sexta-feira, 17 de junho de 2022

Oeste: A campanha explícita de veículos de comunicação contra a candidatura de Jair Bolsonaro à reeleição é um dos destaques desta edição

Um estrangeiro que busque informações sobre o Brasil nos velhos jornais ou em grandes portais de notícias pode acreditar que o país caminha para uma ruptura democrática provocada pelo presidente da República. Vai também achar que a economia está em frangalhos, que o sistema de saúde avança para o colapso por causa do coronavírus, que as florestas agonizam sob machadadas e que correm sérios perigos os indígenas, os negros, os homossexuais e outras minorias. 

Pior: esses meios de comunicação garantem que a única criatura capas de evitar o naufrágio na nação é Luiz Inácio Lula da Silva — o ex-presidente condenado em três instâncias por corrupção, lavagem de dinheiro, preso por 580 dias e libertado graças às acrobacias de ministros do STF. Desde que Jair Bolsonaro chegou ao Planalto, as redações se transformaram em comitês político-eleitorais empenhados em destituir um presidente democraticamente eleito. Agora, a quatro meses da eleição, a campanha é escancarada, mostra a reportagem de capa desta edição. 

As boas notícias vêm invariavelmente escoltadas pela adversativa que precede algo desagradável: “Investimento sobe, MAS não o bastante para manter o crescimento do país”; “Desemprego cai para 10,5% em abril, MAS ainda atinge 11,3 milhões no Brasil”; “Taxa de investimento melhora, MAS segue perto do pior nível em 50 anos”. A torcida do contra chegou ao clímax com o parto do verbo despiorar: “Economia dá mais sinais de despiora”, noticiou um colunista da Folha. “Despiora no emprego pode ter ajudado Bolsonaro”, reincidiu, algumas edições depois. 

Em nenhum outro país do mundo o presidente da República foi responsabilizado pelas mortes decorrentes da pandemia de coronavírus. No Brasil, o jornalismo de necrotério põe na conta de Bolsonaro os mais de 600 mil mortos. O presidente também é acusado pelas secas no Sul, pelas enchentes no Nordeste, pela alta no preço dos combustíveis, pela chegada da varíola dos macacos, pela teimosia da Ômicron e pelo que não deu certo na Cúpula das Américas. Se o Brasil não ganhar a Copa do Mundo do Catar, terá sido coisa de Bolsonaro. 

O mais recente absurdo culpou o chefe do Executivo pela morte do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo Pereira, assassinados por praticantes da pesca ilegal numa reserva indígena da Amazônia. “Desde 2012 o Amazonas registrou 9.128 desaparecimentos de pessoas”, conta Augusto Nunes. Desse total, apenas 295 foram encontradas. “Quando a missionária Dorothy Stang foi morta, com sete tiros, em 2005, ninguém achou prudente culpar o então presidente Lula pelo episódio”, lembrou Rodrigo Constantino

J.R. Guzzo comprova esse divórcio entre o jornalismo e a verdade com uma relação de fatos deliberadamente omitidos pelo noticiário. Dois deles: 1) os índios representam 0,4% da população brasileira, mas ocupam quase 14% do território nacional; 2) o país consegue produzir mais de 300 milhões de toneladas de grãos em pouco mais de 8% de toda sua superfície territorial. Há muitos outros. Como lembra Guzzo, “não há registro na imprensa, por exemplo, de que o inquérito do ministro Moraes para investigar ‘fake news‘ e ‘atos antidemocráticos’ seja ilegal, pois a lei não permite que o STF conduza uma investigação criminal”. 

Uma ressalva indispensável: as informações que a velha imprensa não publica serão sempre encontradas nas páginas de Oeste

Boa leitura. 

Branca Nunes, Diretora de Redação 

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