quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

A Santíssima Trindade da Constituição

Alberto de Freitas

Temos uma lei fundamental, qual alicerce inadaptado ao prédio que deve suportar. O tal de prédio está em risco de ruir e, por todo o lado surgem bitaites de pedreiro: muda janela; altera as portas; desmonta bidés; sobe persianas; dá pintura nova. Tudo, excepto mexer onde tem que se mexer: nas fundações onde a coisa se apoia.
Enviam-se as coisas para o Tribunal Constitucional e, emoção: o que sairá? Tudo pode ser ou não ser: 50% para cada lado, cara ou coroa.
E jornalista que se preza, entra no jogo: as zangas. Quem se zangará com quem? E de A a Z, discorrem-se opiniões. É como um jogo.
Os títulos dos jornais, sucedem-se como orgasmos múltiplos: "Cavaco dá recado: concorda mas não gosta". "CDS deixa..." mas também não gosta. "O Bispo (um qualquer) exorciza o governo". E agarram-se com todas forças à Constituição a quem acendem velinhas. A tal Constituição que não previu que o Estado deixasse de imprimir dinheiro a seu belo prazer; a tal que não impediu de fazermos parte de um todo, com poderes que se sobrepõem aos nacionais; a tal que permitiu o desvario que a todos endividou.
Mas a tal que é garante de termos aquilo que não temos e de sermos aquilo que não somos.
E tal como marginais cariocas, imaginamos que: “podíamos estar a roubar, podíamos estar a matar, mas não: estamos a pedir”, porque as “palas” constitucionais não nos deixam ver que só nos resta pedinchar... ou resolver o problema entre nós. Entre nós e Ela, a Constituição.
Título e Texto: Alberto de Freitas, 03-01-2013

Capas de alguns jornais, 03-01-2013:
Clique na imagem para acessar o jornal
 

 
 

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