quinta-feira, 7 de julho de 2011

Ainda sobre a ameaça de greve dos Comissários da TAP...

Editorial da revista Sábado, edição nº 372, de 16 a 22 de junho de 2011:

O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil é de um enorme altruísmo e está preocupado com os clientes da TAP. Quando a administração da empresa decidiu reduzir um tripulante por voo, para poupar 14 milhões de euros, os sindicalistas alertaram para a desgraça: a medida ia afectar a qualidade do serviço prestado aos passageiros e, atenção, criava terríveis problemas de segurança. Perante esta irresponsabilidade de Fernando Pinto, só podia ser tomada uma medida radical: convocar uma greve. Mais: convocar uma greve, dividida entre Junho e Julho, que paralisasse a empresa nos dias em que tradicionalmente os portugueses partem de férias, levando ao cancelamento de cerca de 1.500 voos e afetando 350 mil passageiros, com um custo para a empresa que poderia chegar aos 50 milhões de euros.

Direção do SNPVAC. Fonte: site do SNPVAC
Como estava em causa a segurança dos passageiros, seria de imaginar que o sindicato não cedesse. Mas, afinal, havia uma solução fácil para este problema perigoso e dramático. Ao fim de cinco horas de negociação, a administração da TAP passou para os quadros da empresa 200 funcionários, promoveu cerca de 80, distribuiu algumas horas de descanso e folgas e ofereceu mais quatro viagens por ano a preço reduzido a familiares de tripulantes – o sindicato exigia mais oito viagens em saldo, mas optou pela magnanimidade e aceitou só metade.

Com estas novas regalias, desapareceram as objecções à decisão inicial da empresa. Aparentemente, mesmo com menos um tripulante, está afinal assegurada a qualidade do serviço aos passageiros e está garantida a segurança dos voos.

Este é um caso clássico que ilustra o funcionamento da economia portuguesa – e que devia ser enviado para os membros da troika, a título de explicação para o facto de Portugal não conseguir fazer reformas. Supostamente, o País vai ter de mudar radicalmente a sua forma de funcionar e os portugueses vão receber um choque financeiro nos próximos três anos. Mas o Sindicato Nacional do Pessoal da Aviação Civil acha que não é nada com ele. E, pelos vistos, tem razão – no fim do dia, há sempre alguém disposto a pagar a conta.
Texto: Editorial da revista Sábado, nº 372, 16 a 22-06-2011
Digitação e Edição: JP
Fernando Pinto, fonte: DR
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