sábado, 9 de julho de 2011

Será capaz de convencer alguém a comprar a TAP?

Ana Paula Lima
O presidente executivo da TAP, Fernando Pinto, chegou há dez anos a Portugal. Este ano, por imposição da 'troika', esta é uma das empresas a privatizar no imediato.

Foto: DN
Quando Fernando Pinto se mudou do Brasil para a TAP, em Novembro de 2000, não teve um recepção muito calorosa. "Vocês não são bem-vindos aqui", terá sido uma das primeira frases que Pinto e a equipa de gestores brasileiros que trouxe consigo ouviram dos trabalhadores na primeira semana de trabalho.
Para quem conhece bem a empresa e Fernando Pinto, a mudança que se deu em 2001 foi radical. Pinto era o primeiro presidente executivo da TAP que percebia do sector. A família deste luso descendente, neto de um português de Marco de Canaveses que foi para o Sul do Brasil e abriu uma loja de ferragens, está ligada à aviação. Fernando Pinto faz aeromodelismo desde os 16 anos e costuma voar no planador que tem no aeródromo de Sintra, localidade que escolheu para viver com a mulher e os dois filhos.
Quando chegou a Portugal, já tinha a missão de privatizar a TAP, e esta é uma das tarefas que gostava de terminar. No primeiro ano na TAP, era questionado muitas vezes se a história de que tinha deixado a Varig com uma dívida de 800 milhões de euros era verdade, ao que respondia explicando que quando assumiu a presidência da Varig, em 1996, a transportadora brasileira tinha uma dívida superior a dois mil milhões de dólares.
À semelhança do que se passou na Varig, Fernando Pinto conseguiu em pouco tempo melhorar os resultados da TAP. Em 2000, a transportadora nacional teve um resultado líquido negativo de 122 milhões de euros. No ano seguinte, o resultado foi de 44 milhões de euros negativos e, logo em 2003, a TAP regista um lucro de 19 milhões de euros e entra num período de consolidação. 2005 e 2006 são dois anos de lucros, e em 2007 os lucros sobem para os 54 milhões de euros. Quando tudo parecia correr bem, o mundo entra em crise financeira e o preço dos combustíveis sobe significativamente. A TAP regressa aos prejuízos, com um resultado líquido negativo de 209 milhões de euros em 2008, mas em 2009 tem lucros de 57 milhões de euros e em 2010 de 62 milhões de euros. O problema da TAP está nas aquisições que o grupo fez na área da manutenção e do handling (assistência em terra) em Portugal e no Brasil. As operações de handling, desenvolvidas pela SpdH - Sociedade Portuguesa de Handling, traduziram-se em prejuízos de 43,5 milhões de euros, em 2010, e as operações de manutenção compradas à antiga Varig, e actualmente operadas pela Aero LB, perderam 71,8 milhões no ano passado. Outro problema é o facto de TAP estar há treze anos impedida de receber dinheiro do seu único accionista, a estatal Parpública, o que a leva a ter um nível de endividamento externo elevado.
O engenheiro mecânico de formação, que começou a sua carreira na indústria da aviação em 1972, é visto pelo ex-ministro dos Transportes António Mendonça como "a alma da TAP". Para o ex-ministro, trata-se de um profissional "competente e conhecedor do negócio e do sector e tem uma visão estratégica que para a TAP é muito importante".
Nestes dez anos de gestão do grupo TAP, a empresa tornou-se atractiva no transporte de passageiros, passando de uma pequena companhia aérea que ligava Portugal à Europa para uma companhia que lidera nas ligações da Europa ao Brasil, com dez destinos directos entre os dois países e 74 voos semanais. Fernando Pinto operacionalizou, ainda, a compra e a integração da Portugália na TAP, reforçando as ligações para França, Espanha e Itália, e apontou os motores para África, onde já opera para 13 destinos e faz 61 ligações semanais. A TAP assegura, ainda, ligações para 49 destinos europeus e transporta na actualidade 9,1 milhões de passageiros, quase o dobro dos cinco milhões que transportava há dez anos.
Reportagem de Ana Paula Lima, Diário de Notícias, 09-07-2011
Indicação de Eraldo Moura
Grifos e Edição: JP

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Um comentário:

  1. Quem sabe a Gol que acaba de comprar a Webjet não se interesse, ou talvez o José Dirceu e o Lula(com uma mãozinha do BNDES), ou mais ainda aquele russo (não me lembro o nome)que quase comprou a Varig, talvez o Lap Chan....

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