quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Até quando vamos reclamar da Polícia se o crime for cometido por quem foi preso e solto?

O problema não pode ser de quem já prendeu o mesmo criminoso dez vezes, e sim de quem já soltou o bandido uma dezena de vezes, ou, no máximo, da péssima lei que permite que isto ocorra

Quintino Gomes Freire


Tudo tem limite. Vou ter voltar a um assunto que já tratei em outro artigo, em “Os Juízes precisam ser responsabilizados por quem soltam“, era sobre o caso do assassinato do jovem fã de Taylor Swift nas areias de Copacabana por um bandido reincidente, reincidente várias vezes, inclusive com homicídio no seu “currículo”. Ali teve um desdobramento, que foi a decisão do prefeito Eduardo Paes de lutar pra finalmente internar compulsoriamente os cracudos que vagam pela cidade sem rumo, medida que vem sendo planejada pelo secretário de Saúde, o sanitarista Daniel Soranz, mas vem encontrando uma oposição ignorante daquela parcela da sociedade que não oferece soluções. Aquele pessoal famoso que acha que para resolvermos algum problema do Rio temos que resolver primeiro todos os problemas. É cômodo para essa gente pensar assim; aí não precisam resolver problema nenhum.

Uma onda de crimes, que tudo indica passageira, vem ocorrendo em Copacabana neste início de temporada turística. Ela acabou tomando uma cara, a do senhor Marcelo Rubim Benchimol, de 67 anos, que foi atacado por um grupo de assaltantes que o deixou no chão desacordado, na calçada da Nossa Senhora de Copacabana, próximo à Constante Ramos: ponto mais que nobre do bairro praiano. Situação similar ao idoso também espancado, mas por uma milícia mirim conhecida no Centro do Rio, que todo mundo sabe onde fica e até de onde vem. Como sempre, há quem defenda que nada se faça contra eles, os pobres coitados “vítimas de uma sociedade”. Mas, convenhamos, o governo Fernando Henrique era, na Educação e na Assistência Social, de esquerda, ou progressista como alguns preferem, até por toda sua história de luta contra os governos militares, e depois foram 14 anos de governo PT, 20 anos então se vão, e estas vítimas continuam fazendo suas vítimas. Claro, são psicopatas, facínoras.

70% dos presos em 2023 são reincidentes

Deixa-me sair deste debate e ir para o caso concreto do que acontece atualmente em Copacabana: apenas o Segurança Presente, não levando em conta a Polícia Militar ou Civil, efetuou 70 prisões e apreensões de pessoas por crime de furto ou roubo de 1º de janeiro a 30 de junho de 2023. Deste total, 48 eram adultos que já tinham passagem pela polícia, enquanto nove eram adolescentes reincidentes, portanto, 68,6% de reincidência.

Veja, de cada 10 presos, SETE já tinham passagem pela polícia e não deveriam estar nas ruas e sim afastados da sociedade. A cadeia é feia, suja e cheia, realmente, mas sempre há a opção de não cometer crimes. Verdade, pode-se aplicar a teoria do viés da sobrevivência, que fala que os bandidos que são presos sempre são aqueles menos capazes de fugir da polícia, os mais eficientes. Ainda que apliquemos esse darwinismo criminal tresloucado, que se crie bandidos mais espertos, ainda assim temos um problema enraizado na cultura consumista do brasileiro, na falta de educação e mais que tudo, no desvio de caráter desses bandidos.

Não culpem a PM, ela já fez sua parte


Sempre que tem estas ondas de violência se fala para chamar o Governo do Estado, a União, a Prefeitura para discutir a Segurança, mas será que apenas eles precisam ser chamados? Se 70% já foram presos, a culpa não está na Segurança, está no que acontece depois dela, está no processo: a culpa claramente é da lei penal e do judiciário. Quem já prendeu um bandido 10 vezes e ainda assim assiste ele roubando de novo, não pode fazer muito para manter esta pessoa onde deve estar. O problema está na Defensoria Pública, no Ministério Público, nos juízes e no Poder Judiciário. Até pouco tempo atrás os juízes interpretavam a lei; agora se apaixonaram por dobrá-la, e isto vem de cima pra baixo. Porém é óbvio que temos uma legislação extremamente permissiva com os criminosos; bobagens como os movimentos contra o encarceramento preocupados com o suquinho de maçã que o bandido vai tomar na cadeia, ou com a qualidade do IPhone que o Bandido vai usar para fazer ameaças são grande preocupação desta gente. Seria bom que os órgãos ligados ao Direito, como os mencionados e a OAB-RJ, pudessem tratar do tema a fundo nestes vários eventos que toda hora se fazem.

Do que adianta chamar o Comandante da PM? Não há homens ou orçamento possível para cobrir cada esquina da cidade, especialmente quando se sabe que de dez bandidos que serão presos, sete já passaram pelas mãos deles. Nada causa mais dano à produtividade de qualquer trabalhador que saber que de nada adianta fazer seu trabalho bem-feito, e esse é o caso. Nem vamos entrar aqui nas estatísticas dos sarqueamentos de cracudos e mendigos feitos pelo Governo do Estado que noticiamos quase toda semana aqui no DIÁRIO: são frequentes os casos de revistas feitas em dezenas de mendigos, com todos eles tendo anotações policiais. A Superintendência da Zona Sul tem os dados.

A sociedade está se cansando

Em um momento que a sociedade percebe que nada está sendo feito, ela se cansa, ou se muda ou toma suas próprias decisões. Inclusive, nervosa e acuada, a sociedade às vezes toma decisões malucas. Seria inteligente agir para que não ocorram. Uns não saem de casa, outros contratam segurança particular e há aqueles que pensam que podem resolver com as próprias mãos. E como criticar os frequentadores de academias de jiu-jítsu que estão se mobilizando para enfrentar os bandidos? Bandido tem que apanhar de alguém, na cabeça do povo. Melhor que fosse da Polícia para que haja algum tipo de controle. Em que pese as bobagens que a esquerda pinta neste sentido, nem mesmo o grosso de seus eleitores têm pena de criminoso violento. Pode ocorrer escalada da violência, claro, mas Benjamin Franklin diria que “O momento exige que os homens de bem tenham a audácia dos canalhas”. Talvez este seja o caso.

O deputado estadual Filippe Poubbel, inclusive, propôs homenagear na Alerj as academias que agirem contra as várias gangues criminosas que esfaqueiam, matam e espancam inocentes todos os dias. “A polícia está de mãos atadas porque a lei não pune os bandidos mirins. Eu vou propor a Medalha Tiradentes para essas academias que estão empenhadas em defender os cidadãos de bem”. Quem sabe neste momento haja um grande despertar de quem ainda defende estes criminosos e o Rio de Janeiro possa voltar a ser Cidade Maravilhosa que merece?

Título e Texto: Quintino Gomes Freire, Diário do Rio, 6-12-2023

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