Causou impacto a reação dos fiéis à postagem de Dom Odilo sobre as eleições, assunto que chegou a repercutir nada menos que no site do G1
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Como todo isentista, Dom Odilo tem lado: o lado oposto àquele que ele sutilmente agride. Não é difícil perceber, basta reparar bem na direção dos seus últimos artigos e postagens.
Causou impacto a reação dos
fiéis à postagem de Dom Odilo sobre as eleições, assunto que chegou a
repercutir nada menos que no site do G1.
Não se sabe ao certo quais
sejam verdadeiramente as convicções políticas do arcebispo de São Paulo.
Amigo de Alckmin e de outras
personalidades supostamente centristas, ele sempre manteve uma postura
muitíssimo discreta, para não dizer abstensiva, quando o assunto são questões
realmente eleitorais.
Embora tenha dado diversas
demonstrações de simpatia a Lula, como
em seu fervoroso comentário por ocasião da comemoração do acordo Brasil-Santa
Sé, além de em outras situações ter flagrantemente favorecido a esquerda,
nunca fica claro se ele o faz por motivações sinceras ou por mero carreirismo
eclesiástico – a segunda opção parece ser a mais verosímil, considerando-se que
“o diabo sabe quem é dele e quem são os vendidos”, como diziam os antigos. De
fato, ele nunca conseguiu eleger-se presidente da CNBB nem teve grande
relevância no atual pontificado. Seu esforço por parecer conservador durante o
reinado de Bento XVI convenceu os seus inimigos, mas não o povo, que continua
expressando exatamente o que sente: ele é um isentão que, como todos da mesma
espécie, quando a luta é contra os conservadores, não hesita um minuto em tirar
o progressismo do armário.
Foi isso que ele fez no domingo, de maneira muito discreta, sendo tratado sem discrição nenhuma pelo povo que, a esta altura do campeonato, sabe bem identificar quem é quem não é e não tem dificuldade nenhuma em perceber quando um pingo é letra.
Se fossem outros dias, Sua
Eminência não teria dúvidas em culpar o falecido Olavo de Carvalho, que em
tempos idos desqualificou-o tão eloquentemente a ponto de ter angariado o ódio
cardinalício até a terceira geração. Agora, não tendo a quem culpar, resolve
culpar a quem? Ao fascismo!
Um dos maiores problemas do
debate político brasileiro atual é a utilização de termos desligados do seu
significado real como forma de xingamento: “fascista”, “fundamentalista”,
“nazista”, “extremista” e similares são parte de um léxico que virou apenas um
conjunto de rótulos vazios para identificar todos aqueles que têm alguma
convicção profunda, como quem é contra o aborto em todo e qualquer caso, quem
defende a família tradicional, quem é contra aquilo que os revolucionários
simpaticamente chamam de “progressismo”, beneficiando-se do significado
positivo da palavra “progresso” para embutir nele toda a barbárie possível, com
o fim de diluir a civilização cristã.
Obviamente, um cardeal,
arcebispo e doutor em teologia deveria erguer-se sobre este pântano discursivo
e empregar as palavras com o seu significado próprio, analógico ou unívoco.
Mas, não. Dom Odilo, além de ser incapaz de fazê-lo, resolveu sujar a sua
púrpura cardinalícia nas tintas dos jornais, rebaixando-se não ao nível de um
“Corriere della Sera” ou de “La Repubblica”, mas da “Folha de São Paulo” e
similares, cujo vácuo catequético tem dimensões quase infinitas.
A palavra “fascismo” vem de
“feixe” e remete à concentração de poder que os romanos tiveram em tempos
antigos a ponto de castigarem qualquer cidadão, de maneira arbitrária: o feixe
amarrado num machado era o símbolo deste poder de matar os opositores.
Politicamente, a ideologia fascista se caracteriza pelo nacionalismo
exacerbado, que anula a população, a ponto de que a autoridade se erija como
poder despótico de uma espécie de estado sem povo.
Quando, em 2022, a esquerda se
mobiliza para insultar senhoras evangélicas, velhinhas católicas, jovens
trabalhadores, pais de família, gente normal de… “fascista”, o que está fazendo
é apenas xingar, sem que isso tenha qualquer significado real. O governo atual,
no que pesem os seus defeitos, nunca teve uma atitude realmente fascista:
respeitou todas as decisões do judiciário e do legislativo, inclusive nas vezes
em que o primeiro se excedeu, e nunca ensejou uma verdadeira ruptura
institucional. Tais assombrações foram, até o momento (não podemos prever o
futuro), pura histeria da esquerda.
Ao invés de aderir aos
xingamentos forjados pela esquerdalha, um verdadeiro pastor, e que, além de
verdadeiro, fosse inteligente, o que não é o caso, deveria tentar entender o
fenômeno e perceber que existem aí muitas razões verdadeiras: a roubalheira de
níveis transcendentes cometidos nas gestões do PT para a compra de
parlamentares e a sua consequente eternização no controle do Estado e de seus
mecanismos e benefício de ditaduras genocidas no exterior; a imoralidade
intrínseca da ideologia de esquerda, cuja pauta prevê a ampliação do aborto e a
ideologia de gênero; o acumpliciamento com facções criminosas que fez dos
governos impugnados verdadeiros autores não somente de uma cleptocracia
impressionante, mas de uma narcocracia quase invencível.
Todo o xilique
anti-bolsonarista não passa de encenação pela abstinência da roubalheira
estatal e a amizade de Lula com uns poucos e decadentes clérigos da Teologia da
Libertação não conseguirá emprestar santidade àquilo que, no Brasil, tornou-se
o símbolo mesmo da vagabundagem mais descarada.
Quem sabe, pensando as coisas
com mais serenidade e ponderação, o cardeal de São Paulo consiga perceber que,
para além daquilo que ele enxerga como pura e simples polarização, existe muita
verdade, coisa que qualquer pessoa sensata e que não viva confinada na assepsia
de seus ofícios burocráticos percebe. O “fascismo” na cabeça de Dom Odilo não
passa de uma fantasmagoria, o produto de um delírio verbal, a expressão de um
monstro tão somente imaginário.
Título, Imagem e Texto: FratresInUnum.com,
18-10-2022
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