quinta-feira, 4 de junho de 2015

A (amarga) taça transborda


José Carlos Bolognese
Nunca pensei que apenas para exercer o direito básico a uma aposentadoria, teria de tomar de conhecimento de coisas que me são refratárias, indigestas e me fazem mal só de ler e ouvir sobre elas.

Estou cansado de ações, antecipações de tutela e seu oposto – postergações de tutela – processos, liminares, embargos de declaração, movimentos legais, ilegais, advogados, advogados da “união”, procuradores e toda essa fauna que invade o meu espaço mental quando o que devia estar acontecendo era eu estar tocando a vida, o estado longe de mim e eu mais longe ainda... dele.

Minha aposentadoria, pela qual paguei, é bom que se lembre – ao contrário de tantas outras falsas junto com inúmeros “benefícios”, “vantagens” e outras sem vergonhices arrancadas do lombo de quem trabalha por parte de quem pode manipular o estado – está sendo roubada há mais de nove anos. Esta é razão porque estou cansado deste circo onde o palhaço, sem nenhuma vontade de minha parte, sou eu mesmo. Mas aí eu lembro que estou “vivendo” em um país onde – alguém recentemente disse com sabedoria:

“Um dos lugares mais adequados do mundo para você desperdiçar sua vida.”

Qualquer um que não teve a mente abduzida por essa ideologia podre vigente no país há de concordar, embora eu, ao contrário dos abduzidos, conceda aos idiotas o direito que eles me negam:

Por mim são livres para pensar e acreditar em besteiras, desde que besteiras não se transformem numa agenda deles para nos prejudicar – o que infelizmente é o que se passa neste lugar onde desperdiçamos nossas vidas. E é neste lugar que uma senhora idosa, indiferente aos que lhe semelhantes neste quesito – os idosos – passa os dias falando asneiras e dando pedaladas pra trás levando essa trapizonga chamada Brasil de volta para os primórdios do século passado.

Eu não sei se a parte boa e maior deste país e da qual faço parte, vai continuar através de sua oceânica tolerância sendo apenas boa e trabalhadora, mas também deixando-se utilizar como o instrumento ideal dos canalhas que estão destruindo a nação.

Como ex-trabalhador da Varig e assaltado do Aerus, sei que tem gente lutando para reverter essa situação criminosa, sei que os caminhos da justiça, de Justiça têm apenas o nome e o país caminha para uma recessão cuja data inicial, não detectada pelos incautos é primeiro de janeiro de 2003, início do lullalato. Foi quando começou o desmonte não só da Varig, mas de tudo que se consegue pelo trabalho duro e pelo mérito e que existia de bom nesse país.



Estar há mais de nove anos à margem da vida e por obra de um bando de canalhas realmente me tira toda a vontade de acompanhar a peça sinistra que se desenrola, com um ou outro passo à frente e uma longa corrida para trás, supondo que um dia ainda estarei vivo para usufruir do que paguei para ter. Não dá mais, como disse antes, para ouvir falar em tutelas, embargos, AGU, Adams (da família Luís Inácio), Previc, advogados, sindicatos e o que quer que se proclame, mas não resolva uma situação que nem era para ter acontecido. Não posso permitir que os miasmas da putrefação institucional em curso no país me roubem o que ainda me resta de sanidade emocional. Talvez eu tenha chegado ao ponto em que esses canalhas quiseram nos colocar, não sei. É a taça que transborda. 
Título e Texto: José Carlos Bolognese, 4-6-2015

7 comentários:

