peste chinesa. Mas o seu erro fundamental foi aquele excesso de autoconfiança que o fez subestimar os seus inimigos, os inimigos do povo americano, e destruí-los enquanto estava no poder. Estes e outros elementos contribuíram para que houvesse uma oscilação na sua popularidade que, pela estreita margem de vantagem ajudada pelas fraudes, levou à vitória o seu oponente. Agora, o teatro dos Antifas será usado contra ele, porque foi concebido para isso, a fim de poder causar o seu impeachment a poucos dias de cessar o seu mandato, o que o impediria de se reeleger em 2024.

Isso nos mostra o quanto importa formar um conservadorismo político que esteja profundamente imbuído dos valores civilizacionais da Cristandade e do Reinado de Nosso Senhor, ao invés de decair em barbarismos que podem chocar os sentimentos de bondade da população e inibir o seu apoio justamente em momentos tão decisivos.

Em certo sentido, a derrota de Trump pode acirrar os ânimos conservadores, antes anestesiados por um sentimento falso de vitória e tranquilidade, enquanto os inimigos continuavam mantendo a hegemonia sobre as universidades, sobre o show business e até sobre as Redes Sociais, para moldar a sociedade inteira segundo as suas ideologias. Agora, no poder, poderão ser fortemente atacados e, assim, seria engrossada a fileira da militância conservadora.

Para nós, católicos, a situação pode se agravar, mas, em certo sentido, ainda continua estruturalmente a mesma.

Quem tem Francisco temeria Biden?

Há 300 anos a maçonaria persegue incansavelmente a Igreja, sendo provisionada por instituições mais discretas ainda, que atualmente remontam ao sistema financeiro global. No último século, as fundações começaram a financiar ONGs pelo mundo inteiro, com a finalidade de realizar o mesmo intento, só que agora com métodos cientificamente muito mais aprimorados. Hoje, fortalece-se de modo sem precedentes a tirania das big techs e dos grandes conclomerados corporativos, cujas fortunas ascenderam aos píncaros enquanto os países despejavam enxurradas de “estímulos” econômicos no meio da pandemia. Não é esta a grande alegria dos “mercados” nos últimos dias com a confirmação de Biden?

No século XVIII, a maçonaria percebeu que não conseguiria revolucionar as sociedades enquanto não suprimisse a Companhia de Jesus, pois aqueles homens apostólicos e doutos tinham fermentado toda a Europa com colégios de alta cultura, formando as elites e anestesiando o povo contra as novidades anticatólicas.

Hoje, a revolução conseguiu devastar a Igreja Católica (especialmente por este desastroso pontificado) e, apenas por causa disso, pôde, agora, por fim, apoderar-se do governo americano para reduzir a América à subserviência chinesa — regime que, para um homem de confiança de Francisco, Mons. Sorondo, melhor aplica atualmente a doutrina social da Igreja — e realizar a varredura da própria noção de propriedade privada, que, no fundo, é o que está sendo atacado.

Trump perdeu. E agora?

Agora, precisamos cair na realidade que estava mascarada sob uma falsa vitória e começar a fazer o trabalho difícil, que é ir para as bases e ser exatamente o que os jesuítas foram antes da sua supressão e, sobretudo, antes da sua perversão interna, consumada durante o generalatato do Padre Arrupe; precisamos, além das redes sociais, criar grupos locais, presenciais, vínculos físicos; precisamos, ainda, nos dedicar ao estudo, exatamente como um médico faz, investigando as causas para, a partir delas, atacar a doença; precisamos, sobretudo, ter superabundância de vida espiritual, dedicar-nos verdadeiramente a crescer em união com Deus, através dos sacramentos, da oração e de uma terna devoção à Santíssima Virgem.

Todo mundo quer vitórias fáceis, vindas à base de descansos e lutas alheias. Sabemos da crise terrível pela qual passa a Santa Igreja, mas não podemos nos render diante dela, pois Deus quer, da nossa parte, a resistência firme e pronta, para que, da parte d’Ele, sejam derramadas as graças de que temos necessidade. Não escutemos as lamúrias derrotistas; elas apenas nos desencorajam. É hora de militarmos! Escutemos as palavras de triunfo oriundas dos lábios Santíssimos da Virgem de Fátima: “Por fim, o meu Imaculado Coração Triunfará”! Viva Cristo Rei!

Título e Texto: FratresInUnum.com, 8-1-2021

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