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Foto: Marcio Fernandes/Estadão |
Eliane Cantanhêde
Chega a ser patética a foto de
Lula no gabinete do prefeito de São Paulo, sentado entre Fernando Haddad e a
vice Nádia Campeão, dando ordens, mostrando quem é o chefe. Pobre Haddad.
Não satisfeito em impor seus
candidatos à Presidência e à Prefeitura de São Paulo, não satisfeito com as
duas vitórias espetaculares e não satisfeito com a percepção geral sobre quem
manda e quem obedece, Lula quer mais: quer oficializar publicamente a tutela
dos pupilos.
Chegou de férias num dia,
assumiu a prefeitura no dia seguinte e já determinou que a prioridade é conter
as enchentes e as chacinas na capital. Os efeitos no marketing e na
popularidade são muito danosos...
Reduzido a pau-mandado, Haddad
não vai poder reclamar quando os secretários despacharem diretamente com Lula,
assim como os ministros de Dilma fazem fila na porta dele quando realmente
importa.
Lula tenta se apossar, na
prática, do mandato da sucessora, que sofre críticas (pibinho, inflação, temor
de racionamento e maquiagem de números oficiais). Ela reage. Convocou
pesos-pesados da indústria, reduziu tarifas de luz, baixou juros de moradia para
a classe média alta e negociou o adiamento do reajuste de ônibus em São Paulo e
no Rio.
No final, vai a Lula,
provavelmente no dia 25, próxima sexta-feira, prestar contas e aprender melhor
que, entre o que é necessário e a popularidade, cuide-se da popularidade...
Com Haddad e Dilma instruídos
e sob controle, Lula estará livre para retomar as "Caravanas da
Cidadania", tão importantes para sua vitória em 2002. Vai de região a
região reaquecer a adoração popular por ele.
Além de buscar uma cara
promissora e com credibilidade para depois tutelar no governo de São Paulo – uma
nova Dilma, um novo Haddad –, tanta mobilização sugere que é cedo para
descartar Lula em 2014.
Ele fala em destravar a
economia, o governo e a Dilma, mas o problema dela é o oposto: travar o Lula.
Título e Texto: Eliane Cantanhêde, Folha de São Paulo, 18-01-2013
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