J.R. Guzzo
Há alguma coisa definitivamente errada com o país quando as salas de aula se transformam em delegacias de polícia, os professores viram sargentos da tropa de choque e os alunos são tratados como criminosos. É o que está acontecendo no Brasil de hoje, do ensino médio ao ensino universitário, sob o silêncio e com a cumplicidade das autoridades responsáveis pela educação dos nossos jovens.
Cada vez mais os professores
agem como militantes políticos de esquerda e conduzem suas classes como células
de ação partidária. Exigem obediência dos alunos – não em questões didáticas ou
disciplinares, mas em relação aos mandamentos ideológicos que pregam nos seus
cursos. Punem os que expressam ideias próprias ou, até mesmo, os que queiram
exercer os seus simples direitos civis. Estão comandando a maior lavagem
cerebral já vivida pelo sistema de ensino no Brasil, público ou privado.
Ainda agora, em mais um surto
de repressão aberta, um professor da Universidade de São Paulo chamou os
agentes de segurança do campus para tirarem da aula, à força, um aluno que
estava sem máscara – seu direito líquido, certo e indiscutível, já que por lei,
no estado de São Paulo, o uso de máscara só é obrigatório nos hospitais e nos
transportes coletivos.
Mas a máscara, hoje, é um
sinal público de “resistência política” ao presidente Jair Bolsonaro e ao seu
governo; há gente que usa sem pensar em nada disso, é claro, mas para o
militante esquerdeiro virou um item indispensável da indumentária de todos os
dias. O professor em questão exigiu que o rapaz usasse o uniforme de sua fé – e
quando ele quis valer os seus direitos, chamou a polícia.
“Sou um servidor público”,
ameaçou. Ou obedece ou vai preso. Os alunos da classe, em vez de darem força para
o próprio colega, ficaram ao lado da repressão. É como está o ensino superior
no Brasil em 2022.
É óbvio que esse ato de demência não aconteceu em nenhum curso de matemática, engenharia, física ou nada que se relacione às “ciências exatas” – onde os alunos não fazem greve, os professores são obrigados a ter conhecimentos verdadeiros sobre o que estão falando, e o ensino se destina a dar algo de realmente útil à sociedade que está pagando por ele.
O episódio aconteceu nas
“humanas”, num curso de “Gestão de Políticas Públicas”, e quem chamou a Guarda
Universitária para expulsar o aluno é um professor de “Sociedade e Estado”. O
que poderiam ser esse curso e esse professor? Só os interessados sabem; faz
parte da prodigiosa, e caríssima, empulhação que arruína a qualidade da
universidade brasileira de hoje, onde se multiplicam cursos de “matemática
negra”, ou de “vestimentas indígenas”, ou sobre como mascar chicletes, ou sobre
qualquer disparate que forneça empregos para professores e funcionários vindos
do universo de “esquerda”.
Pouco antes disso, no que vai
se tornando uma rotina, um professor de antropologia também de São Paulo –
“antropologia”, é claro, do que mais poderia ser? – agora da escola privada
Avenues, que cobra mensalidades de R$ 12 mil reais, mandou um aluno calar a
boca em plena classe, pela pura e simples infração de discordar de algo que
estava ouvindo. “Eu sou um doutor em antropologia com especialidade em
Harvard”, disse ele – o que é mentira: ele nunca recebeu qualquer diploma ou
título de Harvard. “No dia em que você souber tudo o que eu sei, aí você pode
se manifestar”.
Não se trata apenas de
repressão grosseira, retrógrada e covarde, com o uso velhaco da posição de
“autoridade” para intimidar um garoto de ginásio. É, também, a negação dos
princípios mais elementares da atividade pedagógica, ao punir um aluno que
tenta expressar um ponto de vista pessoal. E por que isso tudo? Porque o doutor
em antropologia tinha trazido a líder indígena profissional Sonia Guajajara,
militante aberta do PT e da esquerda, para fazer uma palestra de denúncia do
agronegócio.
Segundo a sua ladainha de
sempre, a agricultura e a pecuária brasileira estariam “destruindo” o Brasil e
o planeta. É o contrário do que deveria ser: convites como esse são para dar aos
jovens uma oportunidade de ouvir colocações imparciais, objetivas e científicas
sobre os temas atuais. Um aluno quis discordar; o mundo caiu em cima dele.
Os pequenos tiranos do curso
de Gestão de Políticas Públicas da USP e da Escola Avenues foram deixados em
perfeita paz; continuarão a agir exatamente como agiram. Tudo bem, talvez, com
a Escola Avenues – se os pais querem tirar R$ 12 mil do seu bolso, todos os
meses, para pagar os ensinamentos da índia Guajajara, problema deles. No caso
da universidade pública, é o cidadão brasileiro que está pagando a conta, com
os seus impostos de cada dia.
Título e Texto: J.R. Guzzo,
Gazeta do Povo, 4-4-2022, 16h45
Relacionados:
A arrogância professoral e a cultura do diploma
A nota à imprensa do aluno humilhado
A Escola ‘Avenues’ e o conto do vigário
Professor humilha aluno em escola de São Paulo
Professores da FGV apoiam professor que humilhou aluno em escola de São Paulo
Professor que humilhou aluno em escola de SP não tem diploma de Harvard
Gente! Custa a acreditar: DOZE mil de mensalidade!?!? É muito dinheiro!
ResponderExcluirVivi 71 anos para tomar conhecimento de que existem escolas que cobram DOZE MIL REAIS, por mês!!
Chamem o 'Ministrinho' Sem calção, perdão, da 'EduPrimitivodaEducalção' 'CSertamonte' ele dará um jeito. Com relação a mensalidade de DOZE mil... está claro que ai só estudam filhos de pobres e desvalidos.
ResponderExcluirCarina Bratt
Ca
de Sertãozinho, interior de São Paulo