Num total de 11 juízes do Supremo brasileiro, apenas 2 foram indicados pelo Presidente atual. Aqueles são os mesmos que ‘descondenaram’ Lula da Silva e que têm feito a vida de Bolsonaro um inferno.
Fernando Roma
Atualmente há no Brasil uma turma que interpreta e
decide quais são os direitos dos cidadãos e dos representantes eleitos, sejam
eles Parlamentares, Governadores ou o Presidente da República e diga a
Constituição o que disser. A turma ou cúpula não é eleita pelo povo e tem demonstrado
parcialidade na forma de agir.
Esta cúpula é formada por Juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) [foto] – o equivalente ao nosso Tribunal Constitucional – que possuem cargos cuja idade de reforma limite se fixa nos 70 anos de idade, cargos para os quais tiveram que ser nomeados pelos Presidentes da República do Brasil.
Ora, a história recente não deixa esquecer que, tal como Portugal teve a era José Sócrates, o Brasil
teve a era do Partido dos Trabalhadores, que esteve no poder com Lula da Silva
e Dilma Rousseff durante 13 anos, nomeando para o mais importante tribunal
brasileiro um total de 7 Juízes, em 11. O oitavo foi nomeado pelo ex-vice de
Dilma, Michel Temer, quando este alcançou a Presidência.
Num total de 11 Ministros, apenas 2 foram
indicados pelo Presidente atual do Brasil.
Aqueles juízes são os mesmos que ‘descondenaram’ Lula da Silva por maioria e que ocupam de forma quase-vitalícia estes cargos no STF, os mesmos que têm feito a vida institucional do Presidente Bolsonaro – e daqueles que o apoiam – um verdadeiro inferno.
Assim, os Ministros do STF já ordenaram de forma dúbia a prisão de dois cidadãos brasileiros que eles consideram aliados do Presidente: Allan dos Santos, jornalista que está exilado nos EUA e que é perseguido pelo crime de opinião, que nem consta no ordenamento jurídico brasileiro, e o parlamentar Daniel Silveira, acusado, mandado prender e julgado pelo Juiz Alexandre de Moraes.
Os juízes do
Supremo têm sido acusados de criar na jurisprudência
brasileira uma nova cultura jurídica que vai
contra os direitos constitucionais que todos os cidadãos brasileiros possuem. A
crítica levantada à atitude de Moraes, por exemplo, tem a ver com o facto de o
mesmo não ter cumprido os preceitos necessários para o parlamentar poder ser julgado, uma vez que não esperou que a
Câmara dos Deputados levantasse a imunidade parlamentar de Daniel Silveira. A
Constituição Brasileira é clara: ‘Os deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e
votos.’
A nova forma de agir do judiciário brasileiro é
criticada pelos maiores juristas do País, encabeçados pelo Professor Doutor
Ives Gandra Martins, cujas críticas são contundentes pelo desrespeito à
Constituição e pelo atavismo político, considerando ilegais as acções mais
recentes do STF. Marco Aurélio de Mello, a título de exemplo, classificou o
Inquérito criado pelos colegas do Supremo e encabeçado pelo colega e Ministro
Alexandre de Moraes como ‘Inquérito do Fim do Mundo’.
A condição de detentor de cargos quase-vitalícios no STF, mesmo
com uma forma de agir que vai contra a Constituição Brasileira, não é um constrangimento para que dois dos
ministros que soltaram Lula tenham sido agora eleitos Presidente e
Vice-Presidente do TSE – Tribunal Superior Eleitoral – para as eleições de
2022. Um destes ministros é nada mais nada menos do que Alexandre de
Moraes, que mandou prender por 8 anos Daniel Silveira e será Presidente do TSE numa altura em que a
legitimidade das urnas electrónicas tem sido posta em causa devido a um
relatório da Polícia Federal de 2016 que diz o seguinte: “(…) apesar de ser possível auditar a totalização dos boletins de
urna, não é possível auditar de forma satisfatória o processo
entre a votação do eleitor e a contabilização do voto no boletim de urna.” Por
outras palavras, este relatório encomendado
pelo TSE diz que a contagem de votos não é possível ser legitimada de forma satisfatória porque é difícil saber se o
cidadão votou mesmo no nome que aparece no sistema informático.
Ainda assim, Fernando Francischini, um deputado estadual eleito democraticamente por mais de 400.000
pessoas para as representar, quando questionou o porquê de uma urna eletrónica que foi testada por ele ter dado
Fernando Haddad no sistema – quando, na verdade, ele clicou no número do Jair Messias Bolsonaro – teve o seu
mandato de parlamentar cassado pelo próprio Supremo Tribunal Federal.
Esta história, pouco coberta cá jornalisticamente e que revela o ativismo
que circunda e sustenta as acções do judiciário para com o poder executivo brasileiro, passa-se em torno de
ilegalidades cometidas por estes Ministros que, atualmente e perante as provas
que indiciam um sistema eleitoral corrompido, exercem o seu poder para prender
quem ousar questionar a eventual insegurança daquilo que é a caixa de Pandora do sistema eleitoral:
as urnas electrónicas.
Um facto relevante talvez possa ser o de as urnas
electrónicas do Brasil serem iguais às urnas de dois países de que raramente se ouve falar no Ocidente, Butão e Bangladesh, uma vez que todos os outros já atualizaram as
suas urnas.
Não é fácil crer que as urnas electrónicas do Brasil
sejam um problema democrático nem que haja um ativismo ideológico
no judiciário brasileiro que impede uma investigação
aprofundada do processo eleitoral, contudo, se o leitor sentir mais facilidade
em acreditar ao ver por si mesmo, poderá assistir à Comissão de Fiscalização do
dia 5 de Junho, no canal de Youtube ‘TV Senado’, onde Ives Gandra Martins,
constitucionalista brasileiro de renome, diz o seguinte: ‘‘Prisão do deputado
Daniel: Não estou de acordo em nada que disse o deputado, mas não podia ser
preso. Foi discutido no congresso porque é que teria que ser inviolabilidade
por quaisquer manifestações ou palavras. Discutiu-se inclusive (…) que não podia
ser só no exercício das suas funções. Teria que ser imunidade ampla porque um
deputado representa dezena de milhares de eleitores. E [no caso Daniel
Silveira] se transpôs a lei da Segurança Nacional (Infraconstitucional) acima
da própria Constituição. Então nós temos tido invasões claríssimas que
apresenta de rigor, (…) uma invasão de competência do poder judiciário.’’
Quanto à matéria e aos factos relativos ao
relatório de 2016 da Polícia Federal podem ser encontrados aqui.
É importante que o jornalismo português consiga
cobrir todo o espectro real do quotidiano brasileiro e não apenas aquele que
ideologicamente se assemelha melhor com a ideologia petista (de PT, Partido dos
Trabalhadores). Afinal, os jornalistas que são duros com José Sócrates
apresentam uma parcialidade com o passado de Lula da Silva e do seu legado para
o Brasil, quando o país foi convidado para entrar na OCDE exatamente pelo seu
desempenho nos últimos três anos.
Título e Texto: Fernando Roma,
Observador,
10-7-2022
Há quem duvide. As mais confififiáveis do imundo, digo, do mundo. Eu ainda acredito em Branca de Neve e os sete anões.
ResponderExcluirAparecido Raimundo de Souza
Lagoa, Rio de Janeiro
Quem sabe, se tirarem a 'birosca' (venda) da fuça dessa nojenta ai da foto conhecida e chamada como 'Justiça...'.
ResponderExcluirCarina Bratt
Ca
Da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro.