Pedro Corrêa diz que houve, sim, compra
de votos na emenda da reeleição; Cerveró relata pagamentos de propina ligados à
Petrobras
Reinaldo Azevedo
Os petralhas estão em festa.
Dois delatores premiados da Lava-Jato resolveram fazer acusações contra o
governo Fernando Henrique Cardozo. Se há coisa neste mundo que deixa felizes os
petistas é poderem arrumar companhia nas páginas policiais. Vamos ver.
O ex-deputado Pedro Corrêa
(PP-PE), o corrupto incorrigível, estrela do mensalão e do petrolão, disse em
sua delação premiada que Sérgio Motta, ministro de FHC, e o então deputado Luís
Eduardo Magalhães (PFL-BA) — os dois morreram em 1998 — lideraram uma ação para
a compra de parlamentares em favor da emenda da reeleição, aprovada em 1997.
Cada voto teria custado R$ 200 mil. O banqueiro Olavo Setúbal teria se
encarregado da operação financeira.
Impressionante! Corrêa diz
que, associado a Paulo Maluf, ele também pagou propina: para os deputados
votarem contra a emenda — que, no entanto, saiu vitoriosa.
FHC afirmou que Corrêa “apenas
repete o que foi veiculado na época” e que já expressou sua repulsa ao episódio
no livro “Diários da Presidência”. Roberto Setúbal, presidente do Itaú e filho
de Olavo — que morreu em 2008 —, se disse “profundamente indignado” e afirmou
não há “nenhum indício de que essa história possa ter fundamento”.
Cerveró
Já Nestor Cerveró disse, em
sua delação, que, quando subordinado de Delcídio do Amaral na diretoria de Gás
e Energia da Petrobras, por volta de 1999 ou 2000, foi orientado a fechar um
acordo com a PRS Participações para a construção da Termoelétrica do Rio de
Janeiro (Termorio). Essa empresa seria ligada a Paulo Henrique Cardoso, filho
de FHC.
Cerveró diz que ele próprio
recebeu propina de US$ 300 mil por esse negócio. Calma! Embolsou entre US$ 600
mil e US$ 700 mil da Alstom e da General Electric na compra de turbinas.
Delcídio teria levado US$ 10 milhões. Afirmou ainda que a compra, por US$ 1
bilhão, da empresa Perez Companc, no fim de 2002, ordenada pelo então
presidente da estatal, Francisco Gros, rendeu US$ 100 milhões de propina
“destinada ao governo de Fernando Henrique Cardoso”.
Paulo Henrique negou qualquer
relação com a tal PRS Participações. FHC afirma que Gros era um homem honrado,
que nem tinha militância partidária, e que acusações vagas, “sem especificar
pessoas envolvidas, servem apenas para confundir e não trazem elementos que
permitam verificação”.
Bem, meus caros, dizer o quê?
Que se investigue o que tiver de ser investigado. Parece estranho que se tragam
à baila só agora eventos que teriam acontecido há quase 20 anos.
Se isso provoca satisfação
psicológica nos petistas, eles que se divirtam e se refestelem. À diferença dos
petistas, não sairei gritando “Fogo, fogo na floresta!”.
Quem tenta impedir
investigação é petista. Que se apure o que tiver de ser apurado.
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, VEJA,
3-6-2016
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