  1. JCB,
    Não há males que durem sempre, nem bens que não se esvaem na agruras do tempo.
    Andamos a ver somente o lado ruim e mau das coisas, sequer considerando o que foi bom.
    Eu não passei para o plano 2, podia ter passado, e teria sido ótimo.
    Eu já desconfiava do engodo do plano 2, para aliviar a empresa já que ela não conseguia manter o plano 1. Todos que passaram para o plano 2 levaram consigo suas contribuições, deixando o plano 1 nu, com a dívida, pois a empresa já não repassava as ditas, ela esperava que todos passassem ao plano 2.
    Essa atitude me foi ruim, hoje estaria recebendo bem mais que 600,00 reais.
    Por outro lado, esses que não passaram ao plano 2 obrigaram a empresa dona do Aerus e sua administradora a repactuar diversas vezes essa dívida.
    Eu imagino que se o plano 1 tivesse acabado, o Aerus teria fechado suas portas no ano 2000.
    Essas repactuações obrigaram a intervenção que propiciou a abertura de processos contra a SPC, hoje Previc, que nos deu ganho de causa, outro lado bom.
    A morosidade da justiça e seus atos de direito podem ter seus lados ruins.
    Apesar das procrastinações o meu está lá, e se não for meu será de minha esposa, e será integral para a mesma, pois eu ainda sou plano 1, o que não deverá acontecer com àqueles que são plano 2, ou que retiram parte da reserva quando se aposentaram.
    Um lado ruim, não pensar na viúva que fica.
    Se a SPC tivesse feito o seu devido serviço teria sido muito pior, prevaricaram ou pegaram algumas propinas, e felizmente nos ajudaram.
    O lado ruim é fazer o governo pagar a conta, o lado bom é que precatórios federais
    O STF, Supremo Tribunal Federal, acabou com o pagamento parcelado de dessas dívidas judicias do estado com o cidadão.
    Considerou as prestações inconstitucionais e mandou que agora elas sejam pagas de uma só vez.
    Com a decisão, volta a valer a regra anterior:
    O precatório feito até primeiro de junho terá que ser pago, de uma só vez, no orçamento do ano seguinte.
    Sei que esperar é ruim, mas se vier será ótimo.
    E damos vivas a essa dualidade maravilhosa da natureza.
    bom dia

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  2. Renan e Cunha
    Quem nos roubou vai continuar roubando, retirando direitos (como 50% das pensionistas) e empregos e aumentando impostos. Ou você acha que eles irão deixar de roubar, porque estão passando carão na Justiça?
    O PT e a presidenta continuarão a meter a mão no nosso dinheiro com métodos novos e renovados pelo Foro de São Paulo (instituição que congrega esquerdistas radicais das américas do sul e central). E repassando parte do dinheiro para políticos aliados do PP, PMDB, etc.
    Quanto aos integrantes do poder legislativo, a sua maior parte, e em especial os presidentes da câmara e do senado, são bandidos convictos e "marrudos", que peitam tudo e todos (levamos grana e daí?), a ponto de estarem na iminência de dar um “passa-moleque” nas autoridades do poder judiciário nacional, pois tão logo vejam o início de processos de natureza criminal contra os deputados e senadores, certamente buscarão alterar a Constituição Federal para retirar de seu texto o foro privilegiado, que dá competência ao supremo tribunal federal para apreciar e julgar as ações contra esses privilegiados.
    Vale dizer que, o labor do ministro do stf até então realizado será desperdiçado, iniciando-se novamente na 1ª instância da Justiça. Com isso e, em decorrência do tempo conseguirão a prescrição da penalidade a que seriam submetidos.
    Costuma-se dizer por aí, que o brasileiro tem poucos princípios éticos, morais e de honestidade. Nisso há alguma verdade, mas os políticos do Brasil, na sua maior parte, em matéria de ética, moral e honestidade são piores, muito piores do que qualquer cidadão brasileiro.
    Essa maior parte de políticos são gananciosos e com certeza deixarão muito dinheiro para filhos e netos, mas não lhes deixarão a realização por ser úteis à sociedade, não poderão lhes dar a felicidade, e assim como eles não sabem o que é paz de espírito, seus filhos e netos não a experimentarão.
    Povo do Brasil: vamos reagir às manobras do legislativo, liderado por Renan e Cunha, inclusive contra a reforma eleitoral que muda para ficar do jeito que está e, beneficiando os deputados e senadores atuais.
    Uma das necessidades é aproximar os candidatos a cargo político aos eleitores.
    Vamos persistir para a saída da Dilma, caso contrário daqui a três anos estaremos falidos como a Venezuela, Argentina, Cuba, Bolívia, países que recebem dinheiro do nosso suor, para fazer obras de infraestrutura que o Brasil também precisa.
    Antonio Augusto.

