domingo, 10 de junho de 2012

O bispo, que não é Macedo, o bedelhudo


Porque é que a Associação República e Laicidade não exige a separação entre o Estado e Januário Torgal Ferreira, de preferência mediante a oferta de um retiro vitalício na Bolívia? Após o elogio do primeiro-ministro à "paciência" dos portugueses, no máximo uma redundância infantil, D. Januário apareceu logo a comparar o dr. Passos Coelho a Salazar (um clássico) e a sugerir (ou, no seu estilo quase frontal, a quase sugerir) que o povo saísse à rua em alvoroço.
D. Januário é assim: passa os dias à espera de um pretexto para apelar a gestos dramáticos das massas. E se é verdade que as massas não lhe ligam nenhuma, também é verdade que D. Januário nem precisa de pretexto: qualquer coisa - uma frase infeliz, uma frase neutra, um espirro - fomenta a alegada revolta da criatura.
Escusado acrescentar, a criatura está no seu direito. Só não percebo como é que tamanha irreverência mantém D. Januário confinado a dois estabelecimentos tão institucionais e em geral circunspectos quanto a Igreja e a tropa. Por outro lado, não percebo porque é que a Igreja e a tropa mantêm D. Januário: suponho que tentar promover agitações colectivas não seja uma das funções do bispo das Forças Armadas. Só não me perguntem que funções são essas: não sou crente nem militar. Mesmo que fosse, suspeito que não saberia a resposta.
Texto: Alberto Gonçalves, Diário de Notícias, 10-06-2012

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