quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

O pistolão, a cunha, o doutor e o presidente

Telmo Azevedo Fernandes

Já toda a gente percebeu que houve uma grande cunha no chamado caso das gémeas luso-brasileiras. Resta apenas apurar com rigor quais os autores morais e materiais do esquema de favorecimento e privilégio que custou aos contribuintes portugueses mais de quatro milhões de euros, ao mesmo tempo que famílias portuguesas são deixadas a lutar contra burocracias e esperas infindáveis para tratamento médico idêntico para os seus filhos.

Mas há alguns aspectos sobre esta telenovela deprimente que têm sido esquecidos ou pouco comentados e que adensam suspeitas legítimas de ter havido condutas e procedimentos impróprios e eticamente reprováveis por parte do Presidente da República.

Por exemplo, o doutor Nuno, filho de Rebelo de Sousa, não é sequer amigo da família das gémeas (ver vídeo ao 1m17s). Mas, mesmo que fosse, a que título a Presidência da República dá informações sensíveis, extremamente pessoais e reservadas sobre o andamento do processo clínico das crianças ao Dr. Nuno?

A Presidência da República não faz nenhum escrutínio nem averigua se quem dirige pedidos ao Presidente tem legitimidade ou está mandatado pelos beneficiários para o fazer?

O pai do Dr. Nuno, é incapaz de dizer ao seu filho que o seu pedido não tem pés nem cabeça ser-lhe dirigido abusando da relação familiar que têm?

É admissível que tendo Marcelo recebido um e-mail particular do seu filho faça entrar essa mensagem no circuito de trabalho e seguimento dos serviços da Presidência da República?

A pedido do Presidente para se inteirar do caso, uma assessora de Marcelo contactou diretamente o hospital de Santa Maria e obteve desta instituição uma resposta clara, e tecnicamente fundamentada que deitou imediatamente por terra a pretensão dos pais para que fosse administrado em Portugal o medicamento milionário às gémeas. Sabendo disto, e sendo suposto a Presidência da República selecionar apenas os casos relevantes e minimamente plausíveis a reencaminhar para o Governo, a que propósito segue um ofício da Presidência da República para António Costa?  

Como se poderá entender que a Casa Civil do Presidente da República force e tente tornar político o tratamento de um caso que deveria ser um processo eminentemente técnico?

A falta de resposta a estas e muitas outras questões dão razão àqueles que entendem que os mais altos cargos da nação são dirigidos como chafaricas e que o regular funcionamento das instituições democráticas está longe de ser regular.

Em Portugal, destituir um Presidente da República por violação grosseira das suas obrigações enquanto chefe de estado é virtualmente impossível. Por isso conviria que Marcelo e o Dr. Nuno dessem explicações cabais e com verdade ao País.

A minha crónica-vídeo, aqui:

Título, Texto e Vídeo: Telmo Azevedo Fernandes, Blasfémias, 6-12-2023

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