domingo, 16 de setembro de 2012

A estultice americana no Oriente Médio

Americanos “agradecem” a Obama por ter usado terroristas para depor regimes no Egito e na Líbia e que agora estão atacando os corpos diplomáticos estadunidenses
Francisco Vianna


Muitos americanos tentaram avisar Barack Obama de que usar militantes da al-Qaeda e outros terroristas para derrubar governos no Oriente Médio não iria acabar bem. A Casa Branca tem estado tão obstinada em se livrar de alguns desses ditadores que desestabilizam o Oriente Médio que ainda não parou para pensar sobre quem seria colocado no lugar deles.
Os líderes estadunidenses têm afirmado ao seu povo que aqueles que se opuseram a Mubarak e Gaddafi são “lutadores pela liberdade” e que apenas querem “liberdade” e “democracia” em seus países, algo que, na verdade eles não têm a menor noção do que vem a ser. E isso nos leva à certeza de que a turma que assumiu o controle no Egito e na Líbia em nada faz lembrar personagens como George Washington ou Thomas Jefferson.
Essa gente simplesmente substituiu uma forma de tirania por outra forma de tirania ainda pior. Tristemente, os últimos poucos dias têm servido como uma enorme onda de alertas a todos os americanos. Militantes islâmicos radicais arrebentaram a embaixada americana no Cairo e substituíram a bandeira dos EUA pela da al-Qaeda.
Em Benghazi, na Líbia, o consulado americano foi atacado por uma multidão portando armas, dispositivos explosivos de fabricação doméstica, e lança-granadas. Incendiaram completamente o consulado, saquearam-no, e mataram o embaixador e três outros funcionários americanos.
Aparentemente, eles não estão tão agradecidos pela ajuda que os EUA deram para “libertar” seus países quanto o governo Obama poderia pensar que estivessem. Infelizmente, os políticos da grande nação do norte, fundamentalmente, não entenderam direito o que está acontecendo no Oriente Médio, e essa falta de entendimento continua a levá-los cada vez mais a políticas errôneas para a região. Por anos, os membros do Capitólio, da Casa Branca, e até do Pentágono, disseram a sua gente que a al-Qaeda era o grande inimigo na “guerra contra o terror”.
Todavia, durante a recente “Primavera Árabe”, vimos o governo americano trabalhando abertamente com os militantes da al-Qaeda e um bando de outras organizações terroristas semelhantes em todo o Oriente Médio para derrubar governos estabelecidos.


Dizer que a abordagem de Washington no Oriente Médio tem sido “inconsistente” seria uma maciça subestimação do que ocorre por lá. Depois que manifestantes depredaram a embaixada dos EUA no Cairo, ficou bem claro quem está alinhado com quem. Rasgaram a bandeira americana e a profanaram, além de terem posto uma bandeira negra islâmica em seu lugar.
E o que fez a bandeira negra no lugar da americana? Segundo a CNN, a bandeira negra é descrita da seguinte maneira: “a bandeira negra, que está hasteada no cimo de uma escada dentro do complexo diplomático, está adornada com caracteres árabes onde se lê: “Não há outro deus além de Alá e Maomé é seu profeta”, uma frase frequentemente usada na propaganda da al-Qaeda. Isso nos leva a própria lembrança do que ocorreu na Líbia alguns dias após a deposição e assassinato de Muammar Gaddafi pela turba revoltosa. 
Na ocasião, o jornal ‘Daily Mail’ e outros da mídia internacional postaram fotos da bandeira negra da al-Qaeda tremulando alto e orgulhosa no teto do Tribunal de Justiça de Benghazi… A mesma bandeira da al-Qaeda estava hasteada ontem quando a OTAN deu formalmente por encerrada sua campanha militar no país e se retirou de lá. Sob seu signo, os novos governantes do país impuseram ‘lei sharia’ a partir do momento em que tomaram o poder. Ora, a lei islamofascista conhecida por “sharia” é simplesmente incompatível com o regime democrático; não é possível a coexistência entre ambos. O resultado é que, hoje, o governo egípcio está completamente dominado pela Irmandade Muçulmana. Ela detém 47 % dos assentos no parlamento e o novo presidente do Egito pertence à essa organização islamofascista.


