Uma gravação revela corrupção
e divisão dentro do “bolivarianismo chavezista” na Venezuela.
Francisco Vianna
A chamada ‘Revolução
Bolivariana’ está cada vez mais sendo chamada na Venezuela de “robolución”, ou seja, de ‘roubolução’. O regime está imerso numa
corrupção galopante, agravado pela inépcia de seus próceres e funcionários e
pelas manobras e conspirações internas para propiciar a queda de seu líder
substituto de Hugo Chávez, Nicolás Maduro. Há uma sedenta corrida aos cofres do
país para um saqueio gigantesco que está a permitir um enriquecimento ilícito,
vertiginoso e rápido, da cúpula dirigente, tudo com o beneplácito da
inteligência cubana que controla efetivamente o país. Pelo menos é o que revela
um personagem do primeiro escalão do regime, Mario Silva, angustiado pela
possibilidade de a oposição vir a acabar com a situação de submissão à
inteligência de Havana e com o empobrecimento acentuado do povo venezuelano.
As revelações de Mario Silva –
que é um dos porta-vozes mais visíveis do chavezismo – deixam claras as
profundas fissuras existentes entre Maduro e Diosdado Cabello (presidente do
Congresso ou Assembleia Nacional), que é considerado uma das maiores ameaças ao
processo ‘revolucionário’ comunista por sua alegada ‘avareza e desmedida ambição de poder’. Cabello era quem, segundo a
violada Constituição venezuelana, deveria ter assumido a presidência do país
para o mandato tampão a que foi guindado Maduro por meio de um golpe apoiado
pelas Forças Armadas.
Tais declarações de Mario Silva estão contidas numa gravação que foi entregue pela oposição à imprensa e que foram expressas durante uma conversa entre Silva e um agente da inteligência cubana, identificado como Palacios, na qual o dirigente chavezista o advertia sobre o grave perigo enfrentado pelo regime de Maduro diante das manobras de Cabello.
Tais declarações de Mario Silva estão contidas numa gravação que foi entregue pela oposição à imprensa e que foram expressas durante uma conversa entre Silva e um agente da inteligência cubana, identificado como Palacios, na qual o dirigente chavezista o advertia sobre o grave perigo enfrentado pelo regime de Maduro diante das manobras de Cabello.
Apesar de o primeiro nome do
agente cubano não ter sido mencionado na gravação, analistas disseram que pode
se tratar de Aramis Palacios, um tenente-coronel enviado pela ditadura cubana a
Caracas para treinar o chavezismo nas tarefas de ‘contrainteligência’.
Na gravação, Mário Silva diz
ao seu interlocutor cubano, literalmente, o seguinte: "Eu tenho medo, Palacios. Um medo [...] Que eu diria visceral,
emocional, muito aferrado. Tenho estado muito deprimido nos dias de hoje. Mas
eu tenho um medo, mas um medo terrível de que estejamos a enviar toda essa
merda para o espaço". Silva tem um programa de TV chamado ‘La Hojilla’
(O Folhetim), que é visto como uma das principais plataformas de Chávez para
transmissão ideológica (lavagem cerebral marxista).
De acordo com Silva, “a imensa corrupção praticada pela cúpula do
chavezismo, cuja cúpula trata de se enriquecer ao máximo e a toque de caixa, é
um dos principais fatores da deterioração da economia venezuelana, praguejada
neste momento por uma das mais altas taxas de inflação do planeta e por um
déficit público que representa o dobro do ocorrido na sofrida e atribulada
Espanha, além de uma aguda escassez de produtos de primeira necessidade que
causa uma crescente insatisfação popular no país”.
E o mais cruel e
irônico de tudo é que, além dos capitais terem se espaventado para fora da
Venezuela e a mão de obra qualificada ter emigrado para os países vizinhos, é
descomunal a quantidade de dinheiro que os corruptos atuais estão enviando para
fora do país, principalmente para os EUA e paraísos fiscais, segundo o consenso
da classe média.
Em suas confissões ao cubano,
Silva disse em dado momento que a corrupção, ainda durante o governo de Chávez,
era tão alarmante, que o então guru das finanças públicas venezuelanas, Jorge
Giordani, esteve a ponto de renunciar ao seu cargo no ministério do falecido.
