Em entrevista publicada na Revista Front Populaire nº 9, verão de 2022, à pergunta de Maxime Le Nagard:
“Por que você considera que a
democracia contemporânea é uma ‘democracia Potemkine’?”
Michel de Jaeghere [foto] respondeu:
“Por que ela mantém o nome e
as aparências do que ela destruiu, em nome do individualismo radical que é
desde 1789 seu princípio constitutivo: a família é convidada a se conjugar no
plural, a nação a se tornar multicultural, a soberania é compartilhada.
Estamos no reino do oximoro.
A União Europeia ilustra bem
este fenômeno: ela mantém as nações como ficções, acomodadas, de maneira a que os
povos acreditem que mantêm o controle de seu destino, quando este lhes foi
retirado em proveito da burocracia europeia e oligarquias financeiras.
Como dizia François Mitterrand em seu debate com Philippe Séguin na véspera do referendo sobre Maastricht em 1992: ‘Nossas instituições nacionais estão inteiramente preservadas: governo, parlamento, coletividades locais.’
No entanto, elas foram esvaziadas de suas
substâncias pela regra que prevalece sobre as leis nacionais, mesmo
posteriores, um direito europeu elaborado de maneira opaca que nada têm de
democrático.
A democracia contemporânea
reduz assim a meras aparências, não somente as comunidades naturais que dão ao
homem o seu enraizamento, mas o processo eleitoral em si, que não passa de um
teatro, como aconteceu com o referendo de 2005.”
Revue Front Populaire, nº 9, verão
2022
Tradução: JP, 2-7-2022
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