sexta-feira, 21 de outubro de 2022

[Aparecido rasga o verbo] Apenas uma canetada

Aparecido Raimundo de Souza

SENHORAS E SENHORES, me perdoem, por favor, se alguns dos prezados pensarem em contrário daquilo que escrevi em resposta à pergunta formulada pelo ilustre Flavio Morgenstern (1), da “Revista Oeste”, em seu brilhante artigo publicado naquela revista em data de 17 de outubro (P.p), bem ainda em republicação na “Revista Cão que Fuma”, em igual data, com relação ao "Quanto falta para o tribunal fechar jornais equeimar livros?".

Diria, de peito aberto e sem medo de errar, que não falta absolutamente NADA. O quadro dantesco e imoral que vemos dependurado no focinho do nosso querido e fodido “brazzzilzinho” de excremento, por si só responde à altura a indagação trazida à baila. Devemos levar em conta, sempre, que a Vergonha Nacional (se é que um dia existiu), faz tempo se viu aprisionada e agora está purgando seus pecados em algum paraíso fiscal.

De igual forma, o TSE (Tribunal dos Salafrários à Espreita) e o STF (Superior Tribunal de Falcatruas), estão, como as iniciais revelam, em proceloso mar aberto e à deriva. Os vândalos perderam o foco, peidaram na lisura, cagaram na sensatez, enlamearam de coco o que restava do que antes se conhecia por um nomezinho até simpático e bem-soante dicionarizado “airosamente” por “Decoro”.

Sabemos, de cor e salteado, que o “Decoro” se descorou. Perdeu a postura elegante. De contrapeso, os Intocáveis enfiaram em seus rabos a decência, o pundonor, a honra, a seriedade e, sobretudo, o brio e a pudicícia. A pudicícia passou a ser conhecida por outro nome, ou apelido, qual seja: peidoucícia. Aliás, peidoucícia soa melhor aos ouvidos. E os tímpanos suam, quando a ouvem. Pior que desarranjo de hemorragia menstrual.

Pois bem. Vivemos por conta de meia dúzia de figuras burlescas, num estado deformado, corrompido, modificado, torpe, repugnante, onde quem manda são os Poderosos que se acham deuses e, de posse de suas canetas, “escrevinham ordens” e editam determinações à bel prazer de suas canalhices ignominiosas e imorais.

Particularmente tenho pena dos jornalistas que se sentem podados em suas falas e escritas. A "Liberdade de Expressão" deu adeus à sua emancipação. Rasgou em pedacinhos a sua Carta de Euforia. Todos os projetos inseridos nas pautas do "informar com nobreza e dignidade aos cidadãos", foram para as putas e putos que as pariram. 

A "Liberdade de Expressão", virou mito. Caiu em desusança. Despencou de paraquedas nas bocas dos anarquistas e safardanas.  Mudou, de mala e cuia, dito de maneira mais abrangente, se transferiu para a Casa da Mamãe Joana, uma espécie de Tríplex disfarçado de palácio fajuto, com uma vagaba sentada no frontispício cheio de roedores de esgoto, ou pior, de urubus famintos e carniceiros, travestidos de "excelências".

Acredito, e com certeza, todos os meus prezados leitores, homens de senso sem máculas ou exceções, sabem que os deuses imortais (ou seriam Imortais e, de contrapeso, Imorais) continuarão à caça de profissionais ilibados, de incorruptos e castos que somente têm por objetivo a bela e magnificente profissão de informarem e esclarecerem à sociedade.

Nessa altura do campeonato, tenho dúvidas se a sociedade (a verdadeira) existe, ou se essa outra paralela, a “sociedade-confraria” (a porca, a nojenta, a sebosa), não passa de uma aglomeração malparida de otários e manés de sindicatos com direito a carteirinha ou, no pior das  situações, de uma “manada” de palhaços vendidos, de bufões que barganham a dignidade e se submetem às orgias escabrosas das chuvas de cestas básicas e meia dúzia de tostões mirrados para levarem alguns artigos do supermercado mais próximo para seus familiares.

