sábado, 2 de julho de 2022

A democracia ateniense: verdades e lendas

Em entrevista publicada na Revista Front Populaire nº 9, verão de 2022, à pergunta de Maxime Le Nagard:

“Por que você considera que a democracia contemporânea é uma ‘democracia Potemkine’?”

Michel de Jaeghere [foto] respondeu:

“Por que ela mantém o nome e as aparências do que ela destruiu, em nome do individualismo radical que é desde 1789 seu princípio constitutivo: a família é convidada a se conjugar no plural, a nação a se tornar multicultural, a soberania é compartilhada.

Estamos no reino do oximoro.

A União Europeia ilustra bem este fenômeno: ela mantém as nações como ficções, acomodadas,  de maneira a que os povos acreditem que mantêm o controle de seu destino, quando este lhes foi retirado em proveito da burocracia europeia e oligarquias financeiras.

Como dizia François Mitterrand em seu debate com Philippe Séguin na véspera do referendo sobre Maastricht em 1992: ‘Nossas instituições nacionais estão inteiramente preservadas: governo, parlamento, coletividades locais.’ 

No entanto, elas foram esvaziadas de suas substâncias pela regra que prevalece sobre as leis nacionais, mesmo posteriores, um direito europeu elaborado de maneira opaca que nada têm de democrático.

A democracia contemporânea reduz assim a meras aparências, não somente as comunidades naturais que dão ao homem o seu enraizamento, mas o processo eleitoral em si, que não passa de um teatro, como aconteceu com o referendo de 2005.”

Revue Front Populaire, nº 9, verão 2022

Tradução: JP, 2-7-2022

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