M. F. A.
Estou aqui no balneário de S…,
uma praia pra lá de maravilhosa. Estou na minha simpática casinha de verão.
Ontem não fui à praia e como ia ficar em casa, minha mãe arrumou três “daminhas
de honra” para me fazer companhia... Passamos a tarde conversando sobre escola,
bonecas, desenhos animados e outras amenidades juvenis (falar de política e
desarranjos da aviação com elas era meio complicado, muito crianças pra isso
ainda). Relembrei minha infância, a forma como dava vazão à minha criatividade
fazendo roupas de bonecas, desenhos, estatuetas de barro tirado do jardim,
cuidando de bichinhos e outras atividades reservadas aos puros de coração.
Só não resisti em contar duas
ou três estórias sobre as minhas viagens quando eu era criança, na verdade,
três momentos em que eu perturbava os comissários ou vice-versa (crianças são
danadas e adoram aprontar, e eu não era diferente... ainda mais em um avião!) e
porque as meninas estavam rindo muito “encarnando” umas nas outras, aí me
lembrei de minhas danações, ainda mais que sempre ia a S… depois de viagens
aéreas, principalmente para Manaus.
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B-727, da Transbrasil, Aeroporto do Rio de Janeiro, novembro de 1984. Foto: Pedro Aragão |
1° caso: Eu estava subindo a
escada do 727 da Transbrasil já me desmontando de medo porque toda vez que ia
pra São Paulo a merda da turbulência já me esperava na chegada. Ao ver o
comissário na porta perguntei toda nervosa:
- Moço, esse avião vai pra São
Paulo?!
A biba devia estar atacada esse dia, olha só o que o sacana respondeu:
- NÃO, VAI PRA MIAMI!!
- ÉGUA! EU VOU DESCER ENTÃO!
TCHAU! LICENÇA! - E desci correndo, o pessoal já me alcançou do meio pro final
da escada!! (E olha que eu só tinha sete anos...)
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Boeing 767-200, foto: Robert M. Campbell |
2° caso: Estava num 767 da tua
pioneira indo pra Assunção (Paraguai) com escala em Foz do Iguaçu. Olha a idéia
de jegue que eu tive: “SURFAR” EM PÉ NO AVIÃO DURANTE OS PROCEDIMENTOS DE
DESCIDA, QUE TAL ???
Teu colega quase me bate!! Me pegou pelo braço e me jogou na poltrona de
volta, só escutei a voz dele dizendo “vai te sentar!”
Égua da biba revoltada! Lôca!!
(E aquela época eu, piradinha, não deixava o pessoal da Varig tocar em mim, aí
teu colega vem e me agarra logo! Valeu...) (Pior que essa história não acabou
aí, um dia te conto inteira. Essa é “a história” que um dia eu tenho que
contar...)
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Boeing 737, foto: Sérgio Gonçalves |
3° caso: A revanche: Em 1991, num vôo Rio-Belém a bordo dum 737 (o
pão com ovo da Varig), eu estava bem sossegada desenhando na minha mesinha da
poltrona, não ia zoar com ninguém naquele vôo, quando outro colega teu,
“atacadíssima” nesse dia (pra variar, porque comissários, principalmente os da
VARIG, nunca fica “atacadas” sabe??). Sentada, eu só ouvi a voz dele na galley
dizendo: “aproveita que eu tô calmo, hein??” “Aaaaaaaaah muleke… !!” Quando eu
ouvi aquilo eu disse: “É hoje!”
Taquei a imitar um peru dentro
do avião (em homenagem ao “Seu Peru”, personagem da escolinha do Professor
Raimundo, do nosso amado Chico Anísio)
- Glú-glú-glú-glú-glú-glú!!
O camarada saiu da galley e
deu umas três passagens no corredor olhando discretamente pros lados pra
calcular a posição do peruzinho insolente. E a peruazinha aqui só calada...
KKKKKKKKKKKKKK!!!!! Se ele me pegasse nem sei o que ia fazer comigo! E pior que
teve uma hora que acho que ele serviu minha fileira, nem lembro direito.
Égua do vôo…
Título e Texto: M. F. A., 01-01-2013
Edição: JP
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