As Sociedades ou as pregas que compõem os "buracos-botões" (2), até prova em contrário, ao nosso entendimento, não lograram sair, ou fugir dos degraus infames das cognominadas "vaquinhas de presépios". Esses indivíduos oriundos desses conglomerados, são fracos de alma e amenos de coração. Preferem ficar calados à espera de um milagre. Tudo o que foi dito acima, nos remete aos tempos do romance a “A Besta humana” de Emile Zola nos idos de 1890, ou exatos cento e trinta e dois anos passados.

Interessante, reparem, como apesar de todo esse tempo transcorrido, nada mudou para melhor desde então. Os brasileiros, de um modo geral, se assemelham muito aos personagens que se transformaram em verdadeiras máquinas humanas, e durante as suas vidinhas medíocres acumularam desejos obscuros e insanos dentro de suas almas espúrias (3). Entre eles, os instintos assassinos, as corrupções dos sistemas legais e judiciais do século XIX na França.

Passados tantos janeiros, em dias de hoje-agora, ainda temos espalhados por “brazzzilia” e demais capitais, os personagens imortais de Zola (vejam bem,) não atrapalhando as nossas vidas, ou desassossegando as coisas boas que poderíamos conseguir se não vivêssemos num planeta de cabeça para baixo empanturrados de vagabundos e larápios da pior espécie. Esses personagens, ao oposto, nos fazem um bem enorme. O que ocorre é que não aprendemos nada com eles. Quem, hoje, perde tempo lendo Zola?

A mesma insanidade incurável se dá com “O Processo”, de Kafka (4), onde podemos nos colocar na pele do personagem central, Josef K (5), um sujeito aturdido e desorientado que ao final (como a maior parte de nós, eternos Torresmos e Pururucas, Chaves e Piolins), nos vemos juntos e misturados a fatos e dramas corriqueiros que nos envolvem numa irrealidade beirando a loucura. 

Josef K, tanto pode ser o Manoel sapateiro, como o Luiz verdureiro, ou o Alcides do açougue. Como no romance, Josef K é processado e tenta, a todo custo, provar a sua inocência, sem, contudo, alcançar os objetivos almejados. A nossa justiça, as nossas leis servem para ingleses e franceses lerem, e se os meus leitores olharem com atenção, perceberão que as falcatruas se sucedem desde os tempos do “Processo” de Kafka. A nossa justiça não cresceu, não se expandiu, não criou asas. Envelheceu, estancou.

Permaneceu cega e obtusa, se mantém atolada, mirrada e escondida. Por assim, todos aqueles infelizes que batem às suas portas, em busca de justiça, encontram uma rameira cara, soberba, temerária e ineficaz. Se vêm à frente, mesma linha de conduta, com juízes corruptos, promotores sórdidos e velhacos, sem falar, mas de novo o fazendo, em desembargadores bandalhos (6), e claro, o mais importante, ministros podridos (7) e improfícuos (8).  

A justiça brasileira não existe. Além de inócua, tem a boca larga, os dentes afiados e a garganta grande demais. Gosta de dinheiro. Se vende por uma bolsa cheia de notinhas de duzentos reais. Como exemplo recente, temos para ilustração, o ricaço Thiago Brennand Fernandes Vieira. Lembram da figura? Com ele, vieram dos bueiros um delegado querendo aparecer na mídia fazendo um estardalhaço danado, um promotorzinho denunciando um calhamaço para mostrar serviço e um juiz pedindo, sem mais delongas a sua prisão. O que foi que aconteceu até agora? Thiago está em Dubai, nos Emirados Árabes.

