Peter Rosenfeld
Tenho a impressão de que está
ocorrendo em nosso País, já de algum tempo, uma incrível inversão de valores em
quase todos os aspectos de nosso dia-a-dia.
Vejamos a que me quero
referir:
- Presenciamos de alguma
maneira a invasão que “alunos” fizeram no campus da USP, desta vez atingindo a
reitoria, protestando contra algo que havia ocorrido ou sido decidido pela
Universidade.
Há que lembrar, de início, que
a USP é um próprio estadual, ou seja, pertence ao Estado de São Paulo ou, como
gostam de dizer os demagogos, é do povo.
Sabemos que o povo brasileiro
foi abençoado por quem o concebeu e criou, no sentido de sua gente ser ordeira,
cordata, de muito bom caráter. Manifestações como aquela na USP, com
quebra-quebra e destruição, certamente
foram organizadas e comandadas por gente que pode querer qualquer coisa, menos
estudar e defender uma boa causa.
Foi registrada a presença
desses profissionais da arruaça comandando a manifestação. Essas pessoas são
tudo menos estudantes. Aliás, em outras palavras, são estudantes profissionais,
sustentados e comandados por gente que não sabe construir; só sabe destruir,
depredar.
Mas se auto-professam
democratas quando, na realidade, são da pior espécie de bolcheviques.
Para minha estupefação, uma
tal de Associação de Juízes para a Democracia – AJD veio a público para se
solidarizar com os “estudantes” arruaceiros e destruidores.
Que juízes serão esses, que
não pertencem às associações de magistrados conhecidas e aceitas desde há muito
? E que noção esquisita do que seja democracia têm esses “magistrados”! Algo de
muito errado está ocorrendo aí!
- Outro assunto que me tem
intrigado é a falta de recursos para nossos esportes amadores, sabendo-se que o
Brasil é um dos grandes cassinos do mundo e o governo brasileiro um dos
grandes, se não o maior, banqueiro mundial do jogo.
É impressionante a quantidade
de loterias que há no Brasil.
É igualmente, ou até mais
impressionante a falta de recursos postos à disposição de nossos esportes
amadores.
A propósito, penso que não há
mais qualquer esporte que seja verdadeiramente “amador”.
Para atingir os níveis de
excelência atuais o desportista tem que se exercitar diariamente durante várias
horas. Para isso, acaba tendo que residir junto ou muito próximo do local onde
treina. Os equipamentos, cada vez mais sofisticados, são também cada vez mais
caros. Os treinadores são profissionais. E isso tudo não custa pouco.
Alguém tem que bancar o custo,
pois raramente, muito raramente, o atleta vem de uma família abastada.
Cabe ao governo bancar esses
custos. Para isso existem as loterias todas, estaduais e federais, quando não
também municipais.
O governo brasileiro não
cumpre sua obrigação. Nossos esportes amadores sofrem brutalmente com isso, e
sabemos que temos material humano (que os esportistas me perdoem essa
expressão, “material humano”) de primeira classe.
Ah, sim, estava esquecendo: temos
um “Ministério dos Esportes” há muitos anos, mas esse só serve, aparentemente,
para tentar saciar o apetite de um bando de corruptos que enche seus próprios
bolsos mas nada faz para promover os esportes brasileiros!
É uma vergonha nacional, em
uma nação povoada por gente sem vergonha...
- Finalmente, não posso deixar
de mencionar o triste final do caso “Ministério do Trabalho”! Repito o que já
escrevi mais de uma vez em meus textos: que herança maldita o ex-Presidente da
Silva deixou para sua sucessora!
Amigo assim eu não gostaria de
ter!
Até agora foram seis os
ministros demitidos por corrupção! Seis em menos de um ano! Nunca antes neste
Paiz isso tinha acontecido (e espero que nunca mais aconteça)!
Há um velho ditado no Brasil,
“o que abunda não prejudica”. Pois aqui estamos diante de um caso em que a
abundância prejudicou, e muito!
Aqui vai um elogio ao
ex-Presidente Collor: criou cinco ou seis super-ministérios que, a sua vez,
comandavam alguns ministérios (lembro que para a infra-estrutura foi nomeado o
Sr. Osiris Silva, cidadão e profissional de primeiríssima classe).
Esses cinco ou seis Ministros
despachavam com o Presidente; os demais ministros (dois a quatro) despachavam
com um dos cinco ou seis.
O sistema era muito bem
concebido e permitia um funcionamento tranqüilo da máquina governamental.
Em nosso caso atual, está tudo
errado! A Presidência ter que despachar com 38 ou 39 ministros é absolutamente
inviável. E com o material humano que o Sr. da Silva e os partidos colocaram à
disposição da Sra. Rousseff, só podia dar no que deu e ainda está dando!
O Sr. Lupi jamais poderia ser
ministro, seja lá do que fosse. Demonstrou isso à saciedade quando foi demitido
(perdão, quando pediu demissão...!!!)
E a Sra. Rousseff jamais
deveria ter agradecido pela colaboração que recebeu do Sr. Lupi (aliás, como
fez com todos os demais ministros ejetados). Todos prejudicaram muito mais do
que ajudaram a Sra. Presidente!
Título e Texto: Peter Wilm Rosenfeld, Porto
Alegre (RS), 07 de dezembro de 2011
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