sábado, 13 de junho de 2015

Parque jurássico

Rui A.
O PS insiste em viver num mundo arcaico e antigo, saído das catacumbas da primeira Revolução Industrial e da literatura marxista do século XIX, onde o público e o estado são sinónimos de qualidade e de excelência e o que é privado representa o vil interesse pelo lucro e a exploração desumana do próximo. Isto está absolutamente desfasado do mundo moderno, pelo menos do mundo moderno e civilizado, onde já há muito se compreendeu que quem gera riqueza são as empresas privadas e os indivíduos, e que o estado, quando muito, poderá não lhes dificultar excessivamente o percurso para gerarem riqueza e emprego.

Só por preconceitos desta natureza é que se pode atacar a privatização de uma empresa integralmente falida como a TAP, que sucessivos governos, muitos deles do PS, nunca conseguiram viabilizar e levaram à ruína com decisões políticas suicidas, que tem um passivo descomunal do qual jamais seria capaz de recuperar sem o crescimento do seu volume de negócios, para o que carece de ser capitalizada com dinheiro e equipamentos vindos de um investidor. Como também é gozar com as pessoas dizer, como tem dito António Costa, que uma empresa falida e com um passivo gigantesco só poderá ser privatizada a 49%, o que pressupunha encontrar um imbecil que estivesse disposto a entrar com milhões para tapar o buraco financeiro da companhia e que depois ficasse a ver os gestores públicos nomeados pelo governo a gastarem alegremente o seu dinheiro. Isto, como é óbvio, não existe no mundo real, e só se o PS presumisse que o investidor da TAP continuasse a ser o contribuinte português é que se pode adiantar uma sugestão deste quilate. Felizmente, a União Europeia também vedaria esta solução: no mercado comum, as empresas que não são viáveis vão à falência, ponto.

É por causa destas e de outras parecidas com estas, por pertencerem a um mundo pré-histórico que as pessoas sabem que já não existe, que os partidos socialistas europeus têm vindo a perder eleitorado e muitos deles arriscam desaparecer do mapa. E o PS ou muda de conversa ou poderá muito bem vir a seguir pelo mesmo caminho. 
Título e Texto: Rui A., Blasfémias, 13-6-2015

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