quinta-feira, 4 de junho de 2015

Grécia: mistura explosiva de radicalismo e incompetência...


Tavares Moreira
1.  Têm sido frenéticas, nos últimos dias, embora muito pouco inspiradas como é uso, as acções de propaganda do Syriza e seus mentores, agora tentando convencer o resto do Mundo de que a responsabilidade pela falta de um acordo quanto ao futuro programa de assistência cabe, exclusivamente, aos Credores…

2. … uma vez que, segundo eles, a Grécia já fez o que lhe competia: ou seja, para bom entendedor, a Grécia não só nada fez como já desfez bastante, tomando medidas totalmente contrárias aos princípios do programa em vigor, agravando os seus problemas orçamentais e tornando mais rígidos, ainda, os mercados de factores – atitudes de clara provocação aos Credores de quem tanto parecem necessitar...

3.  Neste plano propagandístico, merece destaque um artigo de opinião do PM grego, publicado na edição do Le Monde do último Domingo, no qual refere “A falta de acordo até agora não se deveu a uma suposta intransigência e à posição incompreensível da Grécia…deve-se, sim, à insistência de certos protagonistas institucionais de apresentarem propostas absurdas e que mostram total indiferença perante a escolha democrática do Povo grego…”.

4.  Ou seja, com grande simplicidade: os pontos de vista e propostas dos Credores constituem manifestação de intransigência e desrespeito pela vontade do Povo grego…

5.  … enquanto as posições radicais do Governo grego, em tudo contrárias aos princípios de um Acordo de Assistência Económica e Financeira, devem ser aceites pelos Credores, sem mais discussão, pois são a emanação da vontade popular…

6.  O grande drama, nesta altura e em minha modesta opinião, já nem é o facto de poder falhar um Acordo entre a Grécia e os seus Credores: é, antes, a total desconfiança que os próprios gregos manifestam em relação à política económica do seu País, fazendo levantamentos em massa das contas bancárias (€ 27 mil milhões, em termos líquidos, nos primeiros 4 meses de 2015, o equivalente a 15% do PIB…), não investindo um cêntimo e fugindo, tanto quanto podem, ao pagamento de impostos…

7.  Com este Governo, uma mistura explosiva de radicalismo e de incompetência, é claro que a Grécia não tem qualquer futuro, dentro ou fora de um Acordo com os Credores… cabe agora aos gregos, que acreditaram nas falsas promessas destes ilusionistas, resolver o problema… mas não lhes gabo a sorte. 

Título e Texto: Tavares Moreira, “4R – Quarta República”, 3-6-2015

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