quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Inversão de valores


Peter Rosenfeld
Tenho a impressão de que está ocorrendo em nosso País, já de algum tempo, uma incrível inversão de valores em quase todos os aspectos de nosso dia-a-dia.
Vejamos a que me quero referir:
- Presenciamos de alguma maneira a invasão que “alunos” fizeram no campus da USP, desta vez atingindo a reitoria, protestando contra algo que havia ocorrido ou sido decidido pela Universidade.
Há que lembrar, de início, que a USP é um próprio estadual, ou seja, pertence ao Estado de São Paulo ou, como gostam de dizer os demagogos, é do povo.
Sabemos que o povo brasileiro foi abençoado por quem o concebeu e criou, no sentido de sua gente ser ordeira, cordata, de muito bom caráter. Manifestações como aquela na USP, com quebra-quebra e destruição,  certamente foram organizadas e comandadas por gente que pode querer qualquer coisa, menos estudar e defender uma boa causa.
Foi registrada a presença desses profissionais da arruaça comandando a manifestação. Essas pessoas são tudo menos estudantes. Aliás, em outras palavras, são estudantes profissionais, sustentados e comandados por gente que não sabe construir; só sabe destruir, depredar.
Mas se auto-professam democratas quando, na realidade, são da pior espécie de bolcheviques.
Para minha estupefação, uma tal de Associação de Juízes para a Democracia – AJD veio a público para se solidarizar com os “estudantes” arruaceiros e destruidores.
Que juízes serão esses, que não pertencem às associações de magistrados conhecidas e aceitas desde há muito ? E que noção esquisita do que seja democracia têm esses “magistrados”! Algo de muito errado está ocorrendo aí!
- Outro assunto que me tem intrigado é a falta de recursos para nossos esportes amadores, sabendo-se que o Brasil é um dos grandes cassinos do mundo e o governo brasileiro um dos grandes, se não o maior, banqueiro mundial do jogo.

É impressionante a quantidade de loterias que há no Brasil.
É igualmente, ou até mais impressionante a falta de recursos postos à disposição de nossos esportes amadores.
A propósito, penso que não há mais qualquer esporte que seja verdadeiramente “amador”.
Para atingir os níveis de excelência atuais o desportista tem que se exercitar diariamente durante várias horas. Para isso, acaba tendo que residir junto ou muito próximo do local onde treina. Os equipamentos, cada vez mais sofisticados, são também cada vez mais caros. Os treinadores são profissionais. E isso tudo não custa pouco.
Alguém tem que bancar o custo, pois raramente, muito raramente, o atleta vem de uma família abastada.
Cabe ao governo bancar esses custos. Para isso existem as loterias todas, estaduais e federais, quando não também municipais.
O governo brasileiro não cumpre sua obrigação. Nossos esportes amadores sofrem brutalmente com isso, e sabemos que temos material humano (que os esportistas me perdoem essa expressão, “material humano”) de primeira classe.
Ah, sim, estava esquecendo: temos um “Ministério dos Esportes” há muitos anos, mas esse só serve, aparentemente, para tentar saciar o apetite de um bando de corruptos que enche seus próprios bolsos mas nada faz para promover os esportes brasileiros!
É uma vergonha nacional, em uma nação povoada por gente sem vergonha...
- Finalmente, não posso deixar de mencionar o triste final do caso “Ministério do Trabalho”! Repito o que já escrevi mais de uma vez em meus textos: que herança maldita o ex-Presidente da Silva deixou para sua sucessora!
Amigo assim eu não gostaria de ter!
Até agora foram seis os ministros demitidos por corrupção! Seis em menos de um ano! Nunca antes neste Paiz isso tinha acontecido (e espero que nunca mais aconteça)!
Há um velho ditado no Brasil, “o que abunda não prejudica”. Pois aqui estamos diante de um caso em que a abundância prejudicou, e muito!
Aqui vai um elogio ao ex-Presidente Collor: criou cinco ou seis super-ministérios que, a sua vez, comandavam alguns ministérios (lembro que para a infra-estrutura foi nomeado o Sr. Osiris Silva, cidadão e profissional de primeiríssima classe).
Esses cinco ou seis Ministros despachavam com o Presidente; os demais ministros (dois a quatro) despachavam com um dos cinco ou seis.
O sistema era muito bem concebido e permitia um funcionamento tranqüilo da máquina governamental.
Em nosso caso atual, está tudo errado! A Presidência ter que despachar com 38 ou 39 ministros é absolutamente inviável. E com o material humano que o Sr. da Silva e os partidos colocaram à disposição da Sra. Rousseff, só podia dar no que deu e ainda está dando!
O Sr. Lupi jamais poderia ser ministro, seja lá do que fosse. Demonstrou isso à saciedade quando foi demitido (perdão, quando pediu demissão...!!!)
E a Sra. Rousseff jamais deveria ter agradecido pela colaboração que recebeu do Sr. Lupi (aliás, como fez com todos os demais ministros ejetados). Todos prejudicaram muito mais do que ajudaram a Sra. Presidente!
Título e Texto: Peter Wilm Rosenfeld, Porto Alegre (RS), 07 de dezembro de 2011

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