Um cagalhão conhecido como Interpol, em face de uma ordem de prisão preventiva (para dar satisfação aos trouxas) engaiolou o lindo mocinho. Entretanto, horas depois, ele estava de volta às luxurias em um hotel cinco estrelas cujas diárias ultrapassam os R$ 22 mil reais e o mais engraçado e cômico: só faltou o garotinho mimado providenciar por conta da sua “extradição” uma selfie enfiando uma banana bem grande nos fundilhos do “brazzzil” e a outra no cuzinho da nossa justiça de criancinha arteira. Quem, de fato, tomou nas tarraquetas, com todo respeito e estima, usque fizeram papeis de bobas e tolas, não outras senão as jovens Stefanie Cohen, de 30 anos, e, Alliny Helena   Gomes, de 27, aquela modelo que barbaramente se viu agredida numa academia de luxo no Shopping Iguatemi. Até agora, ambos os casos acabaram numa farta rodada de pizzas.

O machão, senhoras e senhores, responde pela justiça brasileira (responde? Kikikikikikikiki), pelos crimes de estupro, cárcere privado, tortura, lesão corporal de natureza gravíssima e coação, sem mencionarmos uma dezena de crimes sexuais envolvendo um grupo de ao menos onze vítimas. Em contrapartida, o Filipe Nascimento, lá nos cafundós do Espírito Santo, que não nasceu com o cu da bunda virado para a lua, vem tentando um Habeas Corpus não é de hoje e o “Tribuanimal de Injustiça” faz vistas grossas.

A diferença? A miserabilidade de seus bolsos. A falta das notas de duzentos reais para fazerem os representantes da boa ordem rirem. Ele não tem como “fugir” para Abu Dhabi e passar cinco minutos no Burj Khalifa, o maior prédio do mundo, subir até o topo do andar 160 e espiar a cidade a seus pés. Por tudo o que acima foi dito, retornando ao artigo de Flavio Morgenstern, e a perscrutar o quanto falta para o tribunal fechar jornais e queimar livros, prender jornalistas e cometer outras séries de barbaridades, todas elas previstas na fabulosa e fantástica “Carta Magna”, como dissemos, não falta NADA. Os descuidados e incautos que se cuidem. Jornalismo, no “brazzzil” virou peça de museu. Livros idem. E devemos nos dar por satisfeitos. Pior, quando os mi”SI”nistros resolverem usar de suas prerrogativas e nos queimarem em praça pública com nossos textos escritos.

Notas de rodapé:

1) Flavio Morgenstern – Escritor, analista político e tradutor.    

2) Buracos-botões – Referências as pregas existentes no orifício anal.

3) Espúrias – Coisas consideradas não genuínas e hipotéticas.

4) Kafka – Franz Kafka, escritor boêmio nascido em Praga. Outro livro famoso, além do citado no texto, A Metamorfose.    

5) Josef K – Personagem central de “O Processo, de Franz Kafka.  

6) Bandalhos – Pessoas sem brio ou destituída de dignidade.

7) Podridos – Forma diferenciada de grafar tudo aquilo que está apodrecido, estragado e decomposto.

8) Improfícuos – Sujeitos inúteis e improdutíveis.

Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de Brasília Distrito Federal. 21-10-2022

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2 comentários:

  1. “Boa tarde, amigo Jim
    (…)
    Com relação ao texto que estou lhe enviando sugiro que leia com bastante atenção antes.
    Não quero que o prezado sofra retaliações e a revista seja retirada do ar.
    Caso ache inconveniente me avise imediatamente que providencio a substituição.
    Como sempre, fica a seu critério a decisão final.
    No mais, forte abraço.
    Tenha um ótimo final de quinta-feira.
    PAZ!
    Aparecido, de Brasília DF.”

