quarta-feira, 22 de maio de 2013

O óbvio começa a se tornar visível

Uma gravação revela corrupção e divisão dentro do “bolivarianismo chavezista” na Venezuela.
Francisco Vianna
A chamada ‘Revolução Bolivariana’ está cada vez mais sendo chamada na Venezuela de “robolución”, ou seja, de ‘roubolução’. O regime está imerso numa corrupção galopante, agravado pela inépcia de seus próceres e funcionários e pelas manobras e conspirações internas para propiciar a queda de seu líder substituto de Hugo Chávez, Nicolás Maduro. Há uma sedenta corrida aos cofres do país para um saqueio gigantesco que está a permitir um enriquecimento ilícito, vertiginoso e rápido, da cúpula dirigente, tudo com o beneplácito da inteligência cubana que controla efetivamente o país. Pelo menos é o que revela um personagem do primeiro escalão do regime, Mario Silva, angustiado pela possibilidade de a oposição vir a acabar com a situação de submissão à inteligência de Havana e com o empobrecimento acentuado do povo venezuelano.


Cabello e Maduro, os nouveaux riches do comunismo bolivariano
As revelações de Mario Silva – que é um dos porta-vozes mais visíveis do chavezismo – deixam claras as profundas fissuras existentes entre Maduro e Diosdado Cabello (presidente do Congresso ou Assembleia Nacional), que é considerado uma das maiores ameaças ao processo ‘revolucionário’ comunista por sua alegada ‘avareza e desmedida ambição de poder’. Cabello era quem, segundo a violada Constituição venezuelana, deveria ter assumido a presidência do país para o mandato tampão a que foi guindado Maduro por meio de um golpe apoiado pelas Forças Armadas.
Tais declarações de Mario Silva estão contidas numa gravação que foi entregue pela oposição à imprensa e que foram expressas durante uma conversa entre Silva e um agente da inteligência cubana, identificado como Palacios, na qual o dirigente chavezista o advertia sobre o grave perigo enfrentado pelo regime de Maduro diante das manobras de Cabello. 
Apesar de o primeiro nome do agente cubano não ter sido mencionado na gravação, analistas disseram que pode se tratar de Aramis Palacios, um tenente-coronel enviado pela ditadura cubana a Caracas para treinar o chavezismo nas tarefas de ‘contrainteligência’.
Na gravação, Mário Silva diz ao seu interlocutor cubano, literalmente, o seguinte: "Eu tenho medo, Palacios. Um medo [...] Que eu diria visceral, emocional, muito aferrado. Tenho estado muito deprimido nos dias de hoje. Mas eu tenho um medo, mas um medo terrível de que estejamos a enviar toda essa merda para o espaço". Silva tem um programa de TV chamado ‘La Hojilla’ (O Folhetim), que é visto como uma das principais plataformas de Chávez para transmissão ideológica (lavagem cerebral marxista).
De acordo com Silva, “a imensa corrupção praticada pela cúpula do chavezismo, cuja cúpula trata de se enriquecer ao máximo e a toque de caixa, é um dos principais fatores da deterioração da economia venezuelana, praguejada neste momento por uma das mais altas taxas de inflação do planeta e por um déficit público que representa o dobro do ocorrido na sofrida e atribulada Espanha, além de uma aguda escassez de produtos de primeira necessidade que causa uma crescente insatisfação popular no país”.
E o mais cruel e irônico de tudo é que, além dos capitais terem se espaventado para fora da Venezuela e a mão de obra qualificada ter emigrado para os países vizinhos, é descomunal a quantidade de dinheiro que os corruptos atuais estão enviando para fora do país, principalmente para os EUA e paraísos fiscais, segundo o consenso da classe média.
Em suas confissões ao cubano, Silva disse em dado momento que a corrupção, ainda durante o governo de Chávez, era tão alarmante, que o então guru das finanças públicas venezuelanas, Jorge Giordani, esteve a ponto de renunciar ao seu cargo no ministério do falecido. Segundo Silva, “um dos que mais enriqueceu ilicitamente com tanta corrupção foi Diosdado Cabello”. “Vou cair fora desta faina porque estes putos estão sangrando o país”, teria dito Giordani ao então ministro da Defesa, Henry Rangel Silva, referindo-se às ‘meganegociatas’ nas quais grupos associados a Cabello roubavam a metade das centenas de milhões de dólares que recebiam com ‘taxa preferencial’ para realizar importantes obras ou importar produtos de primeira necessidade.
