sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

O pintam

João César das Neves
Há muitos anos que Portugal não começa um ano debaixo de tanto pessimismo. É consensual que o Governo está povoado por incompetentes, criminosos ou pior. A Economia aproxima-se do abismo ou já lá terá caído, conforme as opiniões. Não existem dúvidas que o Estado Social está defunto e aproxima-se o colapso, que devia ter acontecido em 2012, mas que foi adiado.
As previsões são tão más que dá vontade de hibernar doze meses e passar já a 2014. De facto, 2013 será um dos melhores anos dos últimos, precisamente por causa destas antevisões catastrofistas. Por muito mal que as coisas se passem, têm de ser muito melhores que as conjecturas. O sofrimento, que é sem dúvida terrível, parece ter deflagrado um campeonato de queixas, onde os participantes produzem cenários negros à desgarrada, procurando dizer ainda pior que o anterior.
Com o Orçamento para 2013 parece ter-se chegado aos limites, excitando os últimos dotes bombásticos dos comentadores. Já não se consegue dizer muito pior.  Em qualquer caso, é já evidente que a realidade, por mais que se esforce, nunca poderá conseguir atingir as profundezas antevistas. Pelo contrário, qualquer evolução menos má constituirá uma boa notícia.
O rating da República caiu tão baixo que já só pode subir. O investimento é tão pequeno que as evoluções recentes representam aumentos. Os pessimistas exageraram tanto que já só conseguem fazer com que a triste realidade brilhe em comparação. Estamos como a piada que garante que o pior de tudo é o «pintam», porque nem o diabo é tão mau como o pintam.
Título e Texto: João César das Neves, Destak, 04-01-2013

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