João Bosco Leal
Recentemente fui procurado via
e-mail por uma carioca, que dizia pretender mudar-se para o Mato Grosso do Sul
e que uma de minhas leitoras havia me indicado para se informar sobre detalhes
locais. Após alguns e-mails pediu para ser adicionada em minha lista de Skype e
lá solicitou várias informações sobre o clima, custo de vida e do metro
quadrado construído, pois pretendia adquirir um imóvel em Campo Grande.
Alguns dias depois, como só
havia estado no Rio de Janeiro por duas vezes e agora lá estando para realmente
conhecê-lo, resolvi me comunicar com a mesma e pedir informações locais. Após
dois dias na cidade, fui convidado para, conduzido por ela, conhecer um Rio bem
mais completo do que o turista vê, e que convidaria sua amiga, leitora de meus
textos, que morava perto de sua casa, para um jantar quando nos apresentaria.
Como aparentemente era uma
pessoa educada e culta, que dizia haver sido casada com um ex-diretor da maior
rede de televisão do país e já havia citado diversos encontros com pessoas
desse meio, resolvi aceitar o convite e realmente fui maravilhosamente
ciceroneado pela cidade maravilhosa, conhecendo locais, praias e mirantes onde
pude admirar paisagens que provavelmente não são conhecidas pela maioria dos
turistas.
Depois saímos para jantar com
o casal em que a senhora frequentemente lia meus textos e fiquei muito
satisfeito, pois me identifiquei muito tanto com o marido quanto com sua
esposa. Tudo perfeito até que fui incumbido de na noite posterior providenciar
um churrasco para recepcionar aquele casal em sua casa.
Foi uma experiência péssima,
pois apesar da excelente companhia do casal e de uma de suas filhas, além do
filho da dona da casa, todos muito agradáveis, cultos e educados, a anfitriã
resolveu exagerar no vinho e logo estava totalmente inconveniente,
interrompendo a conversa de todos, elevando o som da música de modo que
atrapalhava qualquer conversa e apesar de várias solicitações feitas por todos,
mantinha o volume elevado.
Quando as visitas se foram e
seu filho também saiu para encontrar sua namorada, fiquei só com uma pessoa
totalmente alcoolizada, que passou a solicitar um tipo de companhia que eu
nunca pretendi e agora menos ainda, pois já enxergava a pessoa de outra forma e
detesto bebidas. Sentindo-se rejeitada com a negativa, esta iniciou um
verdadeiro ataque verbal sobre mim, o que me obrigou a ir embora imediatamente.
Saí da casa e me dirigi à portaria do condomínio fechado, para, com a ajuda do
porteiro, solicitar um táxi, porque não sabia sequer o nome da rua onde estava.
Já passando das vinte e três
horas, não havia porteiro naquele momento e só me restou voltar até a casa em
busca do controle remoto do portão e ligar para o casal que havia ido embora
para que me informassem o nome da rua e o número do condomínio para poder
chamar um táxi. Em menos de dez minutos o meu novo amigo já estava diante de
mim e me levou até sua casa, realmente bem próxima, mas em outro condomínio.
Mesmo estando todos
horrorizados com o péssimo nível da pessoa, que apesar dos diversos e luxuosos
ambientes que já havia frequentado e países para onde tinha viajado, não sabia
se comportar diante de visitas dentro da própria casa, passei a viver momentos
maravilhosos, com um casal realmente especial, que fez questão que lá dormisse,
para não ter de pegar um táxi na madrugada.
Na manhã seguinte soube de
minha leitora que só conhecia a bêbada de aulas de Yoga e que jamais imaginaria
um comportamento daqueles, mas resolvemos evitar o assunto e as diversas conversas
que tivemos durante aquele dia aumentou minha afinidade com o casal. Conheci
uma família de costumes lastreados na mesma educação, cultura e moral que eu, o
que me deixou extremamente feliz e compensou minha estadia no local.
Apesar dos riscos de nos depararmos com pessoas horríveis,
desequilibradas, durante a vida também podemos encontrar pessoas maravilhosas.
Título, Imagem e Texto: João Bosco Leal, jornalista, escritor e
produtor rural
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