Projeto do PAN foi chumbado com os votos contra do
PS, PSD e CDS, mas teve o voto a favor de oito socialistas e de um
socialdemocrata e a abstenção de outros doze.
Sofia Rodrigues
Foto: Victor Cid |
Na bancada do PS foram ainda
registadas doze abstenções, entre eles, Sónia Fertuzinhos, Paulo Trigo Pereira,
Elza Pais, João Torres, Alexandre Quintanilha e Filipe Neto Brandão. No PSD só
houve uma abstenção, a de José Matos Correia.
No arranque do debate, o
deputado André Silva, do PAN, fez um discurso duro contra as corridas de
touros. “A tauromaquia consiste na exibição da mais abjeta cobardia de que a
espécie humana é capaz: o execrável divertimento com a fragilidade e com a
dependência alheias”, afirmou.
O deputado condenou o argumento de que os espetáculos tauromáquicos fazem parte da herança cultural. “Da nossa herança enquanto
povo faz parte a escravidão, a colonização, a Inquisição, a pena de morte, a
caça à baleia ou a subjugação patriarcal das mulheres, valores e práticas que
foram sendo abandonadas e perderam por completo o seu espaço, não nos merecendo
hoje qualquer saudosismo”, disse, pedindo à classe política “coragem para
assumir o desígnio civilizacional da não-violência”.
Maria Manuel Rola, do BE,
defendeu que “os espetáculos bárbaros deixaram de ter aceitação social”. “Nos
dias de hoje não é aceitável a violência sobre os animais muito menos para
entretenimento humano”, afirmou. Mas a
bloquista lamentou que não estejam previstas as suas consequências da sua
eventual aplicação, questionando
o que aconteceria aos touros que agora estão a ser criados para as touradas.
A deputada lamentou ainda que o PAN não tivesse deixado arrastar para este
debate a discussão de projetos de lei do seu partido sobre as touradas.
Apesar das críticas, o Bloco
foi o partido que esteve mais próximo da posição do PAN. Os restantes assumiram
posições mais distantes e, entre eles, só o CDS foi um pouco mais duro.
Telmo Correia, vice-presidente da bancada centrista, referiu que existe
diversidade no seu próprio grupo parlamentar. “Há uns que aficionados” e outros
que “não são aficionados” ou “alguns como eu que não vão a corridas há muitos
anos. Mas estamos contra as proibições”, disse, criticando o projeto por
“condenar esta gente toda que vive desta atividade”. Lembrando que “também há
violência na caça”, o deputado gracejou, dirigindo-se ao deputado do PAN:
“Teríamos todos de adoptar a sua dieta e o veganismo?”. E num recado para o
Bloco de Esquerda, que já dirigiu uma câmara de um município com tradição
tauromáquica, o centrista atirou: “Não somos uma coisa aqui e outra em
Salvaterra de Magos”.
O PCP alinhou pelo argumento
de respeito das opiniões a favor e contra as corridas de touros.
Ao querer proibir as touradas,
“o PAN não admite que haja outras culturas, só admite os seus padrões
culturais”, disse a deputada Ângela Moreira, sublinhando que o projeto abre um
“conflito direto com comunidades inteiras”. A deputada defendeu que “o caminho
é o do respeito pela identidade cultural, acompanhado de uma ação pedagógica
junto dos jovens sobre o bem-estar animal”.
Heloísa Apolónia, do PEV, lembrou que as touradas “têm indubitavelmente
uma raiz cultural”.
Mas, acrescentou, a
característica de violência desses espetáculos já deveria ter consequências nas
transmissões televisivas ao impor limite mínimo de 18 anos. “Deve ser criado um
caminho para que não se fomente o espetáculo tauromáquico”, defendeu, lembrando
que o PEV propôs o fim do financiamento público das touradas em 2012 mas que
foi chumbado. “O caminho da pedagogia e sensibilização é o mais eficaz”,
afirmou, mostrando disponibilidade para uma eventual discussão na
especialidade.
Título e Texto: Sofia Rodrigues, Público,
6-7-2018
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Ó PAN, e esta aqui? Já foi aprovada!
ResponderExcluirPor que os contribuintes portugueses não podem ajudar entidades que cuidam de outros seres, que não humanos?
Lembrando que os mesmos que criminalizaram o piropo e andam preocupadíssimos com a veadagem, não disse homossexualidade, vou repetir, veadagem, não estão preocupados com o sofrimento animal porque "indubitavelmente tem uma raiz cultural"!!
ResponderExcluirJim .Sempre aprendendo, nunca em minha vida tive escutado ou lido a palavra "piropo" ! Busquei na internet o significado , mas confesso que não estou convencido que se trata apenas de atributos físicos. Esclareça, por favor!
ResponderExcluirPaizote
Paizote, piropo é um galanteio, elogio...
ExcluirGostei! ...então que se descriminalize o piropo, que é saudável!
Excluirpaizote