Alexandre Garcia
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Foto: Maicon J. Gomes/Gazeta
do Povo
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Essa concentração de poder
econômico e político está em vias de acabar, principalmente por causa de uma
novidade surgida há apenas 50 anos. No início de novembro de 1969, anunciava-se
que pela primeira vez um pacote de dados fora transmitido dias antes entre os
computadores de duas universidades, na Califórnia.
Aqui no Brasil, essa revolução
só foi percebida por muitos políticos na última eleição presidencial, quando as
redes sociais e não o dinheiro de empreiteiras e estatais, nem os marqueteiros,
nem a propaganda televisiva, elegeram um presidente da República. Os
brasileiros não ficam atrás dos navegadores digitais do primeiro mundo. Em
mensagens e participação em redes sociais, nos equiparamos aos de países de
alta renda. Perdemos ainda em velocidade, mas o 5G vem aí e já foi experimentado
no Rock in Rio. A fibra ótica está ajudando a integrar a Amazônia,
serpenteando pelos leitos dos rios, e 38 satélites já cobrem o país, que
está cada vez mais abastecido de provedores de banda larga.
Nos governos petistas, houve
insistente tentativa de controlar os meios de informação, sob o eufemismo de
“regulação da mídia”. Não conseguiram. E seria inútil e ultrapassado, pois já
surgia a força das redes sociais, livres e soltas. Governos tentam, na China,
Coreia do Norte, Cuba. O problema é a diferença de velocidade entre a
burocracia estatal e a tecnologia privada. Enquanto a CPI se perde em
discussões, o mundo cibernético se renova, se recria, se recicla, se redescobre
numa razão mais rápida que a razão humana. A tecnologia vai à frente da
política. O mundo digital leva todos para a grande ágora, a praça pública do
mundo, onde todos têm voz e onde ninguém tem o monopólio do palanque, onde o
carro de som é de todos e ninguém é dono dele.
Os que eram donos do poder
tentam controlar esse novo poder, mas como não participaram de seu nascimento,
não conseguirão mudar os rumos de um sistema que anda sozinho e à velocidade da
luz. O novo poder cibernético pode ser compartilhado, mas já não pode ser
domado. Legislativo, Executivo e Judiciário, poderes ordenados por Montesquieu
em 1748, terão que se adaptar ao que surgiu em 1969 na Califórnia, com base no
que foi formulado em 1859, por Charles Darwin: quem sobrevive é quem melhor se
adapta às condições externas. O estado, seus poderes e seus políticos estão
destinados, com o tempo, a se adaptar ao novo mundo digital, ou desaparecer.
Título e Texto: Alexandre
Garcia, Gazeta do Povo, 4-11-2019
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