Destarte, como o governo egípcio poderá responder adequadamente a este ‘incidente’? Bem, eles emitiram uma nota condenando timidamente os atentados, em inglês, mas também anunciaram, em árabe, que novos protestos contra o filme anti-islâmico que, como alegado originalmente gerou a violência, serão realizados na Praça Tahrir na sexta-feira (hoje). Tem-se como certo que novas rodadas de protestos massivos definitivamente irão acalmar todo mundo. Ou não! Se tudo der certo, espera-se que a embaixada americana no Cairo esteja significativamente melhor defendida na sexta-feira de hoje.
Na Líbia, o consulado americano foi essencialmente destruído. Podem ser vistas fotos de como se encontram as instalações consulares dos EUA na cidade de Benghazi após os ataques da turba enfurecida e estimulada pelos imãs. Os saqueadores levaram tudo o que encontraram pela frente não importando se eram capazes ou não de carregar. Repórteres viram algumas pessoas carregando mesas de escritório nas costas, cadeiras e até mesmo máquinas de lavar roupa para fora do consulado. Foi um verdadeiro arrastão.
O embaixador americano, Chris Stevens, foi morto juntamente com outros três funcionários do consulado. Há fotos do corpo sem vida de Stevens sendo arrastado pelas ruas após o ataque.


À esquerda o embaixador americano Chris Stevens e à direita o seu corpo já sem vida sendo levado pela turba pelas ruas de Benghazi
E agora resta perguntar: quem foi o responsável pelo ataque? Mais uma vez, as evidências apontam para militantes islâmicos radicais associados à al-Qaeda. A agência Reuters escreveu sobre o incidente: “o ataque acredita-se ter sido perpetrado sob o comando do grupo terrorista Ansar al-Sharia, que funciona ao estilo da al-Qaeda e que tem sido ativo em Benghazi, disse um oficial de segurança líbio. Testemunhas disseram que a turba também incluiu membros de tribos, de milícias e outros homens armados”.
Os carros do ‘Ansar al-Sharia’ chegaram no início das manifestações de protesto, mas só deixaram o local depois que o saque e a destruição começaram, disseram as testemunhas. Os manifestantes corriam em torno dos prédios a procura de americanos e só queriam achar um para despejar sobre ele todo o seu barbarismo. E os que foram mortos estavam no caminho da turba assassina!
A maioria dos americanos pode ter achado uma boa ideia a do governo Obama em apoiar os terroristas (“rebeldes”) que lutavam para depor Gaddafi, mas talvez muito mais gente deve estar agora se perguntando por quem esses “rebeldes” na verdade estavam lutando. Um ex-membro da CIA, Bruce Riedel, descreveu certa vez a composição dos que lutavam na tentativa de depor Gaddafi… “Parece fora de questão que a franquia líbia da al-Qaida, o grupo Guerreiros Islâmicos Líbios, é parte da oposição. O maior inimigo de Gadhafi sempre foi o grupo entrincheirado em Benghazi. O que não está claro é qual a percentagem desse grupo na oposição líbia, se 2 ou 80 por cento”. O próprio líder das forças rebeldes líbias chegou a admitir que alguns dos próprios militantes que estavam alvejando as tropas americanas no Iraque estavam entre os que lutavam nas batalhas contra o regime de Muammar Gaddafi’s. Então, como e isso: os mesmos milicianos contra os quais os americanos lutavam no Iraque agora estavam sendo supridos com armas e munição no apoio aéreo da OTAN na Líbia? Que espécie de estultice é esta?


O Consulado americano ficou totalmente destruído, queimado e saqueado em Banghazi
Pois é, mas a verdade é que a Casa Branca não faz a menor ideia do que está fazendo no Oriente Médio. A cada momento vemos a incompetência da gerência americana da guerra por lá e somos obrigados a concordar que o melhor que os estadunidenses têm a fazer é sair rapidinho de lá, pois parece que mais aborrecimentos estão a caminho. Houve outros protestos antiamericanos no Sudão, na Faixa de Gaza e na Tunísia, na quarta-feira de anteontem.
É triste para o americano ver que mesmo as principais autoridades do governo Obama falham miseravelmente em se aperceber do por que esses militantes tanto odeiam os americanos. Em resposta pela queima do consulado em Benghazi, Hillary Clinton fez a seguinte pergunta: “Hoje, muitos americanos se perguntam e, na verdade, até eu me pergunto como isso pode acontecer num país que nós ajudamos a libertar da ditadura e numa cidade que nós ajudamos a salvar da destruição completa”?
E certamente a política externa nunca foi o forte de Barack Obama. De fato, tem sido relatado que ele simplesmente não comparece a mais da metade das suas reuniões de inteligência marcadas em sua agenda diária. Assim, o cego está liderando os caolhos e os americanos continuam a cometer erros após erros no Oriente Médio. Parece que jamais aprenderão a ver a situação por lá dentro de uma ótica apropriada e realista: a de que o fundamentalismo islâmico está em guerra contra o Ocidente e o Ocidente não pode tratá-los como se fossem apenas vítimas involuntárias de uma pequena corriola clerical.

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