    Aparecido,
    Agradeço a sua preocupação. E, aproveitando o ensejo, agradeço a constante colaboração com a nossa revista. Desde 2018, né?
    Como você já percebeu, sou violentamente a favor da liberdade de expressão. E eu já declarei com clareza cinco, a revista é imparcial, porque se pretende revista, mas o seu editor é parcial, isto é, tem opinião: de extrema-direita, fascista, nazista e ista e aquila.
    Isto dito, a nossa revista não depende de fundos, noutras palavras, não ganho (ganhamos) nada, financeiramente falando.
    É um excelente exercício, para mim, de lutar ou atrasar o mal alemão, enquanto a (minha) cultura geral vai recebendo adendos. Sim, é um hobby.
    Cara, até os meus quinze anos vivi em Luanda.
    Em março de 1961, eu tinha onze anos, eu estava no Cemitério Novo de Luanda, no enterro dos policiais mortos no ataque à Esquadra, no início da Avenida do Catete, quando se ouviram tiros. Corri, como muitos, até ao fundo do cemitério, mas nem tentei transpor o alto muro, voltei para a frente do cemitério,
    Vi pessoas e, claro, agentes policiais, pois estavam com coldres na cintura, abaixados “atrás” de carros, gritando “Abaixem-se!”.
    Até hoje, não se sabe bem o que aconteceu. Tenho para mim que tudo foi desencadeado porque um idiota gritou “terroristas!”.
    De Luanda fui para o Porto, 1965/1967, Portugal sob a censura do Estado Novo.
    Aí, fui para Brazzaville, República Popular do Congo… cara, só tinha embaixadas de países comunistas: URSS, Coréia do Norte, Jugoslávia (de Tito) e todas outras.
    (Até hoje não me perdoo ter perdido – ou alguém pegou – o livrinho vermelho de Mao Tsé Tung, além de pins do PCC).
    Aí, de saco cheio de “socialismo científico” aterrissei no Galeão em 22 de março de 1972.
    Era o Brasil do regime militar. Uns chamam de Ditadura, sabemos quem são eles, derrotados.
    Aí, fui votar pela PRIMEIRA VEZ, na minha vida, sei lá, acho que em 1976, para deputado, votei em Átila Nunes.
    E em 1989, para Presidente. Aos 39 anos de idade.
    Muita gente deu a vida para que o cidadão pudesse votar, se expressar. Jamais esquecerei! E sempre agradecerei!
    Dito isto, se a minha liberdade de expressão custa a suspensão da minha/nossa revista, que assim seja. Não teremos nos subjugado a esses togados de merda!
    Obrigado e um abraço./-
    JP, 21-10-2022

    “Rara felicidade deste tempo, onde é permitido pensar o que quiser e dizer o que se pensa.”
    Tácito

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  2. Aparecido foi bem feliz em suas colocações no texto acima. Adoro quando ele fala de peito aberto do Brasil - do brazzzil - mencionando o focinho do desgraçado cheio de quadros postiços, rabiscados com tintas frias e subversivas, obviamente molduradas e não assinadas por pintores considerados renomados. Amo de paixão quando ele mostra o nosso pais (o nosso não, o deles), ou seja, o 'fodido', o 'excrementado', aquele que os Poderosos transformaram numa verdadeira privada de rodoviária. Chego a chorar de tanto rir ao ler as referências ao promotorzinho, ao juizinho, ao desembargadorzinho, ao ministrinho e outras 'inhos' como se tais registros, para ele, fossem a coisa mais natural desse mundo. E é. Em contrapartida, fico pê da vida, quando descubro que o ilustre ricaço Thiago não sei das quantas, até hoje não viu o sol nascer quadrado. E certamente não passará por esse vexame. Por aqui, quem tem grana, compra tudo: fama, dinheiro, posição, poder (menos as eleições, ou as urnas). As urnas, uau! essas são intocáveis. Estão acima de quaisquer suspeitas. Se assemelham aquelas "quengas' que ninguém tem coragem de levar para casa, ou para a cama. Espero, em breve, ver toda essa cambada de pombos famintos, de urubus que hoje fazem qualquer coisa pelo poder, se rastejando pelas cracolândias da vida. Se existe um Deus... e Ele existe, logo o capeta estará recebendo em seu mundinho escroto uma porção de novas almas. Torço, sinceramente, que por lá fiquem e não voltem nunca mais.
    Carina Bratt
    Ca
    de Brasília DF.

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