Segundo Silva, “um dos que mais
enriqueceu ilicitamente com tanta corrupção foi Diosdado Cabello”. “Vou cair
fora desta faina porque estes putos estão sangrando o país”, teria dito
Giordani ao então ministro da Defesa, Henry Rangel Silva, referindo-se às
‘meganegociatas’ nas quais grupos associados a Cabello roubavam a metade das
centenas de milhões de dólares que recebiam com ‘taxa preferencial’ para
realizar importantes obras ou importar produtos de primeira necessidade.
Mas, além do impacto econômico
de toda essa corrupção, vejam como Mário Silva procura entregar mais a
Venezuela ao controle de Cuba para garantir ao máximo o “socialismo
bolivariano” no país. Silva se mostra perante o enviado de Havana preocupado
pelo poder político de Diosdado Cabello sobre o setor policial e militar do
país, e com suas manobras para, segundo diz, ‘se impor a Maduro’. “Tal
concentração de poder torna Cabello um perigo para a sustentabilidade do regime
comunista de Maduro”, diz Silva. “Maduro
está obrigado, sim, está obrigado, a seguir a trilha do Comandante [Chávez]; e
está obrigado a por contra a parede Diosdado Cabello. Obrigado…”, comentou.
“Oxalá
meu Comandante tenha mandado gravar um vídeo no qual tenha exposto os motivos
de ter escolhido Maduro para sucedê-lo, em face do que estavam conspirando a
toda faina. Porque estou certo de que meu Comandante sabia que ia morrer logo,
tenho certeza disso. Mas meu Comandante, caso fosse deixar tudo bem costurado,
deve ter gravado tal vídeo. Teria que tê-lo gravado”, acrescentou. E
continua: “Esse vídeo, se existir, seria
importante para derrubar Cabello e tirá-lo do caminho, porque Maduro não tem
força suficiente para afastar o presidente da Assembleia Nacional por sua
própria conta”. “Além disso, Diosdado
também pode acusar Maduro de traição e [nesse caso] criar uma confusão total
dos diabos no país e a única forma de deter Diosdado será a existência de uma
prova cabal e indiscutível de que o Comandante sabia de tido”, disse na
gravação.
![]() |
Mario Silva, o comunista entreguista da Venezuela à ditadura cubana, é o pior inimigo interno que o povo venezuelano tem. |
O dirigente chavezista sugeriu
que a eliminação de Diosdado Cabello também seria do interesse de Cuba, já que
o presidente da Assembleia Nacional, na realidade, acredita que a aliança entre
a Venezuela e a ilha-cárcere dos Castros deve ser posta de lado, uma vez que
Cuba representa hoje um fardo pesado demais para ser carregado pelo país.
Mario Silva explicou ainda em
sua conversa com Palacios que “em face
das necessidades por que estamos passando, os que formam os grupos em torno de
Diosdado Cabello, consideram uma obrigação a da Venezuela se desligar, manter
relações diplomáticas, mas por fim à ‘irmandade’ que existe atualmente, e
acabar com os ‘convênios’ firmados com Cuba”, disse o dirigente.
Seu interlocutor cubano
concordou que isso terminaria com os programas de “assistência médica”,
conhecidos como “Barrio Adentro” que,
na verdade, além de algum atendimento primário de qualidade extremamente
duvidosa, se dedica muito mais à lavagem cerebral marxista dos bairros mais
pobres de Caracas e se mantêm em estreita submissão à inteligência de Havana.
Como se pode deduzir dessa
gravação, não é impossível que Diosdado Cabello, por mais que tenha enriquecido
com a corrupção generalizada e desenfreada do regime “bolivariano”, passe a
formar, ostensivamente ou por baixo dos panos, uma aliança com a oposição de
Capriles, caso esse líder assim entenda como útil para frear a entrega de um
país inteiro à ditadura cubana.
Ao invés do regime encontrar
um vídeo sonhado por Mario Silva ou outra qualquer prova que possa incriminar
Cabello, foi a oposição que recebeu de presente uma gravação que equivale a uma
imensa quantidade de merda jogada no ventilador de uma Venezuela quase
destruída pela famigerada mentalidade socialista.
Afinal, é mais fácil correr
atrás e pegar um mentiroso do que um coxo...
Título e Texto: Francisco Vianna, (da mídia internacional), 21-05-2013
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