segunda-feira, 15 de junho de 2015

Sequestros em cascata

José Manuel

O senhor Libório, com setenta e cinco anos, dos quais quarenta e cinco dedicados à mesma empresa, todos os dias faz o mesmo roteiro na parte da manhã.

Sai do prédio onde mora, às 7h30, anda até à praia, descansa em um banco na calçada, encontra seus amigos aposentados e conversa sobre os crimes de colarinho branco e as manchetes políticas do dia.

Após uma hora de papo, levanta-se, despede-se e vai andar pela calçada da praia para fazer a sua ginástica diária recomendada à sua idade.

Na volta à sua casa, seu Libório passa pela mesma padaria de sempre, compra o pão desejado que levará para tomar um café com a sua esposa.

Mas, antes de chegar em casa sempre passa pela agência bancária onde tem uma conta-pagamento da previdência social, verifica o seu saldo e o montante da sua dívida junto àquele estabelecimento bancário.

Naquele dia, não foi diferente, apenas a rotina foi cortada quando ao sair do banco viu-se jogado por dois brutamontes dentro de um carro que saiu em grande velocidade. Queriam o seu cartão do banco com a respectiva senha, para poder soltá-lo em uma esquina de outro bairro.

O senhor Libório é um aposentado do fundo de pensão AERUS, o qual contribuiu durante trinta anos, e vai ao banco todos os dias pois é mais um dos pobres coitados dependentes do empréstimo consignado daquele banco para poder sobreviver.

Há nove anos luta para receber o que lhe foi surripiado, torce para que a justiça libere o que a sua ex-empresa ganhou na justiça, cuja parte será destinada exatamente ao seu pagamento.

Foi alforriado e passou a ser tutelado pelo Estado até que essa mesma Justiça resolva o que vai fazer com o processo que ele já ganhou. Então, ganha um mês sim, vários não, pois o governo e o judiciário não se entendem, mas também não querem saber se ele e a sua família têm ou não um plano de saúde, se a alimentação está suficiente, se eles precisam de remédios, quantos bens já tiveram de ser vendidos para pagar contas atrasadas, e todas as histórias concernentes…

O senhor Libório, quando se aposentou pela Previdência Social, tinha uma estimativa de vida e de compromissos.
Além do salário de aposentado da previdência que desde que se aposentou vem se erodindo por mágicas espetaculosas de planos econômicos e inflações inimagináveis, pensava em ter a sua aposentadoria complementada por um fundo de pensão atrativo até porque era garantido pela própria União. Hoje o seu status é de devedor do sistema bancário através do crédito consignado, não recebe a sua complementação e está nas mãos de bandidos dentro de um carro, nas mãos da justiça que não para de brincar com a sua vida e nas mãos da União que cada vez mais lhe tira o que pode através da defasagem de um salário de aposentado.

A história do senhor Libório para lá de real é a verossimilhança de cada um de nós. Não há necessidade de continuar com relatos bastante conhecidos.

A pergunta que se faz presente é a quantos sequestros o senhor Libório está sujeito neste país que a cada dia se transforma num lugar excelente para se desperdiçar a vida?

Até quando vamos continuar inertes a uma situação que está cada dia que passa mais clara, em que estamos sendo explorados por vários tipos de bandidagem explícita?

Recentemente, li na imprensa que a família do brasileiro morto pela polícia em Londres, vendo que não conseguia acionar a justiça local, apelou para um tribunal internacional de direitos humanos.
E a ação já está correndo, o que certamente levará a Inglaterra a um vexame memorável.

E nós? A quantos sequestros vamos continuar suportando e resistindo?
Vamos continuar com greves de fome, invasões disto ou aquilo?

A bandidagem seja informal ou formal está andando para todos nós, façamos o que for, e é isso que temos que acordar de uma vez, sairmos desta apoplexia que está nos corroendo os órgãos vitais a cada dia que passa e com urgência tomarmos atitudes, pois passado policialesco é o que não nos falta para contar a um tribunal internacional de direitos humanos.

Se alguém se interessar, pesquisem e vejam que o estado brasileiro é useiro e vezeiro em infringir leis, internacionais, inclusive.

A boa notícia é que confrontado juridicamente por uma corte internacional perde quase todas.

Venho tocando nesta tecla há, no mínimo, quatro anos, que temos que nos unir sob uma liderança jurídica e partir definitivamente para a briga.

Fiquem sabendo que é isso exatamente o que eles não querem, pois vão levar mais uma goleada em seu próprio gramado.
E aí, companheiros?
Afinal, trair e coçar, é só começar!
Título e Texto: José Manuel, cansado de viver a bandidagem do dia a dia, 15-6-2015

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