Pilotos da TAP e maquinistas
da CP andam a brincar com os portugueses
António Ribeiro Ferreira
O primeiro período da greve
dos pilotos da TAP foi cancelado uma hora antes de se iniciar ainda não se sabe
bem porquê. O sindicato responsável pela paralisação emitiu um comunicado a
justificar o recuo, que é, no mínimo, enigmático. Dizem os senhores que finalmente
encontraram alguém no governo com vontade de dialogar e cumprir o famoso acordo
de 1999 entre os pilotos e o executivo socialista de António Guterres. Há 12
anos, em plena guerra por aumentos salariais, com ameaças de greve e o recurso
a todas as armas a que os sindicatos têm direito em Portugal, o ministro João
Cravinho, o mesmo que inventou as famigeradas Scut, decidiu que a factura para
calar os pilotos deveria ser paga uns anos mais tarde pelos parvos do costume,
isto é, os contribuintes. Se o esquema das auto-estradas sem custos para os
utilizadores, um nome fantástico digno de um verdadeiro malabarista, já custou
à nação uma fortuna, o arranjinho com os pilotos ameaça ser mais um
quebra-cabeças no valor de muitos milhões de euros. Os senhores querem, como se
sabe, ser accionistas da TAP, e ter um lugar na futura administração da
companhia privatizada; enfim, exigem o cumprimento integral do tal acordo
firmado com os socialistas em 1999. A primeira greve anunciada foi cancelada,
mas evidentemente provocou milhões de prejuízo à companhia. A segunda continua
de pé e continua por esclarecer quem é que no governo andará a negociar com os
pilotos um acordo abusivo assinado por um governo irresponsável que cedia a
tudo e a todos em nome de um diálogo absurdo e de um conjunto de políticas
criminosas que iniciaram a longa marcha de Portugal para a bancarrota. Espera-se sinceramente que o governo tenha o sentido de Estado necessário e
suficiente para pôr esta gente na ordem.
E por falar em desordem, está na
altura de alguém dizer aos sindicatos e aos sindicalistas que não mandam nas
empresas do Estado e que muito menos têm o direito de infernizar a vida dos
portugueses que lhes pagam os salários e as mordomias. Como é agora o caso dos
senhores maquinistas da CP, que decidiram marcar uma greve em cima do Natal
para evitar que a empresa pública ferroviária aplique sanções a quem violou a
lei em anteriores paralisações. A administração da empresa, mais que falida e
endividada, já veio a público ameaçar os senhores com o não pagamento de
salários. Evidentemente que ninguém acredita que uma empresa pública, com ou
sem dinheiro nos cofres, deixe de pagar aos seus funcionários. Essa desgraça só
pode obviamente cair sobre os trabalhadores do sector privado, com ou sem
greves. Neste horroroso mundo de injustiças e desigualdades entre os que
trabalham para o Estado e os que ganham a vida no privado, seria muito
pedagógico que a CP cumprisse a ameaça e não pagasse os salários aos senhores
que usam os sindicatos e a empresa como trampolins para as suas lutas
político-partidárias. É que há limites para tudo. Para a vida sindical, para a
concertação social e para a forma como uma minoria em Portugal tem total
imunidade para prejudicar seriamente a vida de milhões de portugueses.
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