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  3. Ninguém em sã consciência aguenta mais viver num país como este
    Eu por exemplo não consigo nem mais olhar sequer uma manchete de um jornal qualquer, seja virtual ou impresso. Não sujo as minhas mãos nem o meu espírito, lendo coisas tão baixas e desprezíveis. Houve um tempo em que cheguei a achar que a minha contribuição com textos como este do colega Bolognese tão bem escrito por ele, serviria para pelo menos alertar um ou outro da tragédia que se avizinha.
    Ledo engano e ainda bem que recuei a tempo, pois estava me fazendo muito mal compactuar com esse tipo de leitura do cenário atual.
    Como já escrevi antes, se fosse possível, entregaria a minha cidadania hoje e de bom grado pois tenho vergonha de dizer onde vivo , como vivo e com que dirigentes seja de que área for sou obrigado a conviver.
    Realmente, foi muito feliz e atual quem escreveu o desperdício de vida pelo qual passamos ao ter que viver num país como este, que não vai chegar a lugar algum decente.
    José Manuel, tão indignado ou mais, que este nobre colega

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    1. Olá, José!
      Discordo da sua desistência em escrever/denunciar.
      Veja, José, não assisto aos telejornais, nem leio os jornais portugueses, porque a mídia de cá é um antro de militantes de esquerda. Por incrível que pareça, mais representam a extrema-esquerda (ou a esquerda caviar) do que o Partido Socialista. Impressionante! Quando você vier morar em Portugal testemunhará in loco e ao vivo. Depois me dirá se eu estava certo ou não...
      O que eu quero dizer é o seguinte: se os bons desistem de denunciar, quem sobrará? A alcateia, claro.
      Abraços./-


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  4. PENSÃO DE ALIMENTOS NÃO PRESCREVE...

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  5. Pois é Rochinha, e por falar em alimentos, temos que pensar que temos a União com rabo preso no caso da terceira fonte, que nada mais é do que alimentos, pois sua receita é destinada a um fundo de pensão, ou como queira previdência.
    Eles ( a União ) tem feito de tudo para querer descaracterizar essa receita, alegando inclusive que o Aerus perdeu os prazos.
    Porém como você bem disse, alimentos não prescreve
    Aliás diga-se de passagem, temos que fazer força junto com a Ammvar e a Aprus que vem insistentemente cutucando a justiça a respeito.
    No momento esse processo também está sendo avaliado pelo desembargador Daniel Paes Ribeiro, que tem tudo para nos ser favorável.
    Vamos primeiro resolver o caso das viúvas, uma mancada forte do Aerus que teve 9 anos para resolver esse assunto e só agora quando ele apareceu é que estão correndo atrás do prejuízo, vamos resolver de vez os nossos salários, para depois cair de pressão forte com relação à terceira fonte, que juntamente com a defasagem tarifária nos levará à mesa de negociações para um acordo que tem tudo para nos beneficiar.
    José manuel

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    1. Muito bem colocado.
      Temos um livro pequeno de poucas páginas, que é a nossa bíblia, que é menos lido do que precisa-se.
      Apesar de achar a constituição de 1988 a mais monarquista de todas, pior do que a de 25 de março de 1824, o artigo quinto, das garantias individuais e coletivas nos garante a imprescritibilidade, e alem disso há as normas do pacto brasileiro com a OIT.
      Nossos governantes, controlam o povo, a mídia, mas não sabem o que seus próprios funcionários fazem nas autarquias e recolhem os prejuízos.
      Se a SPC tivesse feito seu trabalho direitinho, o Aerus já teria acabado e nada disso estaria acontecendo, a intervenção teria sido em 1996.
      bom dia

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