Paulo Hasse Paixão
Como o ContraCultura tinha previsto, os senadores democratas não poderiam suportar a pressão de manter a máquina federal norte-americana paralisada durante muito tempo. O Partido Democrata é o Estado e o Estado é o Partido Democrata. A circunstância seria sempre insustentável.
Neste contexto, o Senado deu o
primeiro passo na noite de domingo para pôr fim à mais longa paralisação
governamental da história dos EUA, com um acordo bipartidário que manterá o
governo financiado até 30 de Janeiro de 2026.
A câmara alta votou na
segunda-feira a aprovação final do acordo, e é muito provável que a Câmara dos
Representantes o envie para a mesa do presidente Trump ainda esta semana.
Sete democratas – Dick Durbin,
do Illinois, Tim Kaine, da Virgínia, Maggie Hassan e Jeanne Shaheen, de New
Hampshire, Catherine Cortez Masto e Jacky Rosen, do Nevada, e John Fetterman,
da Pensilvânia — juntamente com o independente Angus King, do Maine, votaram ao
lado de 52 republicanos para quebrar a obstrução parlamentar sobre o pacote de
despesas, que inclui três projectos-lei para financiar benefícios do SNAP
(Programa de Assistência Nutricional Suplementar – “food stamps”), programas
para veteranos e operações do Congresso até 30 de setembro de 2026.
O senador Rand Paul (R-Ky) foi
o único republicano a votar contra.
A aprovação do acordo
bipartidário no Senado está a abrir uma guerra civil no Partido Democrata.
O líder da minoria no Senado,
Chuck Schumer (D-NY), juntou-se à maioria do seu partido na votação contra o
avanço da legislação, que prevê uma votação sobre a manutenção dos subsídios da
Lei de Acesso à Saúde (Affordable Care Act) que expiram ainda este ano — mas
não oferece qualquer garantia da prorrogação de seis semanas exigida pelos
democratas.
Enquanto a votação estava em curso, Schumer afirmou no X:
“Os democratas têm lutado
há meses para resolver a crise da saúde nos Estados Unidos. Pelos milhões que
perderão a cobertura. Pelas pessoas com cancro que não receberão o tratamento
de que necessitam. Pelas famílias trabalhadoras que não podem pagar mais 25 mil
dólares por ano em cuidados de saúde. Continuaremos a lutar”.
O senador Bernie Sanders
(I-Vt.) disse simplesmente que “esta noite foi uma noite muito
má” na sua conta do X.
Os democratas da Câmara dos
Representantes, liderados pelo líder da minoria, Hakeem Jeffries (D-NY),
manifestaram indignação com o acordo para pôr fim à paralisação do governo, que
interrompeu milhares de voos em todo o país e deixou milhões de pessoas sem os
benefícios integrais do SNAP desde o início deste mês.
Jeffries protestou também no
X:
“Parece que os republicanos
do Senado vão enviar à Câmara dos Representantes um projecto-lei de despesas
que não estende os créditos fiscais da Lei de Acesso à Saúde (Affordable Care
Act). Vamos lutar contra o projeto-lei republicano na Câmara dos
Representantes, onde [speaker] Mike Johnson será obrigado a terminar as sete
semanas de férias financiadas pelos contribuintes republicanos.”
Johnson tem mantido a Câmara
dos Representantes suspensa desde 19 de setembro, quando um projeto-lei para
financiar o governo até 21 de novembro foi aprovado, mas depois chumbado pelos
senadores democratas, que votaram 14 vezes para bloquear a sua apreciação.
No domingo o representante
Ritchie Torres (democrata de Nova Iorque), afirmou em resposta aos rumores sobre o acordo:
“Se este é o tal ‘acordo’,
então o meu voto será não. Isto não é um acordo. É uma rendição incondicional
que abandona os 24 milhões de americanos cujos custos dos planos de saúde estão
prestes a duplicar.”
O representante Greg
Casar(D-Tx) também protestou:
“Aceitar nada mais do que
uma promessa de dedo mindinho dos republicanos não é um acordo — é capitulação.
Milhões de famílias vão pagar o preço.”
A representante Angie Craig
(D-Mn), reforçou a indignação de muitos democratas:
“Se as pessoas acreditam
que isto é um ‘acordo’, tenho uma ponte para vos vender. Não vou colocar 24
milhões de americanos em risco de perderem o seu plano de saúde. Sou contra.”
É verdade que os democratas do
senado receberam pouco em troca da concessão: Além da votação sobre a
prorrogação dos subsídios do Obamacare, os republicanos concordaram em
recontratar todos os funcionários federais que a administração Trump tinha
despedido durante a paralisação do governo e pagar-lhes os salários
retroactivos. Mas não há garantia nenhuma que a prorrogação dos subsídios
seja aprovada no Senado, enquanto Johnson nem sequer se comprometeu a levar a
proposta à Câmara.
Por outro lado, a conversa dos
democratas sobre os planos de saúde dos americanos escondem que o que realmente
está em causa é o financiamento, previsto no
pacote orçamental proposto pela esquerda, de cuidados médicos de saúde
gratuitos para imigrantes ilegais. E é por causa disso que o governo federal
tem estado paralisado, já que os republicanos não estão inclinados a concordar
com essa linha de financiamento.
O Congresso é responsável por
financiar o governo a cada ano fiscal, que começa a 1 de outubro.
Título, Imagem e Texto: Paulo
Hasse Paixão, ContraCultura,
11-11-2025
Senate votes to end historic government shutdown

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