J.R. Guzzo
De todos os grandes crimes de que o governo é acusado pelos partidos de esquerda, pelos formadores de opinião e pelos especialistas que a televisão chama para nos iluminar em mesas redondas depois do horário nobre, poucos deixam os acusadores tão assombrados quanto a “política externa”. É algo mais ou menos entre o genocídio e a rachadinha – é menos falado do que ambos, certamente, mas impressiona muito a parte da oposição nacional que se considera mais culta, inteligente e civilizada.
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Foto: Alan Santos/PR |
A política externa brasileira,
dizem todos, é uma calamidade que conduziu o Brasil a um “completo isolamento”
perante a comunidade das nações e fez de nós, os brasileiros, párias num mundo
que não tolera mais, hoje em dia, o “populismo”, o “direitismo”, o “fascismo” e
tudo o mais que marca esse governo que está aí.
No mundo dos fatos objetivos,
porém, as coisas acontecem de maneira exatamente oposta à que é descrita pela
oposição. Nada poderia comprovar isso de forma mais clara do que a seguinte
realidade: nunca, como neste momento, o Brasil esteve tão próximo de entrar na
OCDE, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a mais
séria, prestigiada e relevante entidade internacional em operação atualmente no
mundo.
A OCDE, com seus critérios
extremamente rigorosos para a admissão de membros, é onde se juntam as
democracias mais bem sucedidas do Primeiro Mundo, aquelas que demonstram
competência comprovada em todas as questões-chave de boa governança e praticam
o respeito pela liberdade econômica. Estar na OCDE é estar entre os países que
mais deram certo num mundo cada vez mais errado. Não é uma ONU, ou coisa
parecida. Lá vagabundo não entra.
O Brasil, se tudo der certo, e
se as atuais estratégias administrativas e econômicas forem mantidas, deverá
ser um dos próximos membros da OCDE. É preciso, para isso, cumprir toda uma
longa série de exigências; ainda vai levar, segundo as estimativas de hoje,
entre três e cinco anos para o país completar as condições que são requeridas
para a admissão. Mas o ingresso do Brasil deixou de ser uma meta, ou um objeto
de discursos: passou a ser um processo em andamento com possibilidades reais de
sucesso.
É mais do que se conseguiu em qualquer época de política externa “equilibrada”, “globalista” e fiel ao “politicamente correto” – aquela época, já distante, em que Leonardo DiCaprio não falava mal do Brasil, o presidente da França não dizia que a Amazônia “está em chamas” e a menina Greta nem sabia que a gente existia.
Hoje o Brasil é o bandido do
mundo para as classes intelectuais, os artistas, as ONGs, os cientistas de
circunstância, as entidades de “defesa dos índios”, os executivos de
multinacionais “inclusivas” e os despachantes de interesses ocultos. Mas sua
agricultura e pecuária estão batendo todos os recordes de exportação, e se
transformaram numa peça-chave para a segurança alimentar do mundo.
Não há nenhuma grande empresa
global sem presença ativa no país. Os investimentos estrangeiros no Brasil, um
elemento essencial na definição do grau de respeito desfrutado por qualquer
país na comunidade internacional, foram de 50 bilhões de dólares no ano
passado, com pandemia e tudo – 80% a mais, simplesmente, do que em 2020.
Em todo o mundo, o Brasil
ficou em sexto lugar entre os que mais receberam capital estrangeiro em suas
economias em 2021 – abaixo apenas dos Estados Unidos e da China, como não
poderia deixar de ser, e de Cingapura, Hong Kong e Canadá, longamente
estabelecidos como grandes imãs do investimento mundial.
O Brasil, segundo os
“especialistas”, estaria praticamente rompido com os Estados Unidos e o seu
presidente Joe Biden. Na última cúpula dos países americanos em Los Angeles,
presidida por Biden, o Brasil foi perfeitamente bem recebido; quem não estava
lá, por desconvite, eram Venezuela, Cuba e Nicarágua, justamente os países
deixados na geladeira pela atual política externa do Itamaraty. Há, enfim, a
evolução da entrada na OCDE.
Isolamento? É melhor estar
isolado assim do que integrado num mundo onde os países mais importantes são as
mencionadas Venezuela, Nicarágua e Cuba, mais as ditaduras africanas, as
organizações “palestinas” e grupos terroristas muçulmanos – um resumo de tudo
que dá errado, destrói a democracia, gera pobreza e causa morte, e que tanto
atrai o amor e o afeto da oposição brasileira.
Título e Texto: J.R. Guzzo, Gazeta do Povo, 13-6-2022, 16h02
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