sábado, 4 de maio de 2013

Donzelas ansiando o monstro do pântano

Vítor Cunha

Ontem, às 20h00, o Primeiro-Ministro (PM) fez uma declaração ao país com anúncios de medidas de contenção; estas, não sendo particularmente simpáticas num Estado de tradição despesista, pouco ou nada surpreendentes serão para quem vive à margem da trogloditagem padecente de sofreguidão pelo regresso do monstro da lagoa à governação.
Um dos temas mais explorados em filmes de monstros, o síndrome de Estocolmo, explicaria uma parte substancial dos insultos gratuitos1 encontrados nas redes sociais, em irónica cedência sem paralelo às convicções de Pacheco Pereira sobre o demérito da maioria das opiniões expressas na blogosfera e redes deste tipo.
Mesmo dentro da moderação linguística sem cedência ao vernáculo meramente inflamatório e desprovido de teor opinativo, o panorama não é muito diferente: quem há dias falava de equidade constitucional, ontem protestava contra as 40 horas por semana de funcionários públicos, exigindo uma avaliação “caso-a-caso, de acordo com o histórico das profissões”. Demasiado enroscamento renal mesmo para um ambiente propagandístico. Da mesma maneira, “os pensionistas vão ter um novo imposto calculado para durar até morrerem dehumilhação e de fome”, resultaria bem num panfleto em tons de dourado sobre vermelho, mas dificilmente escaparia a escrutínio cuidado sem envolvimento emocional de empatia pelo captor.
O país nunca se deu bem com a realidade, porém, sempre conseguiu comprar a auto-satisfação a crédito, crendo ser mais Alemanha que Roménia. Agora, que acabou a água benta de aconchego ao estímulo cainesiano, está na altura de aceitar o 5º estágio do modelo de Kübler-Ross: é que para o ano há mais cortes, quer queiram, quer não.
Esses Passos serão dados, por este PM ou por outro, disso podem estar Seguros.
Título, Imagem e Texto: Vítor Cunha, Blasfémias, 04-05-2013
(1) Abdico da colocação de links para esse tipo de artigos desprovidos de conteúdo sério

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