
Tinham estudado em colégios e
faculdades diferentes, mas de níveis semelhantes e moravam em regiões distintas
do país. Era um homem oriundo de uma boa família, inteligente, educado,
sensível e pelas mensagens que postava, soube que se tornara um escritor.
Seus textos e seus
pensamentos, propostas, experiências e maneira de encarar a vida neles
expressos, encantavam-na cada vez mais. Todos estes fatos e várias descobertas durante
suas trocas de mensagens despertaram seu interesse em conhecê-lo pessoalmente.
Frequentemente o convidava
para ir à sua cidade conhece-la, mas com muitos afazeres ele não podia
atendê-la. Entretanto, abriu-lhe a possibilidade de se comunicarem através do
Skype, onde poderiam se ver e expressar fisicamente seus sentimentos a respeito
de qualquer assunto.
Era a abertura que faltava
para um novo ingrediente naquele conhecimento: a atração física. Na primeira
conversa seus olhos já brilhavam ao vê-lo ali bem diante dela, usando bermuda e
sem camisa, sentado na poltrona e diante do teclado onde escrevia as coisas de
que tanto gostava.
As conversas começaram com as
palavras normalmente trocadas em situações semelhantes: coincidência,
conhecidos comuns, mundo pequeno, mas logo foram se tornando mais soltas,
desinibidas, como se entre dois velhos amigos que guardavam segredos mútuos.
Pelos monitores eles não só se
viram como começaram a se insinuar, se provocar, se mostrar e em muito pouco
tempo, se desejavam alucinadamente. Apesar da aparente presença física, estavam
a quilômetros de distância, o que a deixava bem mais à vontade.
Livre de preconceitos e tabus,
nas ligações seguintes sabia exatamente onde aquilo a levaria e não demorava a
erguer, abaixar, se desfazer das roupas e se tocar, deliciando-se com a visão
do outro fazendo a mesma coisa até que entre ações, visões, palavras e
sussurros estivessem completamente extasiados.
Aquelas cenas passaram a fazer
parte de seu quotidiano e diariamente contava os minutos para que a noite
chegasse e pudesse, novamente, no silêncio de seu quarto, sentir aquele fogo
ardendo em suas entranhas. Era uma paixão diferente, por ela jamais sentida,
onde só ocorriam sorrisos e prazeres.
Suas amigas, parentes e
conhecidos jamais poderiam imaginar o que estava lhe provocando as mudanças
notadas por todos e depois de tantos questionamentos sobre o que a fazia tão
feliz, acabou confidenciando para sua melhor amiga, que a fez enxergar a
realidade.
Como todos os que escrevem,
aquele era um sonhador, que fantasiava suas buscas por uma companheira perfeita
e colocava no papel o fruto de sua imaginação, seus sonhos, desejos e prazeres,
mas como ela, também possuía seus problemas, ansiedades, medos e frustrações.
Provavelmente também havia
sentido muitas paixões – algumas retribuídas, outras não -, possuía vontades físicas
e emocionais como todos e talvez estivesse realizando aquelas fantasias com ela
simplesmente para, naquele momento, não se lembrar de seu verdadeiro amor.
O par perfeito, sem defeitos e repleto de qualidades, só existe em
nossa imaginação.
Título, Imagem e Texto: João Bosco Leal, Jornalista e
Empresário, 06-12-2013
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