Decisão que determinou a retirada da tarja
de Fake News de duas reportagens de Oeste é motivo de orgulho para qualquer
veículo de comunicação que preza a liberdade de imprensa
Revista Oeste
Em 23 de abril, uma
sexta-feira, o juiz Marcelo Augusto Oliveira, da 41ª Vara Cível de São Paulo,
determinou a exclusão dos textos da agência de checagem Aos Fatos que
tachavam de fake news duas reportagens da Revista
Oeste que não continham um único erro do começo ao fim. Na ação, a
primeira do gênero no Brasil, ficou provado que grande parte das agências do
tipo atua como controladora do conteúdo publicado nas redes sociais e na
imprensa, decidindo o que pode ser lido e classificando como “mentira” tudo o
que contradiz o que considera uma verdade absoluta.
O desfecho do episódio deve
ser motivo de orgulho para qualquer veículo de comunicação que preze a
liberdade de imprensa. Previsivelmente, registraram-se reações favoráveis ao
autoritarismo absurdo. Alguns sites e jornais relataram o caso da mesma maneira
como costumam construir suas reportagens: ouvindo apenas um lado,
“investigando” o fato a partir de ideias preconcebidas e consultando apenas os
que consideram falsas quaisquer verdades que lhes cause desconforto. Tudo isso
sem abdicar da pose de isentos.
Vamos aos fatos:
1) Segundo a Folha
de S. Paulo, a agência “desmentiu que imagens da Nasa mostrariam menos
focos de incêndio do que os dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais), já que a imagem da Nasa se referia a um dia de julho de 2020 e os
dados do Inpe contemplavam todo o mês de junho”.
Numa detalhada resposta
endereçada à Aos Fatos na época em que o texto foi tachado de
falso, Oeste explicou que em nenhum momento usara o satélite da Nasa para
contestar os dados do Inpe. “A imagem do satélite foi usada para mostrar que a
Floresta Amazônica, diferentemente do que tem sido divulgado pela chamada
grande imprensa, não estava em chamas — por isso as manchetes destacadas no início no texto.”
De qualquer forma, mesmo observando os dados do Inpe (o que, vale repetir, não era o objetivo da reportagem), pôde-se constatar que, no bioma amazônico, havia 2.248 focos de queimadas registrados pelos satélites em junho de 2020. Um número abaixo da média para o mês, que é de 2.724 — e bem abaixo do máximo, registrado em 2004 (9.179 focos). O caso também foi esmiuçado na reportagem “Facebook comete ‘fake news’ ao tachar de ‘fake news’ uma matéria verídica”, publicada na edição 42 da Revista Oeste.
2) O texto da Folha afirma
ainda que, ao contrário do que mostrava a reportagem “Cidade mineira não tem um
único doente internado por covid-19”, a Aos Fatos garantiu que
“houve casos na cidade mineira no período, além de os remédios do ‘tratamento
precoce’ serem comprovadamente sem eficácia para Covid-19”.
De acordo com o boletim
emitido pela prefeitura de São Lourenço no dia ao qual a reportagem de Oeste se
referiu, não havia um só paciente internado na UTI por conta da covid-19. A
matéria trazia ainda uma declaração do prefeito, Walter Lessa (PTB), relatando
a adoção do tratamento precoce em casos de suspeita da doença. A contestação da
agência, entretanto, concentrou-se na validade do tratamento precoce. De novo:
não foi esse o objetivo da reportagem de Oeste.
A Folha limitou-se
a ouvir Tai Nalon, diretora-executiva da Aos Fatos, Marcelo Träsel,
presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Maria
José Braga, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o
diretor do Observatório da Liberdade de Imprensa da OAB, Pierpaolo Cruz
Bottini, que foi advogado de réus da Operação Lava Jato. Todos os que opinaram
sobre o caso pensam de forma semelhante. Pelas declarações, nenhum parece ter
lido as reportagens de Oeste classificadas como Fake
News, muito menos as 56 páginas da argumentação impecável exposta por
Alexandre Fidalgo, advogado da revista.
O Portal dos Jornalistas e o
site da Associação Brasileira de Imprensa apenas reproduziram trechos da
reportagem da Folha. Já o Congresso em Foco conseguiu, com a
manchete “Site de notícias falsas censura agência que comprovou suas fake
news“, usar 11 palavras para contar uma mentira grosseira.
O título escolhido pelo
Congresso em Foco é tão tendencioso quanto alguns dos seus mais recentes
destaques: Vacinado, Lula chega a Brasília para reuniões políticas; Lira
diz ao STF que impeachment depende de ‘oportunidade política‘; Bolsonaristas
fazem atos em apoio ao governo federal e ignoram pandemia; Lula
encontra Fabiano Contarato e convida senador para se filiar ao PT.
“Como bem salientou o ilustre
magistrado Marcelo Augusto Oliveira, uma coisa é reportar fatos distintos,
inalienável direito de todo jornalista nas democracias, e outra é a mera
adjetivação acrimoniosa, que muitas vezes serve apenas para tentar esconder a
cegueira ideológica”, observou o jurista Modesto Carvalhosa, ao comentar a
decisão em favor de Oeste. “Que a Revista Oeste prossiga
livremente fazendo o bom jornalismo que a distingue”.
Nenhum dos veículos de
comunicação que comentou o episódio envolvendo a Aos Fatos conseguiu explicar
por que classificou como censura o fato de uma agência de checagem ter sido
acusada de fake news, mas não considerou censura uma agência ter
classificado como fake news reportagens verídicas. De todos os
envolvidos no caso, apenas Oeste não foi ouvida. Censura é
isso.
A Revista Oeste reafirma
o seu compromisso com a defesa do liberalismo, da democracia e de todas as
liberdades. Principalmente a liberdade de imprensa.
Título e Texto: Revista Oeste, 5-5-2021, 15h56
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