Mas, além do impacto econômico de toda essa corrupção, vejam como Mário Silva procura entregar mais a Venezuela ao controle de Cuba para garantir ao máximo o “socialismo bolivariano” no país. Silva se mostra perante o enviado de Havana preocupado pelo poder político de Diosdado Cabello sobre o setor policial e militar do país, e com suas manobras para, segundo diz, ‘se impor a Maduro’. “Tal concentração de poder torna Cabello um perigo para a sustentabilidade do regime comunista de Maduro”, diz Silva. “Maduro está obrigado, sim, está obrigado, a seguir a trilha do Comandante [Chávez]; e está obrigado a por contra a parede Diosdado Cabello. Obrigado…”, comentou.
 Oxalá meu Comandante tenha mandado gravar um vídeo no qual tenha exposto os motivos de ter escolhido Maduro para sucedê-lo, em face do que estavam conspirando a toda faina. Porque estou certo de que meu Comandante sabia que ia morrer logo, tenho certeza disso. Mas meu Comandante, caso fosse deixar tudo bem costurado, deve ter gravado tal vídeo. Teria que tê-lo gravado”, acrescentou. E continua: “Esse vídeo, se existir, seria importante para derrubar Cabello e tirá-lo do caminho, porque Maduro não tem força suficiente para afastar o presidente da Assembleia Nacional por sua própria conta”. “Além disso, Diosdado também pode acusar Maduro de traição e [nesse caso] criar uma confusão total dos diabos no país e a única forma de deter Diosdado será a existência de uma prova cabal e indiscutível de que o Comandante sabia de tido”, disse na gravação.
Mario Silva, o comunista entreguista da Venezuela à ditadura cubana, é o pior inimigo interno que o povo venezuelano tem.
Segundo Mario Silva, Maduro quer afastar Cabello, mas não sabe como. “Acredito que Nicolás, assim, tenha vontade de fazer o que quer fazer, mas está enrolado. Vou supor isso porque o tenho visto, porque falando com ele tenho constatado isso, e vou supor que ele tenha a vontade, mas as amarras que o impedem estão em todos os grupos de poder [controlados por Cabello] ”, explicou no áudio.
O dirigente chavezista sugeriu que a eliminação de Diosdado Cabello também seria do interesse de Cuba, já que o presidente da Assembleia Nacional, na realidade, acredita que a aliança entre a Venezuela e a ilha-cárcere dos Castros deve ser posta de lado, uma vez que Cuba representa hoje um fardo pesado demais para ser carregado pelo país.
Mario Silva explicou ainda em sua conversa com Palacios que “em face das necessidades por que estamos passando, os que formam os grupos em torno de Diosdado Cabello, consideram uma obrigação a da Venezuela se desligar, manter relações diplomáticas, mas por fim à ‘irmandade’ que existe atualmente, e acabar com os ‘convênios’ firmados com Cuba”, disse o dirigente.
Seu interlocutor cubano concordou que isso terminaria com os programas de “assistência médica”, conhecidos como “Barrio Adentro” que, na verdade, além de algum atendimento primário de qualidade extremamente duvidosa, se dedica muito mais à lavagem cerebral marxista dos bairros mais pobres de Caracas e se mantêm em estreita submissão à inteligência de Havana.
Como se pode deduzir dessa gravação, não é impossível que Diosdado Cabello, por mais que tenha enriquecido com a corrupção generalizada e desenfreada do regime “bolivariano”, passe a formar, ostensivamente ou por baixo dos panos, uma aliança com a oposição de Capriles, caso esse líder assim entenda como útil para frear a entrega de um país inteiro à ditadura cubana.
Ao invés do regime encontrar um vídeo sonhado por Mario Silva ou outra qualquer prova que possa incriminar Cabello, foi a oposição que recebeu de presente uma gravação que equivale a uma imensa quantidade de merda jogada no ventilador de uma Venezuela quase destruída pela famigerada mentalidade socialista.
Afinal, é mais fácil correr atrás e pegar um mentiroso do que um coxo...
Título e Texto: Francisco Vianna, (da mídia internacional), 21-05-2013

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